São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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Coronel leva cultura à remota Williamstown

do enviado especial a Massachusetts

O viajante que chega a Williamstown encontra uma cidade improvável. Ela tem trânsito esparso, comércio pacato e poucas ruas.
Em Williamstown, no pé dos montes Apalaches, perto do ponto em que Nova York, Vermont e Massachusetts se encontram, tudo gira em torno da cultura.
A cidade é a sede do Williams College, com 2.000 estudantes -a maioria de classe alta. Quase toda a cidade é parte do campus.
O que levou uma faculdade assim a se instalar em um local tão afastado?
Quando aquela região ainda era terreno de disputas entre franceses, índios e americanos, o coronel Ephraim Williams Jr. foi enviado para um forte por ali.
Sem filhos, Williams determinou em seu testamento que uma escola para os filhos de seus homens fosse estabelecida ali.
Pedia também que o lugar passasse a levar seu nome e que ficasse em Massachusetts (havia disputas territoriais com Vermont e Nova York). Em 1853, poucas semanas após a abertura da escola, Williams foi emboscado por índios. Seu desejo foi cumprido.
Milionários pacatos
A faculdade começou a se tornar um ponto de referência. Devido à atividade cultural, começou a atrair milionários interessados em artes e num estilo de vida mais calmo que o das grandes cidades.
É aí que entram Sterling e Francine Clark. Eles conseguiram a proeza de construir, numa cidade do interior, um museu de classe internacional, com uma grande coleção de impressionistas.
Francine Clark era a herdeira da fábrica de máquinas de costura Singer. Seus pais haviam sido beneméritos do Williams College, e ela temia que a coleção de arte do casal ficasse em uma cidade que fosse alvo de um eventual ataque nuclear -era a década de 50, e a Guerra Fria poderia esquentar a qualquer momento.
Em 1955 o casal abriu o seu instituto de artes. Sterling baseava suas compras apenas no seu gosto pessoal -o que explica a quantidade de obras de Renoir, seu preferido, mas apenas trabalhos feitos até mais ou menos uma década antes da morte do pintor (na fase final, dizia Clark, Renoir passou a abusar do vermelho).
Dizia-se que ele nunca comprava nada do século 20. Ela o forçava a comprar algumas coisas que estavam fora de seu gosto.
Após a morte de Francine, a administração do museu se encarregou de ampliar ainda mais a coleção e, nos anos 70, expandir o museu para um anexo de granito vermelho ao lado do prédio original, de mármore branco.
Quase um anexo do Clark é o Williamstown College Museum of Art, no centro da cidade. São 10 mil obras, que cobrem 29 séculos -de relevos assírios do século 9º a.C. a um auto-retrato de Andy Warhol.
O museu foi criado em 1926 e se instalou em uma rotunda do século 19, um dos prédios mais marcantes do lugar. Em 1986, foi inaugurada uma ampliação. (RL)



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