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velho chico hoje
Passageiro é recebido com festa em cidades às margens do rio
A bordo, calmaria convida a contemplar, ler e jogar cartas ou conversa fora
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM MINAS GERAIS
O roteiro desse passeio por
210 km dos 2.800 km do rio São
Francisco começa ainda em
terra firme, no traslado entre
Belo Horizonte e Pirapora.
A chegada a Pirapora é no final da tarde, e o viajante tem
até a manhã seguinte para conhecer a cidade.
Pólo industrial de 52 mil habitantes, Pirapora se destaca
pelo artesanato, especialmente
as carrancas.
As peças têm a função de afastar os caboclos d'água -personagens folclóricos que seguram
os barcos e atrapalham a pesca.
Depois de conhecer as carrancas, vale a pena continuar o
tour pelo artesanato local. A
próxima parada é o Instituto de
Promoção Cultural Antônia
Diniz Dumont (rua Piauí, 110).
Criado por bordadeiras de uma
só família, o instituto promove
oficinas de bordados, marchetaria e tecelagem e leva o nome
da matriarca conhecida pelo
bordado. Antônia e seus filhos
trabalham juntos cada peça.
Os Dumont ficaram conhecidos quando seus trabalhos foram usados para ilustrar livros
de Jorge Amado e Ziraldo e o
último CD de Maria Betânia.
Pelo leito do rio
Uma vez embarcado, o destino é São Romão. O percurso
atual, de 210 km, é menor que a
viagem realizada no passado,
quando o Benjamim navegava
os 1.015 km do trecho conhecido como Médio São Francisco,
que vai de Pirapora a Petrolina.
A viagem durava quatro dias,
ao longo dos quais os passageiros ficavam deitados nas redes,
vendo a paisagem passar e o vapor ser abastecido de lenha, encalhar em bancos de areia e ser
desencalhado em seguida.
Hoje, o barco não encalha
mais e a paisagem continua impressionante (ao menos no trecho entre Pirapora e São Romão), os serviços oferecidos
aos passageiros mudaram para
melhor, e a velocidade, bom, ela
continua a mesma.
Navegando a 17 km/h, é obrigatório relaxar. Nos três deques
do barco, os passageiros passam a maior parte do tempo entre o restaurante, o bar e as
duas salas de estar. Deitado ou
sentado em sofás, espreguiçadeiras, redes e cadeiras, as opções de atividades são ler, dormir e jogar cartas ou conversa
fora com outros passageiros.
A calma rotina da viagem só é
quebrada pela festas de boas-vindas preparadas para os passageiros e a tripulação do Benjamim nas pequenas cidades
em que o barco aporta.
Os municípios surgiram às
margens do São Francisco em
função da navegação e sofrem
com a estagnação desde que os
vapores pararam de funcionar.
Ver a chegada do barco é um
evento para a população local.
Em cada parada, os passageiros
são recebidos com fogos, música e dança. A festa reforça a fama de acolhedor do mineiro.
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