São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A ILHA
Os cinco estrelas, que pertencem ao Estado, conjugam antigo charme arquitetônico e decadência nada discreta
Hotéis de Havana
espelham contradições

do enviado especial a Cuba

As contradições cubanas estão por toda parte e não perdoam sequer os hotéis cinco estrelas de Havana, que continuam pertencendo ao Estado, mas são administrados por cadeias hoteleiras internacionais, como as espanholas Meliá e Tryp.
O charme de alguns deles continua sendo a arquitetura, que remete aos anos de prosperidade financeira e degradação social da ilha, que culminou com a revolução socialista.
É o caso do Habana Libre (tel. 0053-7-334011), que deveria ser o hotel Hilton se os empresários americanos não fossem expulsos da ilha, em 1958. O serviço é improvisado e impessoal, mas mantém a dignidade de uma época. As diárias custam US$ 110 (quarto simples) e US$ 130 (duplo).
Já no hotel Riviera (tel. 0053-7- 334051), os sinais de decadência estão por toda parte. Logo na entrada, um carrinho em frente à porta giratória indica que ela não está funcionando.
Na recepção, um cartaz escrito em letras vermelhas que escorrem como se tivessem sido escritas com sangue avisa que o hotel está com problemas no ar-condicionado e pede desculpas pelo inconveniente causado.
As recepcionistas ardem atrás do balcão e tentam apagar os incêndios. Tocam a sineta, mas nenhum carregador aparece para carregar as malas dos hóspedes italianos, que, resignados, as arrastam pelo salão.
A música também diferencia o Riviera de seu vizinho, o Meliá Cohiba (tel. 0053-7-333636). No primeiro, dois rumbeiros de camisa estampada sapecam os ritmos da ilha no comensal. No segundo, um quarteto de cordas embala os drinques dos hóspedes e das prostitutas, que também abundam no bar e no lobby. As diárias do hotel são mais econômicas: US$ 90 (simples) e US$ 120 (duplo).
O Meliá Cohiba funciona perfeitamente, mas os serviços são pasteurizados, já que são internacionais e não cubanos. Os preços são os mais altos da cidade: US$ 155 e US$ 190.
O Hotel Nacional de Cuba (tel. 0053-7-335171) é um patrimônio histórico e arquitetônico da cidade, uma espécie de Copacabana Palace de Havana.
Construído em 1930, ainda reserva ao cliente o glamour pré-revolução, com alamedas de coqueiros, vários bares e restaurantes.
Localizado sobre uma pequena colina, o que lhe dá direito a uma cachoeira artificial, oferece uma bela vista do Malecón, a avenida que percorre a baía de Havana. Os preços são aceitáveis: US$ 100 e US$ 140, em baixa temporada.
O hotel Santa Isabel (tel. 0053-7- 338201) é o único cinco estrelas no centro histórico de Havana, bem em frente à praça de Armas.
A opção não é das melhores, já que, à noite, não é muito seguro andar pela região. O hotel também é deficiente nos serviços.
Possui apenas um restaurante, que pratica preços bem salgados em relação ao restante da ilha (um prato com lagosta custa entre US$ 25 e US$ 32).

Novos hotéis
Havana deverá ganhar ainda este ano dois novos hotéis de padrão cinco estrelas: um da cadeia Golden Tulip, no centro velho da cidade, com mais de 300 quartos, e outro hotel da rede Meliá.
Havana oferece ainda boas opções de hotéis de classes inferiores. As melhores pedidas são o Plaza (tel. 0053-7-338591; diárias entre US$ 70 e US$ 90), o Inglaterra (tel. 0053-7-338593; entre US$ 75 e US$ 100), o Ambos Mundos (tel. 0053- 7-669529; com preços que variam de US$ 65 a US$ 90) e o Sevilha (tel. 0053-7-338560; com diárias entre US$ 89 e US$ 128).
(CELSO FIORAVANTE)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.