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FIM DA SIESTA
Mistura entre vida e religião no colorido dia-a-dia mexicano celebra união entre o Velho e o Novo Mundo
Igrejas deixam as culpas do lado de fora
no México
Flores, muitas flores. Entrar em
qualquer das milhares de igrejas
no México dá a sensação de que a
vida se transmutou num espaço e
tempo dedicados aos deuses.
A sobriedade e a quase culpa que
sentimos nas velhas igrejas da Europa não existem nas mexicanas.
No México, arregalamos os
olhos e um quase sorriso aparece
quando cruzamos a porta que separa a rua dos altares.
No primeiro olhar, é difícil distinguir todos os detalhes, as roupas coloridas das imagens, as milhares de velas das centenas de flores frescas, trocadas diariamente.
Aqui, a vida se mistura à religião
e é quase alegre. A Igreja Católica
domina a vida espiritual, mas a
magia dos rituais, das danças sagradas e sacrifícios, o cheiro de incenso e o canto das orações, entoadas nas 50 línguas indígenas existentes, não deixa dúvidas sobre
onde estamos.
Um caleidoscópio de costumes e
imagens católicas celebra a união
do Novo e do Velho Mundo na religião mexicana.
O vilarejo de San Juan Chamula,
nas montanhas, está a 20 minutos
de San Cristóbal de las Casas
(Chiapas), e é centro de uma prática religiosa peculiar.
Os índios chamulas acreditam
que a fotografia pode roubar sua
alma e, na igreja, existem placas:
"É proibido fotografar, sob pena
de ser preso".
Diante do olhar pouco amistoso
de um índio armado à porta, entramos num mundo quase surreal.
No interior, não há bancos, e o
chão é coberto por folhas. As paredes têm imagens com espelhos que
refletem o deus Sol -os chamulas
crêem que Cristo levantou da cruz
para se transformar no Sol.
Os fiéis trazem galinhas e garrafas de Pepsi, adoradas como deuses. Esfregam a galinha nas pessoas
e tomam a Pepsi. Crêem que o gás
da Pepsi ajuda a expelir maus espíritos. Já a galinha é sacrificada em
silêncio.
(ADRIANA ZEHBRAUSKAS)
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