São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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NOVA ORLEANS

Passeio causa polêmica, mas desperta interesse ao visitar casas devastadas pelo furacão e abrigos para vítimas

Tour mostra áreas atingidas pelo Katrina

DA ASSOCIATED PRESS

Em Nova Orleans, um novo passeio leva o turista para ver lojas fechadas e casas destruídas nas áreas atingidas pela passagem do furacão Katrina, em agosto do ano passado. O tour de ônibus, organizado pela Gray Line New Orleans, causou polêmica entre alguns moradores. Eles questionam se a atividade é um oportunismo mórbido ou uma forma de ajudar as pessoas a entenderem a dimensão da tragédia.
"Senti-me culpada ao ir, mas é algo que temos de fazer", disse Toni Stone, passageira da primeira excursão da companhia para ver as ruínas do Katrina.
Eric Tapp, vítima das enchentes e morador do bairro de Gentilly, um dos mais atingidos pelo furacão e por onde o ônibus passa, parecia resignado quando foi perguntado se sentia ressentimentos em relação à Gray Line por ganhar dinheiro com a tragédia. "É uma cidade aberta", disse. "Não há nada que se possa fazer."
O passeio custa US$ 35 para adultos e US$ 28 para crianças. Dura três horas, e sua rota inclui a Canal Street, onde muitos estabelecimentos comerciais permanecem fechados depois das enchentes que atingiram 80% da cidade e dos saques que se seguiram.
O ônibus passa também pelo Superdome, onde milhares se refugiaram e esperaram por ajuda por dias, e pelo Centro de Convenções Morial, outro abrigo, onde algumas pessoas morreram enquanto aguardavam o resgate. Vai depois para algumas das áreas mais atingidas, como Lakeview e Gentilly. Nesses bairros, onde a água chegou até o telhado, escombros se acumulam, e casas aguardam a demolição.
A companhia prometeu doar US$ 3 por cada ingresso vendido para instituições de caridade relacionadas ao Katrina. A executiva local da Gray Line, Julee Pearce, acredita que as excursões ajudarão o turismo na cidade a se levantar. A Gray Line, por exemplo, tinha 65 funcionários antes do furacão; hoje, há apenas seis empregados. Pearce também disse que a companhia tem recebido telefonemas de pessoas interessadas no passeio, incluindo escolas.
Os passageiros do tour recebem um pacote com fotos da destruição e uma carta, cujo conteúdo pede ajuda para a cidade. Pearce afirmou ainda que os organizadores do passeio queriam chamar a atenção para outras áreas de Nova Orleans, menos divulgadas, mas que também foram seriamente atingidas. Outras excursões menores foram organizadas na área nas últimas semanas.


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