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MAR À VISTA
Roupas informais predominam no navio, onde, entre uma atividade e outra, comer é o verbo mais conjugado
Despojamento no traje substitui glamour
MARISTELA DO VALLE
ENVIADA ESPECIAL À COSTA BRASILEIRA
Aquele glamour excessivo idealizado pelos brasileiros que, ao
pensar num cruzeiro marítimo, se
baseiam no filme "Titanic" ou
mesmo nas viagens de 15 ou 20
anos atrás não existe mais. O traje
do dia-a-dia é short, maiô e camiseta durante o dia e, à noite, no
máximo um vestidinho básico
para as mulheres e um blazer para
os homens.
O esquema só não vale para a
noite do comandante, quando,
nos cruzeiros de mais de cinco
dias, recomenda-se que os homens usem terno e gravata. E,
mesmo assim, o traje não é obrigatório, de acordo com Renê Herman, diretor-geral da Costa Cruzeiros. "Os europeus e os norte-americanos costumam pôr smoking na mala quando viajam de
navio, mas aqui no Brasil a coisa é
diferente", afirma ele.
Além da crença de que é preciso
ter roupas muito caras para viajar
de navio, outro medo que repele
os turistas dessas viagens é o de
que esses passeios são programas
de "velhos".
Outro motivo infundado. O público dos transatlânticos que circulam pelo Brasil vai de famílias e
casais em lua-de-mel a solteiros
"à caça" e adolescentes. No Costa
Marina, as crianças têm sala especial e monitores para entretê-las.
E os pré-adolescentes experimentam uma liberdade jamais
conhecida no seu dia-a-dia entre a
escola e o apartamento, já que podem circular livres dos olhares
preocupados dos pais. É, às vezes,
a primeira oportunidade de ficar
na discoteca até as 4h e depois
acordar quando quiser para tomar sol na piscina, paquerar ou
participar das inúmeras atividades diárias, cuja programação
chega à cabine todos os dias.
Atividades, aliás, não faltam.
Gincanas, cassino, piscina, jacuzzis, fitness center, sauna, aulas de
dança e de ginástica e até uma biblioteca estão entre as opções do
Costa Marina (leia sobre entretenimento noturno na pág. G5).
Reclamações sobre escassez de
programas só surgem quando o
navio está no porto -e o passageiro não quer descer- ou quando o mau tempo impede as atividades planejadas para serem feitas a céu aberto.
Orgia gastronômica
Mas o principal verbo conjugado no navio é comer. A orgia gastronômica começa no café da manhã, cujas omeletes podem ser recheadas a gosto do cliente. Os
pães do transatlântico não são
crocantes, mas, segundo os tripulantes, são o melhor remédio contra enjôos e só perdem a eficácia
quando o navio balança demais.
Entre o desjejum e o almoço, o
passageiro pode saborear croissants no Harry's Bar. Após o lanche da tarde, vem a melhor parte,
que não vale a pena ser pulada: o
jantar, onde há entrada, "primo
piatto" (primeiro prato, que pode
ser uma massa ou um risoto), o
prato principal e a sobremesa.
À meia-noite, ainda há uma
ceia. Em uma das noites do cruzeiro do Costa Marina, ela costuma ter esculturas de comida, que
transformam frangos em músicos
e mousses em bichos.
Toda essa comilança está inclusa na passagem, com exceção das
bebidas, que devem ser pagas à
parte. E bem pagas. Uma latinha
de cerveja Brahma, por exemplo,
sai por pouco menos de US$ 2, e a
garrafa de vinho mais barata custa cerca de US$ 15. O gasto dentro
do navio é o que mais pode pesar
no orçamento do passageiro.
Uma simples camiseta pode custar US$ 70 e a foto mais barata sai
por US$ 8.
Fora a gorjeta recomendada ao
final da viagem. Ela não é obrigatória, mas, segundo o costume internacional, cada passageiro desembolsa US$ 6 por dia nesse
quesito (US$ 3 para o garçom,
US$ 2 para o camareiro e US$ 1
para o maître). Quem quer dar
menos não precisa ter vergonha,
pois o próprio navio fornece envelopes para as notas, e o funcionário não costuma abri-lo na
frente do passageiro.
Maristela do Valle viajou no Costa Marina a convite da Agaxtur.
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