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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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Cliente rebelde é "osso duro de roer"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Latidos e miados pelo hotel podem agradar aos hóspedes, mas também causam muita dor de cabeça às camareiras e aos gerentes. "O problema não é o animal, é o seu dono, que insiste em não respeitar as regras", diz Airton Natalini, gerente do hotel Villa di Capri (www.redehoteis.com.br), em Ubatuba (SP). O local aceitou, por dois anos, que cachorros e gatos ficassem nos quartos, mas a experiência não teve um final feliz.
Alguns donos levavam seus pets para tomar café no restaurante ou insistiam para que os bichinhos dormissem nas camas -não raro, as camareiras achavam pêlo nos lençóis. "Um casal chegou a pedir uma cama extra, não para o cachorrinho, mas para o marido. A mulher dormiria com o animal na cama maior", conta Natalini.
Em abril, durante o feriado da Semana Santa, o hotel recebeu cinco cães de uma só vez. Com tanto latido, foi difícil controlar a cachorrada e os donos.
"Um hóspede foi ao restaurante com o cão. O outro o viu e achou que tinha o direito de fazer a mesma coisa. De repente, o salão de café virou um salão de cachorrinhos. A partir daí, decidimos suspender o serviço."
Em outro hotel da mesma rede, a pousada das Canoas, em Parati (RJ), a confusão também foi grande: uma hóspede pulou com seus dois cachorros na piscina.
"Achamos que ia ser um atrativo, mas não previmos a dor de cabeça. No final, acabamos perdendo hóspedes que não gostam de animais", diz o gerente.
Usar roupas de cama do hotel para cobrir os bichinhos, fazer da gaveta do guarda-roupa a cama para o gato e "diminuir" o tamanho do cão ao efetuar a reserva, são outras "rebeldias" cometidas.
Mesmo os locais que possuem canis enfrentam contratempos pela insubordinação dos clientes. No hotel Villa do Mar (www.villadomar.com.br), em Camboriú, há um abrigo para cães no último andar do prédio. Não é permitido ficar com os animais no quarto, mas há donos que levam os bichos para passear e se "esquecem" de levá-los de volta ao canil.
Para fazer da estada um período de descanso -e não de guerra-, é preciso ter jogo de cintura, tanto o hotel quanto os donos. "No primeiro dia, o cachorro pode estranhar o novo ambiente e latir exageradamente, se ficar sozinho. Por isso, sempre pedimos para o cliente deixar o celular", diz Armando Rodrigues Filho, gerente do hotel Amoeiras (www.amoreiras.com.br), em São Sebastião, a 214 km de São Paulo.
Segundo Paulo Henrique Bergqvist, advogado da Abih (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira) do Rio de Janeiro, nenhum hotel é obrigado a aceitar a presença de animais, mas, caso permita, deve informar isso aos clientes, tanto os com quanto os sem totós e bichanos. (JD)


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