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SEM EXCESSO DE PESO
Spa revela nova maneira de encontrar o bem-estar, preservando hábitos saudáveis após o tratamento
Repórter compra chocolate para cheirar
do enviado especial a Gramado
Após um dia de massagens, piscina, sauna, hidroginástica e pequenas refeições intercaladas de
três em três horas, havia chegado a
hora do jantar.
Havia um lugar vago em uma das
mesas. Todos os outros quatro
ocupantes eram homens. E estavam todos olhando, sem disfarçar,
para uma garota muito bonita, que
estava em outra mesa. Antes que
eu tivesse tempo de dizer que eles
estavam explícitos demais, um deles foi logo falando: "Olha só o sorvete que ela está tomando!".
A garota não era uma hóspede.
Estava acompanhando sua mãe e,
por isso, estava com a alimentação
liberada (dentro dos moldes do
Kur Gramado, é claro: alimentos
com nada de aditivos ou conservantes ou com o mínimo possível
deles). Não era a sua beleza, mas
sim o seu sorvete o que chamava a
atenção do "clube do bolinha" daquela mesa.
Esse primeiro dia completo no
Kur foi uma amostra do que seriam e foram os outros 14 que se
seguiram, cada um com uma agenda repleta de atividades voltadas
para mim mesmo. Todos os momentos são aproveitados para atividades físicas (hidroginástica, caminhadas, alongamento muscular, musculação, natação, etc.), fisioterapias ("unterwassermassage", sauna, massagens, reeducação
postural global, pedilúvios e aplicações de calor com fango, uma
placa de lama negra endurecida e
aquecida), acompanhamento psicológico e palestras de orientação
com profissionais de educação física, medicina, nutrição, psicologia e fisioterapia.
As pessoas começam dia após
dia a se sentir melhor, com mais
disposição para os exercícios.
Aquilo que todos sabem na teoria
-que a alimentação correta e a
atividade física adequada melhoram a condição física- passa a ser
vivenciado. Vários hóspedes passam a fumar menos. Alguns, em
menor número, deixam de fumar.
Em outras palavras, as pessoas são
levadas a se sentirem bem e acabam se esforçando com mais facilidade para que tudo dê certo.
Os hóspedes são estimulados a
sair para passeios coletivos. As saídas individuais são liberadas durante o período de hospedagem.
As pessoas podem mudar sua programação e sair. Mas é muito raro
elas fugirem da dieta.
Em minha primeira saída, logo
no terceiro dia, para ir a uma banca
de jornais, resisti bravamente ao
cheiro de churrasco que saía de um
restaurante. Comprei chocolates
para trazer para São Paulo e os deixei no quarto do hotel. E não comi
nenhum pedaço. (Mas desembrulhei um para cheirá-lo.)
Minha única fuga da dieta aconteceu no penúltimo dia e foi programada com uma das nutricionistas: eu e um outro hóspede saímos para degustar e comprar vinhos. Nenhum de nós tomou mais
que o equivalente a um cálice
cheio.
Os progressos de cada um dos
hóspedes pareciam contaminar os
demais. Em vez de ressaltar suas
performances com a perda de peso, as pessoas enfatizavam mais
seus resultados com outros aspectos da saúde: melhora do sono,
maior rendimento nos exercícios
físicos, diminuição da vontade de
fumar.
Já no quinto dia minha dor nas
costas havia desaparecido. E comecei a caminhar diariamente pelo menos 4 km sem interrupção.
Dia após dia sentia cada vez mais
necessidade de caminhar. O bem-estar parecia cada vez mais indissociável da atividade física e do tipo de alimentação.
Ao retornar a São Paulo, não
houve como deixar de dar sequência ao processo de cuidar melhor
de mim mesmo. O dia-a-dia muitas vezes tem sabotado isso. Mas
agora parece que é diferente, tanto
para mim como para outros que lá
estiveram. Ninguém mantém o rigor dos dias de hospedagem.
Alguns -certamente uma minoria-, com mais disciplina do
que outros. Mas quase todos mantêm a perspectiva de mudar de vida. O ceticismo, que nada mais era
que a perda da esperança, acaba
dando lugar para a decisão de viver
melhor.
(MAURÍCIO TUFFANI)
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