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Coronel leva cultura à remota Williamstown
do enviado especial a Massachusetts
O viajante que chega a Williamstown encontra uma cidade improvável. Ela tem trânsito esparso, comércio pacato e poucas ruas.
Em Williamstown, no pé dos
montes Apalaches, perto do ponto
em que Nova York, Vermont e
Massachusetts se encontram, tudo
gira em torno da cultura.
A cidade é a sede do Williams
College, com 2.000 estudantes -a
maioria de classe alta. Quase toda
a cidade é parte do campus.
O que levou uma faculdade assim a se instalar em um local tão
afastado?
Quando aquela região ainda era
terreno de disputas entre franceses, índios e americanos, o coronel
Ephraim Williams Jr. foi enviado
para um forte por ali.
Sem filhos, Williams determinou em seu testamento que uma
escola para os filhos de seus homens fosse estabelecida ali.
Pedia também que o lugar passasse a levar seu nome e que ficasse em Massachusetts (havia disputas territoriais com Vermont e Nova York). Em 1853, poucas semanas após a abertura da escola, Williams foi emboscado por índios.
Seu desejo foi cumprido.
Milionários pacatos
A faculdade começou a se tornar
um ponto de referência. Devido à
atividade cultural, começou a
atrair milionários interessados em
artes e num estilo de vida mais calmo que o das grandes cidades.
É aí que entram Sterling e Francine Clark. Eles conseguiram a
proeza de construir, numa cidade
do interior, um museu de classe
internacional, com uma grande
coleção de impressionistas.
Francine Clark era a herdeira da
fábrica de máquinas de costura
Singer. Seus pais haviam sido beneméritos do Williams College, e
ela temia que a coleção de arte do
casal ficasse em uma cidade que
fosse alvo de um eventual ataque
nuclear -era a década de 50, e a
Guerra Fria poderia esquentar a
qualquer momento.
Em 1955 o casal abriu o seu instituto de artes. Sterling baseava suas
compras apenas no seu gosto pessoal -o que explica a quantidade
de obras de Renoir, seu preferido,
mas apenas trabalhos feitos até
mais ou menos uma década antes
da morte do pintor (na fase final,
dizia Clark, Renoir passou a abusar do vermelho).
Dizia-se que ele nunca comprava
nada do século 20. Ela o forçava a
comprar algumas coisas que estavam fora de seu gosto.
Após a morte de Francine, a administração do museu se encarregou de ampliar ainda mais a coleção e, nos anos 70, expandir o museu para um anexo de granito vermelho ao lado do prédio original,
de mármore branco.
Quase um anexo do Clark é o
Williamstown College Museum of
Art, no centro da cidade. São 10
mil obras, que cobrem 29 séculos
-de relevos assírios do século 9º
a.C. a um auto-retrato de Andy
Warhol.
O museu foi criado em 1926 e se
instalou em uma rotunda do século 19, um dos prédios mais marcantes do lugar. Em 1986, foi inaugurada uma ampliação.
(RL)
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