São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Torres García encanta com brinquedos

Desmontáveis e em cores vibrantes, "juguetes" dos anos 20 são parte importante da produção do artista

EM MONTEVIDÉU

Quem diria que as peças de "toy art", tão em voga, têm como "parentes" trens, casinhas e bonecos da década de 20?
Feitos de madeira, os "juguetes transformables" constituem uma das partes mais encantadoras da obra de Joaquín Torres García. São obras de cores vibrantes e traços firmes, mas, principalmente, desmontáveis: trocam-se as cabeças de dois pássaros e aí estão duas "espécies" novas.
Torres García começou suas primeiras experiências com brinquedos em 1914, quando já tinha 40 anos. Além de ter dado aulas de artes plásticas a crianças, era pai de uma menina, Olimpia, então com três anos, e de Augusto, um ano mais novo.
O pintor morava, na época, em Barcelona, para onde havia se mudado aos 17 anos, devido a uma crise econômica que assolava seu país -um processo migratório, aliás, ainda bem atual, devido aos solavancos pelos quais a economia uruguaia voltou a passar nos últimos anos.
Após anos de convívio com os artistas catalães, porém, Torres García começou a se afastar das tendências predominantes na região, que defendiam o retorno ao classicismo.
Sentindo-se incompreendido em Barcelona, mudou-se para Nova York, onde constituiu, quatro anos depois, a sociedade Artist Toys Makers.
As peças, que chegaram a ser fabricadas em grande escala, eram realmente voltadas ao público infantil. Em seu "Catálogo de Manufacturas de Juguetes", de 1919, Torres García dizia que se a criança quebrava um brinquedo, era para investigar e modificar, o que, em suma, era conhecimento e criação. O melhor, portanto, era lhe dar jogos com peças, para que ela pudesse fazer o que quiser.
Um incêndio, porém, destruiu, em 1925, a Aladdin Toy Co., fábrica de brinquedos em Nova York que pertencia ao artista uruguaio.
As peças remanescentes dessa fase, já "octogenárias" e ainda tão atuais, nos propõem agora mais um jogo: embaralham os conceitos de antigo e contemporâneo e nos convidam a criar algo novo.
(AMARÍLIS LAGE)


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