São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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NA TRILHA DOS INCAS
Menino de 6 anos leva visitantes ao lago que fica a 3.810 m de altitude e lhes conta histórias da região
Garoto do Titicaca guia turistas brincando

da enviada especial ao Peru e à Bolívia

O felino de boca aberta, como as lendas traduzem o nome do lago Titicaca, a 72 km de La Paz, é uma imensidão de águas azuis que, não fosse pelas cordilheiras que o cercam, poderia ser confundido com um oceano. Com 8.800 km2 de águas divididas entre a Bolívia e o Peru e várias histórias em torno de seu nome, o local tem a beleza natural como maior atrativo.
O deleite já começa no passeio de barco para as ilhas. As mais importantes e famosas são as ilhas do Sol e da Lua, que abrigam algumas construções milenares e a possível origem do império inca.
Habita as ilhas uma pequena população descendente dos índios aimarás, que conserva parte do costume dos antepassados. Essa civilização já vivia no local no século 13 e foi dominada pelos incas. Os moradores vendem aos turistas fitas coloridas, ponchos e outros objetos artesanais. E cobram "propina" (gorjeta) do visitante que quer tirar fotos das "cholas" (índias).
Outros ganham dinheiro se aventurando como guias. O garoto Fernando Mendonza, de 6 anos, é um exemplo. Ele aborda as pessoas no povoado onde vive, na ilha do Sol, e quando percebe está sendo seguido por um grupo de turistas rumo ao farol da ilha- que, aliás, oferece uma das mais belas visões do lago Titicaca.
Subir é cansativo. O lago fica a 3.810 m de altitude. Enquanto você faz de tudo para subir, Fernando vai na frente correndo e pulando. Isso quando não resolve subir numa árvore para brincar. Não tente competir. Continue no melhor ritmo local: devagar e sempre.
Lá em cima, o pequeno guia dá uma aula sobre os costumes da região. Não dá para entender muita coisa, mas o cemitério ele define como "o lugar onde as almas descansam". E completa: "Meu avô está lá".
Depois de conhecer geograficamente a ilha, é hora de descansar.
E passar uma noite lá é oportunidade única de fechar o passeio em alto estilo. Em primeiro lugar, para ver o pôr-do-sol no farol. Em segundo, para, durante a noite, mesmo com um frio de congelar, sentar em algum lugar para ver o céu. As estrelas cadentes parecem brincar com seus olhos. Elas vão caindo, uma atrás das outra. E não se esqueça de fazer os pedidos.

Herança
Ainda no lago Titicaca, a cidade de Copacabana é uma visita obrigatória. Lá está todo o agito turístico da região e uma infra-estrutura maior, com hotéis e pousadas.
E a semelhança de nome com o bairro carioca não é mera coincidência. Entre os anos 1580 e 1640, negociantes que iam ao Peru em busca de prata trouxeram a imagem de uma santa para o Rio de Janeiro e a colocaram em uma igrejinha na praia de Sacopeunã, a atual praia de Copacabana. Aos poucos, a Nossa Senhora de Copacabana rebatizou a praia.
A cidade também tem imponentes morros que fazem lembrar o Corcovado e o Pão de Açúcar, num clima de "déjà vu". (ClF)




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