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SEM EXCESSO DE PESO
Falta de cafeína pode dar dor de cabeça
Garçons sabem tudo sobre os hóspedes
do enviado especial a Gramado
Minha primeira noite de sono no
Kur Gramado terminou de madrugada com uma estranha dor de cabeça. Bem que no dia anterior, durante a consulta médica de recepção, fui alertado que isso poderia
acontecer pela retirada total da cafeína. As pessoas a consomem por
meio de cafezinhos e refrigerantes.
E lá não havia nada disso.
"De que adianta não estar com a
preocupação do dia-a-dia para ficar com dor de cabeça?", pensei.
Mas descobri que lá as pessoas
substituem as preocupações por
novas ocupações. Quem pensa que
vai deixar números e contas de lado, engana-se: as pessoas começam a contabilizar quilos, percentuais de gordura corporal, quantidade de calorias por tipo de alimento. Ninguém é obrigado a
aprender isso tudo, mas as pessoas
acabam aprendendo. E numa boa.
Após uma ida à enfermaria para
verificar a pressão arterial ainda
em jejum -essa é uma atividade
diária obrigatória-, fui submetido à verificação da quantidade corporal de água, gordura e massa
magra (ossos, músculos e vísceras). É nessa hora que os hóspedes
ficam sabendo quanto devem
emagrecer. Deitado em uma cama,
com um eletrodo conectado a uma
mão e a uma perna, mal tive tempo
de perguntar o que estava acontecendo quando veio a resposta de
que o teste já estava feito: 34,7% de
gordura. (O normal para homens
adultos é 18%.)
Finalmente, o café da manhã.
Duas fatias de pão de centeio, geléia, uma fatiazinha de queijo
branco e um copinho de suco de laranja. E a explicação do garçom:
era a refeição matinal para uma
dieta de 1.200 calorias, estabelecida
no dia anterior durante a entrevista com a nutricionista. "Será que
vou aguentar?", pensei, lembrando
do meu metabolismo basal (leia
texto na pág. 8-19), que era de
2.700 calorias diárias.
Recém-chegado à mesa, um dos
hóspedes comenta: "Que mamata,
ele está com 1.200 calorias!". "Como é que você sabe?", perguntei. E
todos naquela mesa responderam
com naturalidade: "Basta olhar para seu café da manhã". Ali, as pessoas realmente aprendem, pouco a
pouco, a avaliar aproximadamente
a quantidade dos alimentos.
A maior parte dos hóspedes fica
com uma dieta de 800 calorias diárias. Os mais obesos, cujo organismo geralmente necessita de mais
energia, ficam com até 1.500 calorias. Os que não estão lá para emagrecer -fazendo terapia antiestresse ou até contra a anorexia (falta de apetite) nervosa- ficam na
faixa das 2.000 calorias diárias ou
são até liberados para mais que isso. E no fim todos se acostumam a
comer vendo outras pessoas de diferentes níveis calóricos de dieta.
"Não dá para enganar esses garçons e faturar uns bocados a
mais?", perguntei. "Esqueça!", disse um dos hóspedes. "Todos os
funcionários já estão sabendo de
cor o seu nome, o número de seu
quarto, o tipo de chá que você tem
de tomar e quais os cuidados específicos com sua saúde."
Depois do café, foi a vez da "unterwassermassage", uma sessão de
20 minutos de hidromassagem em
uma banheira especial, com vários
jatos laterais e sincronizados e
água ligeiramente quente, em uma
solução de ervas de efeito relaxante. Não há como não relaxar. A
maior parte dos hóspedes faz uma
sessão dessas diariamente.
Em seguida, mais uma consulta,
desta vez com a fisioterapeuta, que
rapidamente detectou a dor que vinha há vários dias me atrapalhando a caminhar e a traduziu em um
diagnóstico: "É só uma lombalgia.
Tu vais, no começo, caminhar só
na piscina para proteger a coluna".
Mas antes de ir para a piscina, foi
a vez do lanche da manhã. Um suquinho de frutas e meio kiwi. E lá
se fora minha dor de cabeça!
(MT)
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