São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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NA TRILHA DOS INCAS
Comércio de artesanato local é só uma das atrações da cidade que é ponto de partida para as ruínas
Mercado de Cuzco faz blusa sob medida

enviada especial ao Peru e à Bolívia

Imponente e mística. Assim pode ser definida a cidade de Cuzco, no Peru, que resgata um pouco de história, com muito agito noturno.
A 3.400 metros de altitude, cercada por montanhas, a antiga capital do império inca também serve como ponto de partida para importantes parques arqueológicos, como Sacsayhuaman, Kenquo, Vale Sagrado e Machu Picchu.
A proximidade com esses locais transformou Cuzco em uma cidade-dormitório para os turistas que querem conhecer a região. Isso não significa, no entanto, que ela não tenha seus próprios encantos.
Perder-se por suas vielas e ruas de paralelepípedos pode ser recompensador. Ainda mais com visitas ao Museu Arqueológico, à praça de Armas, à igreja Compañia e à Calle Hatun Rumiyoc (onde fica a famosa pedra dos 12 ângulos).
Além disso, vale visitar o antigo templo de Koricancha, que, apesar de ter sido destruído durante a ocupação espanhola (1532), ainda mantém restos do Templo do Sol.

Compras
A pequena cidade também é local de consumo. Ao redor da praça de Armas, no centro, encontra-se um vasto comércio de artesanato, roupas, esculturas e instrumentos musicais típicos -principalmente os feitos de bambu.
A dica mais importante para quem vai às compras é nunca se esquecer de pechinchar. Acostumados com os pedidos de abatimento, os comerciantes costumam elevar seus preços para negociar com os clientes. As blusas peruanas, feitas de lã de lhamas, por exemplo, podem ser compradas por entre US$ 5 e US$ 15, dependendo do seu poder de barganha.
Muitas vielas também se transformam em verdadeiros mercados, com pequenas lojas, que oferecem o melhor do artesanato local. Muitas peças em pedra, cerâmica e barro são compradas. Um prato de barro pintado à mão pode sair por US$ 5.
Na Calle Plateros, 334, o Tesouros del Inka é um bom exemplo desses mercados. Ele vende de tudo. Dá até para mandar fazer uma blusa de lã sob medida, que, segundo os vendedores, fica pronta em duas horas.
Os adeptos das caminhadas podem fazer muitos passeios a pé na região. Mas os sedentários devem se lembrar que estão a 3.400 metros de altitude e, definitivamente, lá não é o local ideal para se tornar um atleta. Nesse caso, os ônibus que saem de Cuzco rumo às ruínas são opções mais adequadas.
Além disso, muitas agências fazem pacotes de um dia para os parques arqueológicos.
O interessante, porém, é entrar no espírito da região, que é rodeada de lendas e mitos. Os mistérios, que não são poucos, já começam na observação das construções. É difícil compreender como uma população que não conhecia o ferro conseguia cortar as pedras e encaixá-las com tanta precisão. As ruínas de Sacsayhuaman mostram o fino trabalho em pedra dos incas. Há quem defenda a idéia de que eles recebiam ajuda de deuses. Algo nunca comprovado.
Mas, se o assunto é misticismo, a região tem o que oferecer. As "chincanas" (em quíchua, idioma inca: "lugar onde um se perde") são bons exemplos. Segundo as lendas, pessoas que entraram nesses labirintos jamais voltaram.
Uma das mais importantes está protegida por uma grade no templo Koricancha. Mas outras, menores e abertas aos turistas, podem ser visitadas no parque arqueológico de Sacsayhuaman.
Diz a lenda que, quando se entra em uma "chincana", deve-se fazer um pedido. Como o local é um labirinto escuro, é encarado como um desafio, e por isso as pessoas que conseguem vencer esse obstáculo saem de lá purificadas. Não custa tentar.

Leitura
Os passeios às ruínas incas tornam-se ainda mais agradáveis ao turista que conhece um pouco da história da civilização inca por meio de leituras realizadas antes de viagem ou com a ajuda de um guia turístico da região.
Um guia local é ainda melhor, já que ele conhece lendas e histórias que são passadas apenas de pai para filho. Para quem tem acesso à Internet aí vai uma dica: o site www.cuscoonline.com resume a história do local e fornece roteiros para todos os gostos.
O conhecimento prévio é fundamental, já que a magia da região está justamente nas lendas que rondam a civilização inca. E mesmo que elas tenham muito de fictício, como afirmou o historiador étnico Franklin Pease: "Os mitos são histórias verdadeiras, apenas escritas com simbolismo".
(CLEIDE FLORESTA)




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