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ALEMANHA RENOVADA
Nesta semana, a cidade abriga a ITB, feira de turismo que terá nesta edição 11.127 estandes, de 187 países
Inscrições em calçadas lembram mortes
DANILO BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BERLIM
Se as cidades tivessem personalidade, Berlim frequentaria o
psicanalista para tentar entender os erros de seu atormentado passado nazista, cujo epílogo ocorreu em 1945.
A queda do muro completa
21 anos neste ano e, quem vivenciou essa notícia catártica,
de fim de era, geralmente lembra até de onde estava.
Por onde o muro passava
apartando, de modo esquizofrênico, dois mundos -um socialista e pró-União Soviética e
outro capitalista-, há no chão
marcas feitas com tijolos.
Em inúmeros lugares, brotaram construções e monumentos emblemáticos de uma nova
fase histórica que condena esse
passado. Na Alexanderplatz, a
praça que ficou na Alemanha
Oriental e foi eternizada pelo
romance expressionista de Alfred Doblin (Berlin Alexanderplatz, 536 págs., ed. Martins,
2009) como ponto de encontro
de viciados, vagabundos e prostitutas na década de 1920, há,
desde maio de 2009, 300 metros de muros com fotos, textos
e vídeos, em alemão e inglês,
sobre os acontecimentos de novembro de 1989, quando o muro foi derrubado por populares.
Confira essa ruptura na exposição ao ar livre "Friedliche
Revolution 1989/ 90" ("Revolução Pacífica", www.mauerfall09.de/portal/friedliche-revolution/; metrô Alexanderplatz). Aludindo ao triste
período do nazismo, iniciado
com a ascensão de Hitler em
1933, as Stolpernsteine ("pedras do tropeço" (www.stopelsteiner.com) são blocos de
pedra espalhados por toda Berlim em calçadas em frente a casas que foram de judeus, ciganos, homossexuais e deficientes físicos mortos pelo regime.
As inscrições, feitas pelo artista berlinense Guenter Demnig, registram o nome do antigo
morador, a data de nascimento
e morte, o ano de deportação e
o local da execução.
Outro local onde a história e
a política afloram é Berliner
Schloss (metrô Friedrichstrasse), castelo da família imperial
erigido em 1443 que dominou a
paisagem por cinco séculos e
deve ser reconstruído até 2016.
Parcialmente destruído na
Segunda Guerra Mundial, o palácio ficou no lado oriental
quando o muro dividiu Berlim.
A linha-dura comunista não via
com bons olhos relíquias do absolutismo prussiano e a moradia da família Hohenzollern foi
posta abaixo em 1950.
Em 1976, parte do terreno foi
usada para a construção da sede do governo da Alemanha
Oriental. Por sua vez, o edifício
também virou ruína em 2006.
No descampado que resultou
do imbróglio, o governo quer
reconstruir o Berliner Schloss,
para a fúria dos que consideram o antigo prédio uma aberração arquitetônica. O projeto
(berlinerschloss.de) passou
pelo Congresso e espera aprovação do Executivo e depende
de orçamento de 80 milhões.
Outro castelo, esse em admirável estado de conservação, é
o de Sanssouci (www.spsg.de/index.php?id=163), palácio
rococó do imperador prussiano
Frederico, o Grande, que fica
no município vizinho de Potsdam e foi construído entre os
anos de 1745 e 1747 num parque ricamente ajardinado de
287 hectares.
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