São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NOVA INGLATERRA
Naturais de Massachusetts, três dos mais ilustres políticos dos EUA também eram egressos de Harvard
John é o nome de presidentes marcantes

SILVIO CIOFFI
Editor de Turismo

Três dos "joões" que mais marcaram a história norte-americana têm seus nomes ligados ao Estado de Massachusetts, onde fica Boston: John Adams (1735-1826), John Quincy Adams (1767-1848) e John Kennedy (1917-1963).
John Adams, que nasceu em Braintree e morreu em Quincy, foi o primeiro vice-presidente e o segundo presidente dos EUA.
Egresso da Universidade de Harvard, Adams foi pioneiro na luta pela independência, notabilizou-se como constitucionalista e teórico da política.
Figura proeminente do episódio que culminou com a Declaração da Independência (1776), Adams tem sua imagem mais conhecida na pintura de Gilbert Stuart, que o retratou aos 89 anos.

De pai para filho

John Adams viveu o bastante para ver John Quincy Adams, seu filho que estudou na Europa e também em Harvard, tornar-se, em 1825, o sexto presidente dos EUA.
Quincy, a cidade onde John Adams morreu, transformou a casa da família num museu, isso em 135 Adams Street (tel. local 617/773-1177). O imóvel, construído pelo primeiro Adams e ampliado pelo filho, tem vasta biblioteca e uma bela estufa de plantas.
O filme "Amistad" (1997), dirigido por Steven Spielberg e com Anthony Hopkins no papel de John Quincy Adams, dá uma idéia de como a casa é ao narrar a história verídica do motim ocorrido em navio negreiro espanhol, em 1839.
Liderados por Cinque, 53 africanos tomaram a embarcação e mataram os tripulantes.
Apenas dois espanhóis, constrangidos a levar os negros de volta a Serra Leoa, tiveram as vidas poupadas. Enganados, os africanos foram levados até New Haven (Connecticut), onde foram presos.
Já um velho senador por Massachusetts, John Quincy Adams evitou, a princípio, participar do debate em torno do destino dos africanos. Mas acabou defendendo o grupo quando o caso foi parar na Suprema Corte.
Filmada por Spielberg com base no livro "Black Mutiny" (Motim Negro), de William Owens, a história tem como pano de fundo as pressões da Espanha e a Guerra Civil norte-americana, que acabou acontecendo de 1861 a 1865.
John Quincy Adams morreu aos 80 anos, em Washington. Também foi secretário de Estado e teve papel decisivo quando os EUA adquiriram a Flórida.

O filho do figurão

Embora tivesse origem irlandesa e católica, o 35º presidente norte-americano também não era um joão-ninguém. John Fitzgerald Kennedy, o JFK, era o segundo dos nove filhos de Rose e Joseph Patrick Kennedy, magnata que foi embaixador em Londres e figurão do Partido Democrata.
Natural de Brookline, Massachusetts, John Kennedy foi outro que estudou em Harvard e logo se transformou numa máquina de ganhar eleições em seu Estado.
Ao vencer Richard M. Nixon, transformou-se no primeiro católico a presidir o país. Mas, apesar do carisma, Kennedy foi assassinado a tiros em Dallas, Texas, no dia 22 de novembro de 1963, depois de governar por 1.037 dias.
E, para contar a saga de JFK, Boston também constituiu um museu, instalado num prédio de I.M. Pei, o mesmo que projetou a pirâmide do Louvre, em Paris.
O The New Museum fica em Columbia Point, próximo à rodovia I-93 (tel. local 617/929-4523).
Tem 15 mil objetos, 180 mil fotos e 34 milhões de páginas manuscritas. Mas, muito além das fotos de família e de bens como o veleiro de JFK, o museu transforma o visitante em espectador da campanha presidencial de 1960.
Kennedy venceu Nixon, o então vice-presidente, por 118,5 mil votos num universo de 68,4 milhões de eleitores. O último debate, decisivo, passa numa tevê de época, rodeada de cartazes da campanha.
No fim da mostra, outra TV traz o jornalista Walter Cronkite, da CBS, lendo a notícia da morte de Kennedy, o quarto presidente dos EUA a ser assassinado. Passados 35 anos, a imagem de Cronkite choramingando a notícia ainda soa como um soco no estômago.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.