São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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TRANSPORTE
Empresas "low cost" cobram até 50% a menos que as grandes e democratizam vôos
Passageiro troca ônibus por avião

MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

A cabeleireira piauiense Maria dos Remédios, 30, sempre ia de ônibus para Teresina (PI) visitar a família. Nesta quinta, ela troca "as 48 horas de sofrimento" por um vôo da Nacional, que dura três horas. "Estou muito feliz por ir de avião, mas morrendo de medo."
A mudança de meio de transporte só foi possível devido a um novo conceito que começou a se disseminar no Brasil: as empresas aéreas "low cost" -com baixo custo e tarifas menores.
Os bilhetes dessas companhias custam até 50% menos que os das grandes empresas -TAM, Varig, Vasp e Transbrasil- e se tornam interessantes se comparados aos de ônibus leito e ao tempo levado em viagens de longa distância.
Isso favorece quem nunca viajou de avião, aqueles que voam raramente e o pequeno comerciante que paga os bilhetes com o dinheiro do próprio bolso.
A Nacional, por exemplo, voa para cinco capitais nordestinas e Petrolina (PE) e facilita o pagamento dos bilhetes em até 12 vezes, com juros de 4% ao mês.
Além da Nacional, há também a Fly Linhas Aéreas, a Via Brasil, a Rotatur, do grupo Varig, e a Gol Transportes Aéreos, a mais nova delas, que começa a operar na próxima segunda, dia 15.
Ela é comandada por Constantino de Oliveira Jr., 32, filho do proprietário do maior congregado de companhias de transporte rodoviário do país.
Com uma frota de seis aviões Boeing-747/700, com capacidade para 136 passageiros, a Gol voará para sete capitais brasileiras.
O vôo Congonhas (SP)-Galeão (RJ), por exemplo, com cinco frequências diárias, custará R$ 79 nos horários menos disputados e R$ 99 nos de pico. A empresa voará também para Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.
Já a Fly, a pioneira nessa filosofia no Brasil, vende bilhetes desde 97 e voa, hoje, para São Paulo, Rio, Recife, Fortaleza e Natal.

Vôos não regulares
A Fly, a Via Brasil, a Nacional e a Rotatur diferem da Gol por serem consideradas empresas não regulares, podendo cancelar seus vôos sem aviso prévio. "Cancelar vôo é um tiro no pé da empresa", afirma Rogério Ottoni, 36, diretor de assuntos corporativos da Fly. Ele garante que a companhia nunca cancelou um vôo.
A Rotatur, cujos preços oscilam de acordo com a procura, só viaja com pelo menos 70% dos assentos ocupados, e as reservas só são garantidas mediante pagamento à empresa que comercializa os bilhetes, a BRA.
As passagens são mais baratas, segundo o diretor comercial Itaci Sotero, 41, porque a empresa aproveita a infra-estrutura e a mão-de-obra ociosa da Varig, da Rio Sul e da Nordeste.
Os vôos saem entre as 23h e as 5h, mas é possível viajar em outro horário quando há ociosidade nos aparelhos.
A redução dos custos é justificada por itens que variam entre as companhias. Em geral, o serviço de bordo é simples, com um lanche frio e canapés, e não há bebida alcoólica. Mas a refeição modesta não é sinônimo de falta de qualidade. "O serviço de bordo é decente", diz o vice-presidente da Nacional, Jairo Izaul dos Santos.
Os lanches dessa empresa e o serviço da Fly -que inclui refeições quentes para vôos com mais de duas horas- são feitos pela Sky Chef, mesma fornecedora da TAM nos vôos para Miami e Paris e nos que saem de Salvador, Recife e Santos Dumont.


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