free-lance para a Folha

Ao longo de sua história, o Sri Lanka sofreu diversas invasões. No começo do século 5º a.C., foram os indianos os primeiros invasores. Eles introduziram técnicas mais avançadas de agricultura e irrigação e, no século 3º a.C., trouxeram o budismo ao país.
A religião teve um papel importante na formação cultural da ilha, enquanto as técnicas de irrigação que foram introduzidas possibilitaram o desenvolvimento da economia.
Posteriormente, até meados do século 15, povos vindos da China e da Malásia também chegaram à ilha. A partir do ano de 1500, portugueses, alemães e ingleses passaram a disputar o controle político e religioso do país. No domínio britânico, meios modernos de comunicação, a medicina ocidental e as plantações em escala industrial de chá, borracha e coco foram introduzidos.
Sob a influência de tantos povos diferentes, criou-se um caldeirão cultural no país e não demoraram a surgir os conflitos étnicos. Por serem muito violentas, as guerrilhas denegriram por muito tempo a imagem do Sri Lanka, afastando, assim, o turismo e os investimentos internacionais.
Há dois grupos no centro dos conflitos: os tâmeis, minoria hindu trazida das castas mais baixas da Índia por ingleses, para ser usada como mão-de-obra barata nas plantações de chá, e os cingaleses, maioria budista que vive na ilha desde o século 6º a.C.
O temor de que a língua e a religião tâmeis fossem encobertas pela maioria cingalesa fez surgir, na década de 50, as primeiras desavenças entre as duas etnias.
Em 1983, os pequenos conflitos que se arrastavam ao longo do tempo culminaram numa explosão de violência, que deixou mais de 50 mil mortos e 100 mil tâmeis refugiados na Índia.
Ao longo da década de 80, os Tigres de Libertação do Eelam Tâmil, grupo guerrilheiro tâmil mais radical, provocou diversos ataques terroristas, deixando centenas de vítimas.
Em janeiro de 1995, foi firmado um cessar-fogo na guerra civil, que matou mais de 30 mil pessoas desde 1993. Porém a trégua foi rompida em abril do mesmo ano e continuaram os conflitos e os atentados. Na última quinta, por exemplo, pelo menos 15 guerrilheiros dos Tigres foram mortos durante uma batalha com a Marinha do Sri Lanka na costa noroeste do país. Também correm risco de vida diversos políticos com representação no Parlamento, que são constantemente ameaçados pelos Tigres.