São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BOLÍVIA

Restauro de templo de arquitetura colonial de 250 anos fica pronto em 2007

Igreja em Chiquitos quer retomar glória jesuítica

DA ASSOCIATED PRESS

Nessa remota cidade no leste na Bolívia, um monumento improvável desponta sobre casas simples com telhados vermelhos -único sobrevivente de um passado glorioso.
Pouco mudou por ali desde que o templo de San Jose de Chiquitos foi construído há 250 anos. Quente, silencioso e sem a maioria dos mais modernos itens de conveniência da vida moderna, o vilarejo parece perdido no tempo, no final do mundo. Mas especialistas e arquitetos estão trabalhando para trazer de volta a glória desse templo, embora isso esteja acontecendo a passos lentos.
Com uma fachada marrom coberta de pedra e os três andares da torre vistos de um horizonte plano, o monumento situa-se numa bela praça, como uma jóia não descoberta, à espera dos amantes da arte colonial e dos exploradores de tesouros arquitetônicos.
Também o tempo, a negligência e o vandalismo tiveram uma forte participação no que a igreja é hoje: portas, paredes, arcos, pinturas, estátuas, altares -tudo clama por cuidado.
A equipe de restauração, fundada pelos governos local e federal, espera finalizar o trabalho em alguns anos. "O altar principal deve estar pronto em mais alguns meses. O restante, talvez até 2007", disse o arquiteto responsável Marcelo Vargas. Esse será um tempo recorde para uma restauração que se arrastou por 20 anos.
A Unesco declarou Chiquitos e outros seis templos como patrimônio cultural, o que permitiria que o vilarejo recebesse ajuda governamental e de instituições financeiras -mas a equipe de restauro obteve neste ano US$ 15 mil, sobra de uma contribuição feita por uma agência do Estado.
A igreja é uma das 33 missões jesuíticas construídas para proteger os índios. Especialistas dizem que as missões foram as primeiras colônias "industriais" no Novo Mundo. Os jesuítas ensinaram os índios guarani a fazer esculturas em madeira e a tocar instrumentos musicais. As vilas cresceram como centros de cultura e das artes no hemisfério.
"Eles conduziram à uma revolução antropológica da Idade da Pedra ao zênite do conhecimento humano naquela época", disse Elio Montenegro Banegas, professor do Centro de Geografia e História. "Chiquitos foi também a única missão com paredes externas erguidas em pedra. Em 75 anos, em 1767, os jesuítas construíram o que é Chiquitos hoje."
Essa é uma das últimas missões. Muitas desapareceram junto dos grupos guaranis que sucumbiram à invasão dos colonizadores após a partida dos jesuítas. O templo de Chiquitos sobreviveu graças aos nativos. Os chiquitanos, como são chamados os moradores, não deixaram que a igreja passasse por maiores mudanças. Até hoje, eles consideram-no como um símbolo do seu passado.
"Geração após geração, eles foram alertados sobre as mudanças na aparência da igreja. Padres queriam mudá-la e até reconstruí-la. Mas a população sempre foi contra. Chiquitanos a mantiveram do melhor jeito possível. Se algo quebrava ou apodrecia, eles retiravam a peça e colocavam uma nova, todas da mesma árvore", diz Vargas.


Texto Anterior: Rússia: Teatro Bolshoi fecha para reforma de US$ 700 mi
Próximo Texto: EUA: Fã de Superman expõe coleção em Metropolis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.