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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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NJ VÊ NY

Balneário apostou na jogatina e no entretenimento para driblar a decadência, os problemas sociais e a violência

Atlantic City já era playground no séc. 19

DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA JERSEY

A história recente de Atlantic City é a trajetória de uma cidade que enfrentou com sucesso problemas com o desemprego, as drogas e a violência. Antes de ostentar prédios suntuosos que reluzem 24 horas por dia, a cidade, que já tinha vivido dias de fama, enfrentou a decadência.
Fundada em 1793 na ilha de Absecon, já na primeira metade do século 19 a cidade demonstrava seu potencial turístico, ao se tornar balneário de homens de negócios em férias. Resorts, restaurantes e casas noturnas fizeram de Atlantic City o destino preferido de ricos nos Estados Unidos nos loucos anos de 1920.
Nas décadas seguintes, Atlantic City ganhou ares de playground, com a presença de ídolos norte-americanos como os músicos Frank Sinatra, Duke Ellington e Benny Goodman, que viraram figuras frequentes nas casas de show da cidade.

Jogo duro
A fase de decadência se iniciou por volta dos anos 1950, quando as viagens de avião se tornaram mais acessíveis e locais como o Estado da Flórida, as ilhas do Caribe e alguns países da Europa despontaram no cenário turístico, roubando visitantes de Atlantic City. A população, que chegou a 66 mil habitantes nos anos 1930, empobreceu com o declínio do turismo. Favelas, drogas e violência substituíram o glamour dos resorts.
A recuperação do potencial turístico e, consequentemente, da economia local, começou em novembro de 1976, quando o Estado de Nova Jersey aprovou, por meio de um referendo, uma emenda à Constituição estadual autorizando o jogo em Atlantic City.
Apesar das expectativas de crescimento geradas com a permissão para a instalação de cassinos na cidade, muitos se opuseram à legalização do jogo. Grandes corporações foram acusadas de lobby. Católicos e protestantes alertavam para o risco de degradação moral da sociedade.
Polêmicas sobre o pano verde à parte, o fato é que hoje praticamente não há mais favelas em Atlantic City, e o índice de violência caiu drasticamente. Casos de policiais corruptos que dão proteção a jogatinas ilegais já não fazem mais sentido.
A indústria dos cassinos gera mais de 45 mil empregos numa cidade de pouco mais de 40 mil habitantes. Residentes de municípios vizinhos trabalham em Atlantic City. Mas ainda existem problemas sociais.
Muitos dos moradores das áreas pobres não foram beneficiados pelos empregos gerados pelos hotéis-cassinos e/ou foram levados para lugares distantes, o que causou protestos de organizações não-governamentais.
O lobby que existe agora é para que a indústria do cassino invista em projetos sociais. Segundo o governo de Nova Jersey, esse segmento gera uma receita de US$ 4,1 bilhões ao ano.
De acordo com o vice-prefeito de Atlantic City, Ernest Coursey, atualmente 8% dessa receita é investida na cidade. Ele diz ainda que a cidade luta para se projetar como um destino para famílias e, apesar do sucesso dos cassinos, discute-se a criação de mais atrações não relacionadas ao jogo.
Por ora, a indústria dos cassinos não parece dar sinais de esgotamento. O 13º hotel-cassino de Atlantic City foi inaugurado no mês passado. O Borgata recebeu US$ 1 bilhão em investimentos e deve gerar 5.000 empregos. (NOELI MENEZES SOARES)

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