São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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MAR À VISTA
Roupas informais predominam no navio, onde, entre uma atividade e outra, comer é o verbo mais conjugado
Despojamento no traje substitui glamour

MARISTELA DO VALLE
ENVIADA ESPECIAL À COSTA BRASILEIRA

Aquele glamour excessivo idealizado pelos brasileiros que, ao pensar num cruzeiro marítimo, se baseiam no filme "Titanic" ou mesmo nas viagens de 15 ou 20 anos atrás não existe mais. O traje do dia-a-dia é short, maiô e camiseta durante o dia e, à noite, no máximo um vestidinho básico para as mulheres e um blazer para os homens.
O esquema só não vale para a noite do comandante, quando, nos cruzeiros de mais de cinco dias, recomenda-se que os homens usem terno e gravata. E, mesmo assim, o traje não é obrigatório, de acordo com Renê Herman, diretor-geral da Costa Cruzeiros. "Os europeus e os norte-americanos costumam pôr smoking na mala quando viajam de navio, mas aqui no Brasil a coisa é diferente", afirma ele.
Além da crença de que é preciso ter roupas muito caras para viajar de navio, outro medo que repele os turistas dessas viagens é o de que esses passeios são programas de "velhos".
Outro motivo infundado. O público dos transatlânticos que circulam pelo Brasil vai de famílias e casais em lua-de-mel a solteiros "à caça" e adolescentes. No Costa Marina, as crianças têm sala especial e monitores para entretê-las.
E os pré-adolescentes experimentam uma liberdade jamais conhecida no seu dia-a-dia entre a escola e o apartamento, já que podem circular livres dos olhares preocupados dos pais. É, às vezes, a primeira oportunidade de ficar na discoteca até as 4h e depois acordar quando quiser para tomar sol na piscina, paquerar ou participar das inúmeras atividades diárias, cuja programação chega à cabine todos os dias.
Atividades, aliás, não faltam. Gincanas, cassino, piscina, jacuzzis, fitness center, sauna, aulas de dança e de ginástica e até uma biblioteca estão entre as opções do Costa Marina (leia sobre entretenimento noturno na pág. G5).
Reclamações sobre escassez de programas só surgem quando o navio está no porto -e o passageiro não quer descer- ou quando o mau tempo impede as atividades planejadas para serem feitas a céu aberto.

Orgia gastronômica
Mas o principal verbo conjugado no navio é comer. A orgia gastronômica começa no café da manhã, cujas omeletes podem ser recheadas a gosto do cliente. Os pães do transatlântico não são crocantes, mas, segundo os tripulantes, são o melhor remédio contra enjôos e só perdem a eficácia quando o navio balança demais.
Entre o desjejum e o almoço, o passageiro pode saborear croissants no Harry's Bar. Após o lanche da tarde, vem a melhor parte, que não vale a pena ser pulada: o jantar, onde há entrada, "primo piatto" (primeiro prato, que pode ser uma massa ou um risoto), o prato principal e a sobremesa.
À meia-noite, ainda há uma ceia. Em uma das noites do cruzeiro do Costa Marina, ela costuma ter esculturas de comida, que transformam frangos em músicos e mousses em bichos.
Toda essa comilança está inclusa na passagem, com exceção das bebidas, que devem ser pagas à parte. E bem pagas. Uma latinha de cerveja Brahma, por exemplo, sai por pouco menos de US$ 2, e a garrafa de vinho mais barata custa cerca de US$ 15. O gasto dentro do navio é o que mais pode pesar no orçamento do passageiro. Uma simples camiseta pode custar US$ 70 e a foto mais barata sai por US$ 8.
Fora a gorjeta recomendada ao final da viagem. Ela não é obrigatória, mas, segundo o costume internacional, cada passageiro desembolsa US$ 6 por dia nesse quesito (US$ 3 para o garçom, US$ 2 para o camareiro e US$ 1 para o maître). Quem quer dar menos não precisa ter vergonha, pois o próprio navio fornece envelopes para as notas, e o funcionário não costuma abri-lo na frente do passageiro.


Maristela do Valle viajou no Costa Marina a convite da Agaxtur.


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