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POR DENTRO DE CURITIBA
Planejamento repara "falhas' da natureza
FERNANDO MENDONÇA
da Agência Folha, em Curitiba
Curitiba tem tudo para não ser
uma típica cidade turística brasileira. Não está no litoral, não tem
clima tropical nem são vistas
abundantes mulatas nas ruas e bares da cidade.
A capital paranaense, porém, é
hoje um dos principais centros turísticos da região Sul do Brasil.
Curitiba chama a atenção menos
pelas atrações naturais -principal apelo de outros destinos turísticos brasileiros- e mais por
obras e ações bem-sucedidas, pelas quais a capital paranaense demonstra que é possível promover
uma integração mais harmoniosa
e eficaz entre o homem e a cidade
em que ele vive.
A primeira impressão de quem
chega à cidade pela primeira vez é
a de que está em um lugar limpo.
O visitante vai confirmando a sensação na medida em que atravessa
os bairros mais urbanizados.
Papéis e bitucas de cigarro podem ser vistos. Não é essa, porém,
a limpeza -ou falta de- que despertará a atenção do visitante. A
maior limpeza é a visual.
O conjunto urbano de Curitiba é
a um só tempo sóbrio e arejado.
Não existe poluição visual. Sobram áreas verdes.
Para cada um dos aproximadamente 1,4 milhão de curitibanos
há cerca de 50 metros quadrados
de área verde -número três vezes
superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
Planejamento
A topografia regular da cidade
colaborou para que não fosse necessário erguer pontes, túneis e
viadutos -que, em outras capitais, tiveram como consequência,
na maior parte das vezes, autênticas aberrações urbanísticas.
A principal vantagem de Curitiba sobre outras metrópoles brasileiras é que nela houve tempo para
pensar sobre o futuro e preparar-se para a chegada dele.
Diferentemente de São Paulo e
do Rio de Janeiro, o fluxo migratório na cidade foi quase inexistente até o final da década de 70.
O primeiro plano diretor de Curitiba foi desenhado em 1943,
quando a cidade ainda tinha pouco mais de 100 mil habitantes. Definiram-se naquele ano as avenidas que seriam construídas, prevendo o crescimento do centro
para os bairros.
Hoje, apesar de apresentar a média de 2,52 habitantes para cada
carro licenciado -a menor do
Brasil-, ainda é possível atravessar a cidade com alguma facilidade
e rapidez. O sistema viário é eficiente, com ruas e avenidas largas
e extensas.
História
A capital paranaense foi fundada
no século 17 por tropeiros que seguiam do Rio Grande do Sul para
São Paulo. Desenvolveu-se como
pólo urbano a partir do final do
século passado, com a chegada de
imigrantes europeus -principalmente alemães, poloneses, italianos e ucranianos.
A presença da cultura trazida
por esses imigrantes, sobretudo
poloneses e alemães, é percebida
em aspectos que vão da arquitetura à culinária, passando pelas características étnicas de grande
parte de seus habitantes -pele e
cabelos claros.
Consultar o catálogo telefônico
de Curitiba pode ser divertido para moradores de outras regiões do
Brasil. Somente aos sobrenomes
iniciados com a letra "w", comuns
na Polônia, são dedicadas nove
páginas. Tente ler depressa: Wieczorkowski, Wutkyvicz, Wojcikiewecz, Wojciechowski.
Colaborou Roger Modkovski, da Agência
Folha
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