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NJ VÊ NY
Apesar de Atlantic City estar à beira-mar, são shows, lutas de boxe e luxo de 13 megahotéis que, de fato, fisgam turista
Contidos cedem ao jogo na cidade-cassino
DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA JERSEY
Resistir à tentação de colocar
pelo menos uma moeda em um
caça-níquel de um cassino em
Atlantic City exige muita determinação. Tudo conspira para que
até mesmo o visitante mais contido ceda e arrisque a sorte no jogo.
A trama começa na hospedagem. Treze hotéis-cassinos espalham-se pela cidade, o mais novo
deles, o Borgata Hotel Casino &
Spa Atlantic tem 2002 quartos, 11
restaurantes, lojas e spa.
De um modo geral, a decoração
do hotéis-cassinos -um misto de
espelhos, lustres e carpetes coloridos- tenta proporcionar uma
sensação de luxo desde a recepção. Para chegar ao quarto, é preciso cruzar salões repletos de caça-níqueis e mesas de jogo. Até
mesmo os hotéis convencionais
destacam a proximidade dos cassinos como uma vantagem para
conquistar os hóspedes.
Os painéis luminosos das máquinas mais modestas pedem
apenas cinco centavos por uma
jogada. Por que resistir? Basta observar durante alguns minutos o
salão de jogos para concluir que é
quase certo que a porcentagem
dos que se contêm entre os mais
de 30 milhões de turistas que visitam anualmente Atlantic City deve ser bem pequena.
Uma pesquisa feita por George
Sternlieb e James W. Hughes, autores do livro "Atlantic City Gamble", indica que o visitante gasta
em média US$ 20 em cada jogo,
durante o período da estada.
A emoção de apostar dinheiro
no jogo parece atrair principalmente idosos e mulheres. Durante o dia, é fácil constatar que pessoas acima de 60 anos e aposentadas são maioria nos cassinos.
Muitos já nem conseguem se locomover com as próprias pernas,
mas recebem ajuda dos seguranças -em sua maioria imigrantes
latinos-, contratados para ajudar os idosos a descer das vans e a
se acomodar em uma cadeira de
rodas ou em um andador.
Sternlieb e Hughes contam que,
logo que surgiram os primeiros
cassinos na cidade, os idosos já
eram 30% dos frequentadores, o
que forçou os empresários a fazer
algumas modificações nos ambientes de jogo e a colocar cadeiras em frente aos caça-níqueis.
Quando a reportagem da Folha
chegou ao cassino-hotel Tropicana (www.tropicana.net), uma
mulher de 75 anos, que como a
grande maioria não gosta de se
identificar, tinha acabado de ganhar US$ 9.000 numa máquina
em que uma galinha viva é o adversário do apostador no jogo-da-velha. A mulher corria pelo salão
contando sua vitória aos amigos
que a acompanhavam.
Playground
Apesar de ser uma cidade litorânea, Atlantic City, que tem orgulho de exibir o título de "playground" favorito dos americanos,
pode decepcionar o visitante que
gosta de passeios ao ar livre.
O curioso é que a cidade apresenta a praia em seu portfólio como diferencial em relação a Las
Vegas, mas a maioria das opções
de entretenimento que os cassinos oferecem está dentro do complexo hoteleiro. São bailes, musicais com famosos ou quase famosos, peças teatrais, lutas de boxe e
concursos de beleza. O hóspede
acaba não tendo tempo para buscar diversão fora dali.
Mas quem resolve escapar para
aproveitar a praia e as atrações à
beira-mar não se arrepende. A
praia é limpa e não deixa muito a
desejar em relação ao litoral de
São Paulo no quesito paisagem.
O "boardwalk" (calçadão à beira-mar) -o primeiro a ser construído no mundo, em 1870- tem
13 km e é o coração da cidade. Em
sua extensão se abrigam vários
hotéis-cassinos de Atlantic City,
além de outras atrações, como
minipistas de golfe e píeres.
Entretanto o visitante precisa
estar disposto a percorrê-lo a pé
ou a alugar uma "rolling-chair"
(uma espécie de carroça empurrada por um homem), a um custo
de US$ 2,5 por quarteirão. Apesar
de o "boardwalk" ser ideal para o
ciclismo, só é permitido andar de
bicicleta no local das 6h às 10h.
Como um verdadeiro playground, Atlantic City, com cerca
de 40 mil habitantes, oferece poucos passeios culturais. Também
não espere ver construções antigas. Quase tudo por lá foi reconstruído nos últimos 30 anos.
Ironicamente, a cidade, que foi
tema de "Atlantic City" (1980), filme que levou o diretor Louis Malle a vencer o Leão de Ouro no
Festival de Veneza, não possui salas de exibição de cinema.
Alta temporada
Para quem gosta de badalação,
o verão -início de junho até
meados de setembro- é a melhor época para conhecer Atlantic
City. Os cassinos programam
shows com personalidades, e os
dias, com temperatura acima dos
30º C, tornam a praia uma opção
viável. No final de setembro, a cidade será sede do concurso de beleza que elege a "Miss América",
no Boardwalk Hall.
Mas o vice-prefeito da cidade,
Ernest Coursey, alerta que nesse
período tudo fica mais caro. Ele
sugere aos que querem economizar uma visita à cidade entre novembro e março.
O ingresso para ir ao show da
cantora Mariah Carey, que será
no dia 20 de setembro, no Trump
Taj Mahal (www.trumptaj.com),
custa entre US$ 50 e US$ 100. Por
bem menos, entre US$ 35 e US$
40, é possível assistir à performance de Cyndi Lauper, no Hilton (www.hiltonac.com), nos
próximos dias 22 e 23.
Para quem quiser fugir dos restaurantes dos hotéis, há boas opções na cidade. Vale a pena gastar
uma média de US$ 45 por pessoa
para saborear um dos pratos de
frutos do mar, acompanhado de
um bom vinho, no Dock's Oyster
House (Atlantic Avenue, 2.405),
restaurante administrado pela
mesma família desde 1897.
(NOELI MENEZES SOARES)
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