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BONS VELHINHOS
Aos 114 anos, confeitaria Colombo continua inteirona
Freqüentadas por celebridades, intelectuais e políticos, mesas, e receitas, fazem parte da história do país
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Salão da confeitaria Colombo, inaugurada há 114 anos
DA ENVIADA ESPECIAL
Tirar os pés da rua Gonçalves
Dias, no centro, e colocá-los
dentro da confeitaria Colombo
é a prova indefectível de que é
possível se transportar no tempo. O cenário muda. O clima
muda. O barulho muda. Turistas e freqüentadores, encantados com os móveis antigos, a
arquitetura art nouveau da belle époque carioca, mudam.
O que acontece a partir dali é
uma viagem na história. Escolheu a mesa 38? Ora, ela era a
preferida de Getúlio Vargas. A
23? Fez como Juscelino. A 54?
Era a mesa habitual do escritor
José Lins do Rego. E tem ainda
as favoritas de Marta Rocha,
Sofia Loren e Leila Diniz, só para citar alguns nomes ilustres
que já freqüentaram uma das
confeitarias mais antigas da
América Latina.
Para se orientar melhor no
grande salão e na escolha do
que comer, peça ajuda aos garçons mais antigos, que têm tudo na ponta da língua. Seu Orlando Almeida Duque, 71, é um
deles. Trabalha ali há 57 anos.
"Conheci e servi essa gente toda. Sei de cor as mesas e os pratos preferidos de cada um", diz.
E dispara: "O Getúlio só comia o filé mignon à gaúcha", referindo-se ao prato de medalhão grelhado, arroz, batata frita, farofa de alho, torrada e molho à moda da campanha, que
permanece no cardápio, a R$
49,50. De fato, há bons pratos
para almoço na confeitaria. Aos
sábados, das 12h às 16h30, vale
experimentar o bufê de feijoada (R$ 49,50 por pessoa, com
salada e uma sobremesa).
Mas charmoso mesmo é tomar um longo e demorado café
da manhã, servido há 114 anos
no mesmo horário: das 9h às
11h. O simples vem com chá, café ou chocolate, leite, manteiga,
geléia, mel, queijo, presunto,
pão de leite, torradas e um suco
de laranja. Serve duas pessoas e
custa R$ 17,70.
Chegou tarde demais para o
café? Vá de chá. Para ele, qualquer hora é hora. O "Colombo"
(R$ 27,90) vem com chá, mel,
geléia, manteiga, pães, queijo,
presunto, torrada, fatia de bolo,
suco de laranja, frutas frescas,
um doce pequeno, casadinhos,
minisanduíches e salgadinhos.
Tente não se incomodar com
os flashes dos celulares e das
máquinas digitais. E, enquanto
estiver comendo, resista aos
próprios cliques. A cadeira
acolchoada e o ambiente pra lá
de aconchegante, à meia-luz,
convidam a uma pausa. Em horários alternados, um pianista
toca ao vivo. E o convite é para
que se faça uma refeição como
ela deve ser: calma.
De recordação dessa verdadeira viagem no tempo, o bonito cardápio é vendido a R$ 12.
No segundo andar -além de
uma vista privilegiada do lugar-, há louças com a marca da
confeitaria, com preços que variam de R$ 10 (caso de uma tacinha para licor) a R$ 120 (caso
da sopeira). Já para levar um
pouco do sabor para casa, na
frente do salão há uma bancada
cheia de delícias que levam a
assinatura da Colombo. O pote
de 600 gramas de marmelada
ou de figada custa R$ 17, cada
um. O de 800 gramas do doce
de leite, R$ 12.
E saia de lá, de volta ao vaivém agitado do centro, com a
agradável constatação de que a
confeitaria carioca não fica devendo nada -nem em beleza
nem em glamour- aos cafés
mais badalados do mundo: do
argentino Tortoni (www.cafetortoni.com.ar), que neste ano completou 150 anos, ao
italiano bicentenário Greco.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
CONFEITARIA COLOMBO
Rua Gonçalves Dias, 32, centro;
tel.: 0/xx/21/2505-1500; funciona
de segunda a sexta, das 9h às 20h;
aos sábados e durante os feriados,
das 9h30 às 17h
www.confeitariacolombo.com.br
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