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ALEMANHA RENOVADA
Para professor, as intervenções feitas em prédios antigos indicam que Berlim quer ser cidade do futuro
Edifícios sinalizam a ruptura com o passado
PRISCILA PASTRE-ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é preciso entender de arquitetura para fazer um prazeroso roteiro pela história alemã
observando seus edifícios.
Vale elaborar uma programação pelos principais marcos
arquitetônicos de Berlim -como o museu Judaico
(www.juedisches-museumberlin.de), de Daniel Libeskind, o Reitchstag, de Norman
Foster, e a Torre de TV
(www.berlinerfernsehturm.de), construção mais alta
da cidade e hoje considerada
símbolo da Alemanha reunificada, em Alexanderplatz.
Mas arrisque-se também por
pontos não tão populares, como a Kaiser-Wilhelm-Gedächtnis-Kirche, igreja projetada por Franz Heirich
Schwechten (www.gedaechtniskirche.com) há cerca de
120 anos. Bombardeada na Segunda Guerra (1939 -1945), foi
reconstruída nos anos 50 pelo
arquiteto berlinense Egon
Eiermann (1904-1970).
Em Tiegarten, na parte ocidental de Berlim, o visitante faz
ainda uma viagem a obras de
arquitetos como o brasileiro
Oscar Niemeyer, 102, o dinamarquês Arne Jacobsen (1902
-1971) e o franco-suíço Le Corbusier (1887-1965).
Diferentes
A reconstrução da Berlim devastada no pós-guerra aconteceu de maneira diferenciada do
lado ocidental e do lado oriental. Seja qual for seu roteiro,
não deixe de decifrar a cidade
neste contexto arquitetônico.
Do lado ocidental, muitos
monumentos foram reconstruídos, mais ou menos na forma original. No oriental, os edifícios destruídos foram substituídos por construções de arquitetura stalinista, de inspiração moderna, mas pobre de soluções e algo monótona.
Para Pedro Paulo Funari, do
departamento de história da
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a diferença
se explica pelo fato de o governo da Alemanha ocidental ter
optado por preservar os antigos
edifícios da cidade, enquanto o
da parte oriental, comunista e
mais industrial, optava por
construções monumentais e
modernistas, características
dominantes da época em que
Joseph Stalin foi o ditador soviético -fase que vai de 1929
até a sua morte, em 1953.
"Não é difícil identificar a
parte oriental de Berlim. Há
muitos edifícios populares. São
aqueles prédios baixinhos, retangulares, quase não encontrados na parte ocidental."
Tendência
O professor atenta para o trabalho realizado desde a unificação alemã, há cerca de 20 anos,
nos prédios antigos.
Para ele, o que ocorreu não
foi uma restauração, mas uma
mudança arquitetônica que visava jogar um olhar mais sobre
o futuro do que sobre o passado. Como exemplos, cita o Parlamento e o Museu Judaico.
"O Parlamento visitado hoje
não tem nada a ver com o Parlamento antigo [referindo-se
principalmente à cupula de vidro de Norman Foster]. Inclusive na parte interna, esse prédio é bem moderno", diz.
Para ele, algo parecido acontece com o Museu Judaico, que
representa o passado com uma
arquitetura pós-moderna,
mostrando os judeus como partícipes da história da Alemanha. "Você entra ali e se depara
mais com a contribuição dos judeus para a história e a cultura
alemãs do que com uma história de destruição", diz Funari.
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