São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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ALEMANHA RENOVADA
Casa noturna é tida como uma das maiores do gênero; filas gigantes e host rígido podem azedar passeio

Clube de música eletrônica badalado fica em prédio deuma antiga termoelétrica

DE BERLIM

Eram cinco da tarde de um sábado quando o avião aterrissou em Berlim. Tinha acabado de passar uma semana em Paris, cuja noite, para mim, deixou a desejar.
Nos clubes gays parisienses, onde esperava ouvir boa música eletrônica, ouvi axé mixado com dance music.
Quando comentei que não tinha dado sorte com isso em Paris com um amigo inglês que mora na Rosa-Luxemburgplatz, ele recomendou que eu fosse ao clube Berghain, perto hostel sem "h" onde eu estava hospedado.
A falta da consoante muda é um trocadilho. Ost em alemão significa leste. E o Ostel tem como atrativo quartos decorados com memorabilia da Alemanha Oriental.
Do meu quarto era possível ver construções que também lembram o antigo regime, como alguns metros do muro de Berlim, e o Berghain, uma termoelétrica desativada que hoje abriga um dos maiores clubes de música eletrônica do mundo. Dizem caber lá umas 10 mil pessoas.
Às 23h30 fui para a fila. Dizem que o host do lugar, uma figura com metade do rosto tatuada, costuma barrar aqueles com quem não "vai com a cara" ou aqueles que estiverem "causando". Tentar entrar com câmera fotográfica, então, nem pensar! O que acontece dentro do Berghain morre lá mesmo...
À 0h10 a fila anda. O host mal-encarado não tinha chegado. Entrei sem problemas. O caixa solta um seco "zwölf" (12 a entrada). Pago, carimbam minha mão, e entro.
No piso inferior, vários sofás em um lounge, um bar e, ao fundo, um "dark room". O pé-direito tem uns 15 metros. Uma escadaria leva à primeira pista, de techno. Ao redor, outro bar, banheiros, lounge e um fumódromo. Outra escada, pista de house, fumódromo, bar, banheiros, sofás. A fauna era variadíssima: mauricinhos, punks, moderninhos e gente "normal".
Precisava dançar até as 4h, para levar minha tia ao aeroporto. Quando saí, a fila estava gigantesca, e o clube nem perto de estar cheio.
Fui ao aeroporto, mas, cansado da viagem a Paris, voltei ao Ostel e fui dormir. Às 14h30 do domingo acordei. A primeira coisa que vi foi o carimbo em minha mão. Não tive dúvidas, tomei um banho com o braço para fora da água para não apagar a tinta, comi alguma coisa e voltei ao Berghain, que bombava.
Em novembro, a noite cai em Berlim às 16h30. A minha durou até as 22h. Ainda tinha gente no tal do Berghain. O domingo dos berlinenses não termina com o "Fantástico".
(JAMES CIMINO)


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