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NJ VÊ NY
Balneário apostou na jogatina e no entretenimento para driblar a decadência, os problemas sociais e a violência
Atlantic City já era playground no séc. 19
DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA JERSEY
A história recente de Atlantic
City é a trajetória de uma cidade
que enfrentou com sucesso problemas com o desemprego, as
drogas e a violência. Antes de ostentar prédios suntuosos que reluzem 24 horas por dia, a cidade,
que já tinha vivido dias de fama,
enfrentou a decadência.
Fundada em 1793 na ilha de Absecon, já na primeira metade do
século 19 a cidade demonstrava
seu potencial turístico, ao se tornar balneário de homens de negócios em férias. Resorts, restaurantes e casas noturnas fizeram de
Atlantic City o destino preferido
de ricos nos Estados Unidos nos
loucos anos de 1920.
Nas décadas seguintes, Atlantic
City ganhou ares de playground,
com a presença de ídolos norte-americanos como os músicos
Frank Sinatra, Duke Ellington e
Benny Goodman, que viraram figuras frequentes nas casas de
show da cidade.
Jogo duro
A fase de decadência se iniciou
por volta dos anos 1950, quando
as viagens de avião se tornaram
mais acessíveis e locais como o
Estado da Flórida, as ilhas do Caribe e alguns países da Europa
despontaram no cenário turístico,
roubando visitantes de Atlantic
City. A população, que chegou a
66 mil habitantes nos anos 1930,
empobreceu com o declínio do
turismo. Favelas, drogas e violência substituíram o glamour dos
resorts.
A recuperação do potencial turístico e, consequentemente, da
economia local, começou em novembro de 1976, quando o Estado
de Nova Jersey aprovou, por meio
de um referendo, uma emenda à
Constituição estadual autorizando o jogo em Atlantic City.
Apesar das expectativas de crescimento geradas com a permissão
para a instalação de cassinos na
cidade, muitos se opuseram à legalização do jogo. Grandes corporações foram acusadas de lobby.
Católicos e protestantes alertavam para o risco de degradação
moral da sociedade.
Polêmicas sobre o pano verde à
parte, o fato é que hoje praticamente não há mais favelas em
Atlantic City, e o índice de violência caiu drasticamente. Casos de
policiais corruptos que dão proteção a jogatinas ilegais já não fazem mais sentido.
A indústria dos cassinos gera
mais de 45 mil empregos numa cidade de pouco mais de 40 mil habitantes. Residentes de municípios vizinhos trabalham em
Atlantic City. Mas ainda existem
problemas sociais.
Muitos dos moradores das
áreas pobres não foram beneficiados pelos empregos gerados pelos
hotéis-cassinos e/ou foram levados para lugares distantes, o que
causou protestos de organizações
não-governamentais.
O lobby que existe agora é para
que a indústria do cassino invista
em projetos sociais. Segundo o
governo de Nova Jersey, esse segmento gera uma receita de US$
4,1 bilhões ao ano.
De acordo com o vice-prefeito
de Atlantic City, Ernest Coursey,
atualmente 8% dessa receita é investida na cidade. Ele diz ainda
que a cidade luta para se projetar
como um destino para famílias e,
apesar do sucesso dos cassinos,
discute-se a criação de mais atrações não relacionadas ao jogo.
Por ora, a indústria dos cassinos
não parece dar sinais de esgotamento. O 13º hotel-cassino de
Atlantic City foi inaugurado no
mês passado. O Borgata recebeu
US$ 1 bilhão em investimentos e
deve gerar 5.000 empregos.
(NOELI MENEZES SOARES)
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