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BOLÍVIA
Restauro de templo de arquitetura colonial de 250 anos fica pronto em 2007
Igreja em Chiquitos quer retomar glória jesuítica
DA ASSOCIATED PRESS
Nessa remota cidade no leste na
Bolívia, um monumento improvável desponta sobre casas simples com telhados vermelhos
-único sobrevivente de um passado glorioso.
Pouco mudou por ali desde que
o templo de San Jose de Chiquitos
foi construído há 250 anos. Quente, silencioso e sem a maioria dos
mais modernos itens de conveniência da vida moderna, o vilarejo parece perdido no tempo, no final do mundo. Mas especialistas e
arquitetos estão trabalhando para
trazer de volta a glória desse templo, embora isso esteja acontecendo a passos lentos.
Com uma fachada marrom coberta de pedra e os três andares da
torre vistos de um horizonte plano, o monumento situa-se numa
bela praça, como uma jóia não
descoberta, à espera dos amantes
da arte colonial e dos exploradores de tesouros arquitetônicos.
Também o tempo, a negligência
e o vandalismo tiveram uma forte
participação no que a igreja é hoje: portas, paredes, arcos, pinturas, estátuas, altares -tudo clama
por cuidado.
A equipe de restauração, fundada pelos governos local e federal,
espera finalizar o trabalho em alguns anos. "O altar principal deve
estar pronto em mais alguns meses. O restante, talvez até 2007",
disse o arquiteto responsável
Marcelo Vargas. Esse será um
tempo recorde para uma restauração que se arrastou por 20 anos.
A Unesco declarou Chiquitos e
outros seis templos como patrimônio cultural, o que permitiria
que o vilarejo recebesse ajuda governamental e de instituições financeiras -mas a equipe de restauro obteve neste ano US$ 15 mil,
sobra de uma contribuição feita
por uma agência do Estado.
A igreja é uma das 33 missões jesuíticas construídas para proteger
os índios. Especialistas dizem que
as missões foram as primeiras colônias "industriais" no Novo
Mundo. Os jesuítas ensinaram os
índios guarani a fazer esculturas
em madeira e a tocar instrumentos musicais. As vilas cresceram
como centros de cultura e das artes no hemisfério.
"Eles conduziram à uma revolução antropológica da Idade da
Pedra ao zênite do conhecimento
humano naquela época", disse
Elio Montenegro Banegas, professor do Centro de Geografia e História. "Chiquitos foi também a
única missão com paredes externas erguidas em pedra. Em 75
anos, em 1767, os jesuítas construíram o que é Chiquitos hoje."
Essa é uma das últimas missões.
Muitas desapareceram junto dos
grupos guaranis que sucumbiram
à invasão dos colonizadores após
a partida dos jesuítas. O templo de
Chiquitos sobreviveu graças aos
nativos. Os chiquitanos, como são
chamados os moradores, não deixaram que a igreja passasse por
maiores mudanças. Até hoje, eles
consideram-no como um símbolo do seu passado.
"Geração após geração, eles foram alertados sobre as mudanças
na aparência da igreja. Padres
queriam mudá-la e até reconstruí-la. Mas a população sempre
foi contra. Chiquitanos a mantiveram do melhor jeito possível. Se
algo quebrava ou apodrecia, eles
retiravam a peça e colocavam
uma nova, todas da mesma árvore", diz Vargas.
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