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ALEMANHA RENOVADA
Casa noturna é tida como uma das maiores do gênero; filas gigantes e host rígido podem azedar passeio
Clube de música eletrônica badalado fica em prédio deuma antiga termoelétrica
DE BERLIM
Eram cinco da tarde de um
sábado quando o avião aterrissou em Berlim. Tinha acabado de passar uma semana
em Paris, cuja noite, para
mim, deixou a desejar.
Nos clubes gays parisienses, onde esperava ouvir boa
música eletrônica, ouvi axé
mixado com dance music.
Quando comentei que não
tinha dado sorte com isso em
Paris com um amigo inglês
que mora na Rosa-Luxemburgplatz, ele recomendou
que eu fosse ao clube Berghain, perto hostel sem "h"
onde eu estava hospedado.
A falta da consoante muda
é um trocadilho. Ost em alemão significa leste. E o Ostel
tem como atrativo quartos
decorados com memorabilia
da Alemanha Oriental.
Do meu quarto era possível
ver construções que também
lembram o antigo regime, como alguns metros do muro de
Berlim, e o Berghain, uma
termoelétrica desativada que
hoje abriga um dos maiores
clubes de música eletrônica
do mundo. Dizem caber lá
umas 10 mil pessoas.
Às 23h30 fui para a fila. Dizem que o host do lugar, uma
figura com metade do rosto
tatuada, costuma barrar
aqueles com quem não "vai
com a cara" ou aqueles que
estiverem "causando". Tentar entrar com câmera fotográfica, então, nem pensar! O
que acontece dentro do Berghain morre lá mesmo...
À 0h10 a fila anda. O host
mal-encarado não tinha chegado. Entrei sem problemas.
O caixa solta um seco "zwölf"
(12 a entrada). Pago, carimbam minha mão, e entro.
No piso inferior, vários sofás em um lounge, um bar e,
ao fundo, um "dark room". O
pé-direito tem uns 15 metros.
Uma escadaria leva à primeira pista, de techno. Ao redor,
outro bar, banheiros, lounge
e um fumódromo. Outra escada, pista de house, fumódromo, bar, banheiros, sofás.
A fauna era variadíssima:
mauricinhos, punks, moderninhos e gente "normal".
Precisava dançar até as 4h,
para levar minha tia ao aeroporto. Quando saí, a fila estava gigantesca, e o clube nem
perto de estar cheio.
Fui ao aeroporto, mas, cansado da viagem a Paris, voltei
ao Ostel e fui dormir. Às
14h30 do domingo acordei. A
primeira coisa que vi foi o carimbo em minha mão. Não tive dúvidas, tomei um banho
com o braço para fora da água
para não apagar a tinta, comi
alguma coisa e voltei ao Berghain, que bombava.
Em novembro, a noite cai
em Berlim às 16h30. A minha
durou até as 22h. Ainda tinha
gente no tal do Berghain. O
domingo dos berlinenses não
termina com o "Fantástico".
(JAMES CIMINO)
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