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CEILÃO CONFLAGRADO
"População civil não é poupada", diz Anistia
MÁRCIO GONTIJO
especial para a Folha
O Sri Lanka convive com um
conflito armado importante entre
o grupo Tigres de Libertação do
Eelam Tâmil e as Forças Armadas
do governo. Infelizmente há falta
de respeito às normas humanitárias internacionais, e a população
civil não é poupada.
No ano passado, das milhares
de pessoas detidas, dezenas eram
"presos de consciência", ou seja,
pessoas pacíficas aprisionadas por
suas idéias, crenças, cultura etc. A
tortura e os maus-tratos foram
práticas generalizadas, inclusive
levando quatro prisioneiros à
morte.
Pelo menos 14 pessoas desapareceram, e o grupo Tigres de Libertação do Eelam Tâmil praticou
graves abusos contra os direitos
humanos. Um ano atrás a Anistia
Internacional, em reunião com o
representante do grupo, solicitou
o respeito ao compromisso que
havia assinado com o responsável
especial da ONU, no sentido de serem respeitadas as normas internacionais humanitárias.
A Anistia Internacional solicitou que se investigasse um ataque
realizado, aparentemente pelos
Tigres, contra um avião, quando
foram mortos 55 civis. No mundo
todo, as maiores vítimas dos conflitos armados são civis.
O tempo passa, e eles continuam
a ser um indevido alvo fácil dos
conflitos. No Sri Lanka um bombardeio aéreo no distrito de Mullaitivu, em 15 de setembro último, resultou na morte de 22 civis
do grupo tâmil.
A Anistia Internacional escreveu à presidente do país manifestando sua preocupação. Talvez
por revanche, no dia 18 do mesmo
mês, em três localidades do distrito de Amparai, foram deliberadamente mortos 50 civis, por
membros de libertação do grupo
Eelam.
Há temores de que retornem
ataques deliberados em larga escala a civis das comunidades de
Sinhala e Muslim, áreas fronteiriças às reivindicadas pelo grupo
como um Estado independente
denominado Eelam.
No passado, nessa área, foram
mortas centenas de civis, não havendo notícia de mortes em larga
escala como as verificadas nos últimos três anos.
A Anistia Internacional apela à
população do Sri Lanka, seja de
que facção for, para que respeite
as normas internacionais humanitárias e para que evite alvos civis. Pois não se trata de garantias
deste ou daquele grupo, mas de
todo ser humano. São garantias
da sobrevivência da espécie humana, que precisa como nunca
de um mínimo de respeito e paz
para sobreviver.
Márcio Gontijo, 48, advogado, é presidente da seção brasileira da Anistia Internacional, que é apartidária e luta pelo fim da tortura e da pena de morte. Mais informações
sobre a entidade podem ser obtidas à rua Vicente Leporace, 833, Campo Belo, São Paulo, SP, tel. 0/xx/11/542-9819, site na Internet
www.utopia.com.br/anistia
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