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TRANSPORTE
Empresas "low cost" cobram até 50% a menos que as grandes e democratizam vôos
Passageiro troca ônibus por avião
MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
A cabeleireira piauiense Maria
dos Remédios, 30, sempre ia de
ônibus para Teresina (PI) visitar a
família. Nesta quinta, ela troca "as
48 horas de sofrimento" por um
vôo da Nacional, que dura três
horas. "Estou muito feliz por ir de
avião, mas morrendo de medo."
A mudança de meio de transporte só foi possível devido a um
novo conceito que começou a se
disseminar no Brasil: as empresas
aéreas "low cost" -com baixo
custo e tarifas menores.
Os bilhetes dessas companhias
custam até 50% menos que os das
grandes empresas -TAM, Varig,
Vasp e Transbrasil- e se tornam
interessantes se comparados aos
de ônibus leito e ao tempo levado
em viagens de longa distância.
Isso favorece quem nunca viajou de avião, aqueles que voam
raramente e o pequeno comerciante que paga os bilhetes com o
dinheiro do próprio bolso.
A Nacional, por exemplo, voa
para cinco capitais nordestinas e
Petrolina (PE) e facilita o pagamento dos bilhetes em até 12 vezes, com juros de 4% ao mês.
Além da Nacional, há também a
Fly Linhas Aéreas, a Via Brasil, a
Rotatur, do grupo Varig, e a Gol
Transportes Aéreos, a mais nova
delas, que começa a operar na
próxima segunda, dia 15.
Ela é comandada por Constantino de Oliveira Jr., 32, filho do
proprietário do maior congregado de companhias de transporte
rodoviário do país.
Com uma frota de seis aviões
Boeing-747/700, com capacidade
para 136 passageiros, a Gol voará
para sete capitais brasileiras.
O vôo Congonhas (SP)-Galeão
(RJ), por exemplo, com cinco frequências diárias, custará R$ 79
nos horários menos disputados e
R$ 99 nos de pico. A empresa voará também para Porto Alegre,
Florianópolis, Belo Horizonte,
Brasília e Salvador.
Já a Fly, a pioneira nessa filosofia no Brasil, vende bilhetes desde
97 e voa, hoje, para São Paulo, Rio,
Recife, Fortaleza e Natal.
Vôos não regulares
A Fly, a Via Brasil, a Nacional e a
Rotatur diferem da Gol por serem
consideradas empresas não regulares, podendo cancelar seus vôos
sem aviso prévio. "Cancelar vôo é
um tiro no pé da empresa", afirma Rogério Ottoni, 36, diretor de
assuntos corporativos da Fly. Ele
garante que a companhia nunca
cancelou um vôo.
A Rotatur, cujos preços oscilam
de acordo com a procura, só viaja
com pelo menos 70% dos assentos ocupados, e as reservas só são
garantidas mediante pagamento
à empresa que comercializa os bilhetes, a BRA.
As passagens são mais baratas,
segundo o diretor comercial Itaci
Sotero, 41, porque a empresa
aproveita a infra-estrutura e a
mão-de-obra ociosa da Varig, da
Rio Sul e da Nordeste.
Os vôos saem entre as 23h e as
5h, mas é possível viajar em outro
horário quando há ociosidade
nos aparelhos.
A redução dos custos é justificada por itens que variam entre as
companhias. Em geral, o serviço
de bordo é simples, com um lanche frio e canapés, e não há bebida
alcoólica. Mas a refeição modesta
não é sinônimo de falta de qualidade. "O serviço de bordo é decente", diz o vice-presidente da
Nacional, Jairo Izaul dos Santos.
Os lanches dessa empresa e o
serviço da Fly -que inclui refeições quentes para vôos com mais
de duas horas- são feitos pela
Sky Chef, mesma fornecedora da
TAM nos vôos para Miami e Paris
e nos que saem de Salvador, Recife e Santos Dumont.
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