São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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velho chico hoje

Passageiro é recebido com festa em cidades às margens do rio

A bordo, calmaria convida a contemplar, ler e jogar cartas ou conversa fora

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MINAS GERAIS

O roteiro desse passeio por 210 km dos 2.800 km do rio São Francisco começa ainda em terra firme, no traslado entre Belo Horizonte e Pirapora.
A chegada a Pirapora é no final da tarde, e o viajante tem até a manhã seguinte para conhecer a cidade.
Pólo industrial de 52 mil habitantes, Pirapora se destaca pelo artesanato, especialmente as carrancas. As peças têm a função de afastar os caboclos d'água -personagens folclóricos que seguram os barcos e atrapalham a pesca.
Depois de conhecer as carrancas, vale a pena continuar o tour pelo artesanato local. A próxima parada é o Instituto de Promoção Cultural Antônia Diniz Dumont (rua Piauí, 110). Criado por bordadeiras de uma só família, o instituto promove oficinas de bordados, marchetaria e tecelagem e leva o nome da matriarca conhecida pelo bordado. Antônia e seus filhos trabalham juntos cada peça.
Os Dumont ficaram conhecidos quando seus trabalhos foram usados para ilustrar livros de Jorge Amado e Ziraldo e o último CD de Maria Betânia.

Pelo leito do rio
Uma vez embarcado, o destino é São Romão. O percurso atual, de 210 km, é menor que a viagem realizada no passado, quando o Benjamim navegava os 1.015 km do trecho conhecido como Médio São Francisco, que vai de Pirapora a Petrolina.
A viagem durava quatro dias, ao longo dos quais os passageiros ficavam deitados nas redes, vendo a paisagem passar e o vapor ser abastecido de lenha, encalhar em bancos de areia e ser desencalhado em seguida.
Hoje, o barco não encalha mais e a paisagem continua impressionante (ao menos no trecho entre Pirapora e São Romão), os serviços oferecidos aos passageiros mudaram para melhor, e a velocidade, bom, ela continua a mesma.
Navegando a 17 km/h, é obrigatório relaxar. Nos três deques do barco, os passageiros passam a maior parte do tempo entre o restaurante, o bar e as duas salas de estar. Deitado ou sentado em sofás, espreguiçadeiras, redes e cadeiras, as opções de atividades são ler, dormir e jogar cartas ou conversa fora com outros passageiros.
A calma rotina da viagem só é quebrada pela festas de boas-vindas preparadas para os passageiros e a tripulação do Benjamim nas pequenas cidades em que o barco aporta.
Os municípios surgiram às margens do São Francisco em função da navegação e sofrem com a estagnação desde que os vapores pararam de funcionar. Ver a chegada do barco é um evento para a população local. Em cada parada, os passageiros são recebidos com fogos, música e dança. A festa reforça a fama de acolhedor do mineiro.


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