São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2005

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FIM DE SEMANA / COTIA - 33 KM DE SP

O Zu Lai, maior templo budista da América Latina, surpreende com boa estrutura para receber visitantes de todos os credos

Turismo zen alcança nirvana em Cotia

LUÍS SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Zu Lai, maior templo budista da América Latina, fica a menos de meia hora da caótica metrópole paulistana. O acesso rápido e fácil é a primeira surpresa para quem resolve visitá-lo.
A segunda é descobrir que o passeio funciona como um ótimo programa turístico, mas de tipo incomum -o turismo zen. Uma tarde lá pode até valer como terapia após mais uma semana estressante em São Paulo.
Sem cobrar entrada, o templo Zu Lai ("o que foi além" em chinês) aceita de bom grado visitantes de todos os credos, desde que eles estejam dispostos a respeitar a atmosfera de busca de paz interior, felicidade e harmonia -as metas do budismo. Isso significa respeitar algumas regras, como não fumar, não usar roupas curtas ou decotadas e não fazer muito barulho.
A terceira surpresa é que o templo está muito bem preparado para receber os cerca de 1.500 visitantes que se dirigem para lá nos finais de semana. Há monitores para explicar os princípios básicos do budismo e o significado de cada detalhe do templo. O local oferece aos domingos um serviço de ônibus gratuito que sai do metrô Liberdade (em frente ao McDonald's) às 8h30 e retorna às 14h30. Para o almoço, é servido um bufê de comida chinesa vegetariana por R$ 10 aos sábados, aos domingos e nos feriados. Também há uma livraria, que vende suvenires, e uma cafeteria. Ali, a pedida é experimentar o pão chinês no vapor ou o pão da monja, fabricado por crianças da região que participam de um projeto social do templo.
O templo pertence à Ordem Budista Fo Guang Shan (Montanha da Luz do Buda). Foi inaugurado em outubro de 2003. O prédio tem dez mil metros quadrados de área construída. O terreno, de 160 mil metros quadrados, um antigo sítio, foi doado em 1992 por um simpatizante do budismo.

Caminho para a iluminação
A chegada ao templo Zu Lai causa certo impacto. O projeto arquitetônico foi inspirado nos palácios da dinastia imperial chinesa Tang (602-664 d.C). Parte do material usado na construção foi trazida da China, principalmente os ornamentos.
Na entrada, há uma escadaria precedida por flores de lótus, símbolo do budismo, metáfora da purificação, pois nascem em pântanos. Ali começa o caminho para a iluminação, trajeto que leva à sala do grande herói, atração principal do templo.
Entre a primeira escadaria e a sala do grande herói, há o Portal da Montanha, o pátio e a escadaria de acesso à varanda.
O portal principal de um templo budista é sempre chamado de Portal da Montanha. Trata-se de uma referência ao fato de os monastérios chineses geralmente se localizarem em lugares altos.
A varanda da sala do grande herói aloja enormes sino e tambor, cuja função é avisar a todos os "seres sencientes" (dotados de sensações) de que as atividades diárias no templo se iniciaram ou se encerraram. Ali também fica o grande incensário, no qual os discípulos fazem oferendas de incenso ao Buda em sinal de respeito e reverência.
A sala do grande herói é assim chamada em homenagem ao Buda. Lá existe uma estátua dele feita de jade. Esse tipo de sala normalmente não tem janelas nos templos budistas, mas, em virtude do clima brasileiro, a tradição foi quebrada. O local é usado para cerimônias, como a da recitação de sutras (escrituras budistas sagradas), que ocorre às 10h de domingo, e a prática de meditação para iniciantes, que acontece aos sábados das 15h às 16h.
Os que preferem meditar em outros horários contam com uma sala especial para isso, além de um espaço à beira do lago. O templo Zu Lai também promove cursos relacionados à cultura chinesa. Mais informações em www.templozulai.org.br.


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