São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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MARROCOS

Riqueza de detalhes define a arquitetura

Fruto do encontro de islâmicos e andaluzes, decoração é simbolizada pelos zelliges ou mosaicos

COLABORAÇÃO PARA FOLHA, EM MARROCOS

Fruto da invasão marroquina na península Ibérica, a arte hispano-mourisca nasceu do encontro entre as tradições artísticas islâmicas e andaluzas.
É a grande arte do detalhe, com uma extraordinária riqueza decorativa. A proibição da representação de figuras humanas e animais pelo Islã impediu o desenvolvimento da pintura e da escultura, mas elevou a arquitetura a arte maior.
Ao andar pelas ruelas de uma medina (parte histórica das cidades), é impossível bisbilhotar as casas, sem janelas para a rua.
A beleza da arquitetura marroquina está quase sempre oculta por muros e imensas portas de madeira maciça. A recente possibilidade de se hospedar em riads -casas tradicionais com pátio interno- é uma dádiva para curiosos.
Não é possível descrever uma casa marroquina tradicional sem falar da importância da água e do jardim.
Nas vilas requintadas, entre palmeiras, glicínias e jasmins, há sempre uma fonte no meio do pátio -ricamente decorado com zelliges, mosaicos geométricos de cerâmica esmaltada e colorida introduzidos em Marrocos no século 10, que formando infinitas composições.
Os zelliges estão presentes em quase todas as construções. Outra ornamentação típica são os trechos do Alcorão -em escritura cúfica ou nasji. Nos palácios, destaque para os moucharabiehs, janelas em madeira trabalhada que serviam para as mulheres verem sem serem vistas. Os tetos pintados, os arcos e as fontes são outro "must" da arquitetura marroquina.
As mesquitas são um capítulo a parte. Em Marrocos, os minaretes -torres que se elevam dos ângulos da mesquita- são geralmente quadrados. No topo deles, há sempre uma cúpula com janelas, de onde são feitos os chamados para a oração.
Debaixo dos telhados verdes (a cor do Islã) das mesquitas, as surpresas não são menores. Destaque para o pátio com a fonte para as abluções, o haram -a vasta sala de orações- e o mihrab -um nicho escavado na parede que indica a direção de Meca. É nessa direção que os muçulmanos devem se voltar para fazer as cinco orações diárias. Como a entrada de turistas não-muçulmanos nas mesquitas é proibida, resta o consolo de ver toda esta beleza através das portas entreabertas. (LETÍCIA FONSECA-SOURANDER)


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