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SEM GLOBALIZAÇÃO
De dezembro a março, chuvas trazem aves migratórias dos EUA, do Canadá e da América Central
Aproveite as cheias para ir ao Pantanal
CÁSSIO AOQUI
ENVIADO ESPECIAL A MIRANDA
Imagine não acordar de manhã
cedo com o barulho do despertador e das buzinas, e, sim, com o
som dos pássaros e das cigarras.
No lugar do congestionamento e
da poluição, encontrar o som do
berrante e o "engarrafamento" de
bois e, em vez de pessoas correndo por todos os lados, ver somente animais.
Ao desembarcar no aeroporto
de Campo Grande, porta de entrada para a região sul do Pantanal matogrossense, é possível sentir que a correria e o estresse realmente ficaram para trás. Uma
propaganda do McDonald's é o
único indício de metrópole que
pode assustar os mais desejosos
de isolamento. Mas os resquícios
da globalização param por aí.
Da capital à região de Miranda,
a 236 km de Campo Grande, a
paisagem se transforma ao atravessar os paredões da serra da Bodoquena em direção aos campos
alagados do Pantanal.
Para quem quer conhecer a fauna e a flora típicas da região pantaneira, esta é a melhor época do
ano, já que está começando o período das cheias.
Entre os meses de dezembro e
março, a chegada das chuvas traz
consigo aves migratórias dos Estados Unidos, do Canadá e da
América Central, como maçaricos, andorinhas e bem-te-vis, que,
ao lado dos pássaros típicos da região, como tuiuiús, araras-azuis,
colhereiros (que receberam esse
nome por possuir bico em forma
de colher), tucanos e cabeças-secas, podem muitas vezes ser vistos
em grandes revoadas, fazendo do
pôr-do-sol um espetáculo.
Além da imensa variedade de
aves, o Pantanal abriga ainda diversas espécies de mamíferos, como veados-mateiros, tamanduás,
antas, porcos selvagens e onças
(que, com um pouco de sorte, podem ser vistas a poucos metros de
distância), e peixes, entre os quais
se destacam piranhas, pintados,
pacus e dourados.
Mas são os jacarés, facilmente
encontrados à margem de rios e
baías, a grande atração da região.
Se, no início, a expectativa de avistar um jacaré é muito grande, é
bom saber que, em poucos dias,
os turistas ficarão enjoados de
tanto cruzar com esses répteis.
Novo patrimônio
Graças à diversidade da fauna e
da flora, em novembro de 2000, o
Pantanal recebeu o título de Reserva da Biosfera e depois foi reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura)
como Patrimônio Natural da Humanidade, passando a ser a terceira região brasileira a ter essa
denominação (as outras duas são
a Costa do Descobrimento, entre
a Bahia e o Espírito Santo, e as reservas florestais da mata atlântica,
entre São Paulo e o Paraná).
Essa transformação vai permitir, segundo a Unesco, que o Pantanal receba mais recursos para
pesquisas, estudos, preservação e
controle de turismo -o governo
tem previsão de investimentos
em torno de US$ 400 milhões até
2008- e já existem vários projetos dirigidos especificamente à
preservação e ao desenvolvimento sustentável da região.
Com essa medida, espera-se
também que diminuam as queimadas descontroladas e a caça indiscriminada de animais em extinção, duas das maiores ameaças
para o ecossistema regional.
Cássio Aoqui viajou a convite do Refúgio Ecológico Caiman e da TAM
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