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Torres García encanta com brinquedos
Desmontáveis e em cores vibrantes, "juguetes" dos anos 20 são parte importante da produção do artista
EM MONTEVIDÉU
Quem diria que as peças de
"toy art", tão em voga, têm como "parentes" trens, casinhas e
bonecos da década de 20?
Feitos de madeira, os "juguetes transformables" constituem uma das partes mais encantadoras da obra de Joaquín
Torres García. São obras de cores vibrantes e traços firmes,
mas, principalmente, desmontáveis: trocam-se as cabeças de
dois pássaros e aí estão duas
"espécies" novas.
Torres García começou suas
primeiras experiências com
brinquedos em 1914, quando já
tinha 40 anos. Além de ter dado
aulas de artes plásticas a crianças, era pai de uma menina,
Olimpia, então com três anos, e
de Augusto, um ano mais novo.
O pintor morava, na época,
em Barcelona, para onde havia
se mudado aos 17 anos, devido a
uma crise econômica que assolava seu país -um processo migratório, aliás, ainda bem atual,
devido aos solavancos pelos
quais a economia uruguaia voltou a passar nos últimos anos.
Após anos de convívio com os
artistas catalães, porém, Torres
García começou a se afastar das
tendências predominantes na
região, que defendiam o retorno ao classicismo.
Sentindo-se incompreendido em Barcelona, mudou-se
para Nova York, onde constituiu, quatro anos depois, a sociedade Artist Toys Makers.
As peças, que chegaram a ser
fabricadas em grande escala,
eram realmente voltadas ao público infantil. Em seu "Catálogo
de Manufacturas de Juguetes",
de 1919, Torres García dizia que
se a criança quebrava um brinquedo, era para investigar e
modificar, o que, em suma, era
conhecimento e criação. O melhor, portanto, era lhe dar jogos
com peças, para que ela pudesse fazer o que quiser.
Um incêndio, porém, destruiu, em 1925, a Aladdin Toy
Co., fábrica de brinquedos em
Nova York que pertencia ao artista uruguaio.
As peças remanescentes dessa fase, já "octogenárias" e ainda tão atuais, nos propõem agora mais um jogo: embaralham
os conceitos de antigo e contemporâneo e nos convidam a
criar algo novo.
(AMARÍLIS LAGE)
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