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NA TRILHA DOS INCAS
Menino de 6 anos leva visitantes ao lago que fica a 3.810 m de altitude e lhes conta histórias da região
Garoto do Titicaca guia turistas brincando
da enviada especial ao Peru e à Bolívia
O felino de boca aberta, como as
lendas traduzem o nome do lago
Titicaca, a 72 km de La Paz, é uma
imensidão de águas azuis que, não
fosse pelas cordilheiras que o cercam, poderia ser confundido com
um oceano. Com 8.800 km2 de
águas divididas entre a Bolívia e o
Peru e várias histórias em torno de
seu nome, o local tem a beleza natural como maior atrativo.
O deleite já começa no passeio de
barco para as ilhas. As mais importantes e famosas são as ilhas do Sol
e da Lua, que abrigam algumas
construções milenares e a possível
origem do império inca.
Habita as ilhas uma pequena população descendente dos índios aimarás, que conserva parte do costume dos antepassados. Essa civilização já vivia no local no século 13
e foi dominada pelos incas. Os moradores vendem aos turistas fitas
coloridas, ponchos e outros objetos artesanais. E cobram "propina" (gorjeta) do visitante que quer
tirar fotos das "cholas" (índias).
Outros ganham dinheiro se
aventurando como guias. O garoto
Fernando Mendonza, de 6 anos, é
um exemplo. Ele aborda as pessoas
no povoado onde vive, na ilha do
Sol, e quando percebe está sendo
seguido por um grupo de turistas
rumo ao farol da ilha- que, aliás,
oferece uma das mais belas visões
do lago Titicaca.
Subir é cansativo. O lago fica a
3.810 m de altitude. Enquanto você
faz de tudo para subir, Fernando
vai na frente correndo e pulando.
Isso quando não resolve subir numa árvore para brincar. Não tente
competir. Continue no melhor ritmo local: devagar e sempre.
Lá em cima, o pequeno guia dá
uma aula sobre os costumes da região. Não dá para entender muita
coisa, mas o cemitério ele define
como "o lugar onde as almas descansam". E completa: "Meu avô
está lá".
Depois de conhecer geograficamente a ilha, é hora de descansar.
E passar uma noite lá é oportunidade única de fechar o passeio em
alto estilo. Em primeiro lugar, para
ver o pôr-do-sol no farol. Em segundo, para, durante a noite, mesmo com um frio de congelar, sentar em algum lugar para ver o céu.
As estrelas cadentes parecem brincar com seus olhos. Elas vão caindo, uma atrás das outra. E não se
esqueça de fazer os pedidos.
Herança
Ainda no lago Titicaca, a cidade
de Copacabana é uma visita obrigatória. Lá está todo o agito turístico da região e uma infra-estrutura
maior, com hotéis e pousadas.
E a semelhança de nome com o
bairro carioca não é mera coincidência. Entre os anos 1580 e 1640,
negociantes que iam ao Peru em
busca de prata trouxeram a imagem de uma santa para o Rio de Janeiro e a colocaram em uma igrejinha na praia de Sacopeunã, a atual
praia de Copacabana. Aos poucos,
a Nossa Senhora de Copacabana
rebatizou a praia.
A cidade também tem imponentes morros que fazem lembrar o
Corcovado e o Pão de Açúcar, num
clima de "déjà vu".
(ClF)
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