São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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ALEMANHA RENOVADA

Nesta semana, a cidade abriga a ITB, feira de turismo que terá nesta edição 11.127 estandes, de 187 países

Inscrições em calçadas lembram mortes

DANILO BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BERLIM

Se as cidades tivessem personalidade, Berlim frequentaria o psicanalista para tentar entender os erros de seu atormentado passado nazista, cujo epílogo ocorreu em 1945.
A queda do muro completa 21 anos neste ano e, quem vivenciou essa notícia catártica, de fim de era, geralmente lembra até de onde estava.
Por onde o muro passava apartando, de modo esquizofrênico, dois mundos -um socialista e pró-União Soviética e outro capitalista-, há no chão marcas feitas com tijolos.
Em inúmeros lugares, brotaram construções e monumentos emblemáticos de uma nova fase histórica que condena esse passado. Na Alexanderplatz, a praça que ficou na Alemanha Oriental e foi eternizada pelo romance expressionista de Alfred Doblin (Berlin Alexanderplatz, 536 págs., ed. Martins, 2009) como ponto de encontro de viciados, vagabundos e prostitutas na década de 1920, há, desde maio de 2009, 300 metros de muros com fotos, textos e vídeos, em alemão e inglês, sobre os acontecimentos de novembro de 1989, quando o muro foi derrubado por populares.
Confira essa ruptura na exposição ao ar livre "Friedliche Revolution 1989/ 90" ("Revolução Pacífica", www.mauerfall09.de/portal/friedliche-revolution/; metrô Alexanderplatz). Aludindo ao triste período do nazismo, iniciado com a ascensão de Hitler em 1933, as Stolpernsteine ("pedras do tropeço" (www.stopelsteiner.com) são blocos de pedra espalhados por toda Berlim em calçadas em frente a casas que foram de judeus, ciganos, homossexuais e deficientes físicos mortos pelo regime.
As inscrições, feitas pelo artista berlinense Guenter Demnig, registram o nome do antigo morador, a data de nascimento e morte, o ano de deportação e o local da execução.
Outro local onde a história e a política afloram é Berliner Schloss (metrô Friedrichstrasse), castelo da família imperial erigido em 1443 que dominou a paisagem por cinco séculos e deve ser reconstruído até 2016.
Parcialmente destruído na Segunda Guerra Mundial, o palácio ficou no lado oriental quando o muro dividiu Berlim. A linha-dura comunista não via com bons olhos relíquias do absolutismo prussiano e a moradia da família Hohenzollern foi posta abaixo em 1950.
Em 1976, parte do terreno foi usada para a construção da sede do governo da Alemanha Oriental. Por sua vez, o edifício também virou ruína em 2006.
No descampado que resultou do imbróglio, o governo quer reconstruir o Berliner Schloss, para a fúria dos que consideram o antigo prédio uma aberração arquitetônica. O projeto (berlinerschloss.de) passou pelo Congresso e espera aprovação do Executivo e depende de orçamento de 80 milhões.
Outro castelo, esse em admirável estado de conservação, é o de Sanssouci (www.spsg.de/index.php?id=163), palácio rococó do imperador prussiano Frederico, o Grande, que fica no município vizinho de Potsdam e foi construído entre os anos de 1745 e 1747 num parque ricamente ajardinado de 287 hectares.


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