São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2001

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LITORAL DE CONTRASTES

População espera chegada de um telefone público

Quietude local só é abalada por cultos evangélicos

NO LITORAL CEARENSE

Ponta Grossa é tão sossegada que ainda nem telefone tem, embora haja um orelhão, sem o aparelho. "Eles colocaram o capacete na última "política'", relata o morador Eliseu Crispim, referindo-se à campanha eleitoral para prefeito do ano passado.
De acordo com a Prefeitura de Icapuí, município onde fica a praia, o telefone público deve ser instalado até abril.
O povoado tem a quietude quebrada apenas pelo burburinho das ondas do mar e pelos cultos na Assembléia de Deus.
Sim, pois a grande maioria da população é evangélica e leva muito a sério a religião. Muitos vão ao templo rezar às 4h todos os dias, e as mulheres quase sempre têm cabelos muito longos.
O único culto que pode incomodar os turistas é o de domingo de manhã, realizado das 5h às 7h, acordando os mais preguiçosos.
Mas o horário não chega a ser um incômodo tão grande, pois a falta de entretenimento noturno obriga os poucos turistas que passam uma temporada no local a dormir cedo e desfrutar das belezas da região enquanto é dia.
Vale a pena aproveitar a luz solar para decifrar os animais e os tipos humanos esculpidos nas rochas avermelhadas e para descobrir as cores das pedras próximas à água doce que brota praticamente dentro do mar.
De acordo com a população, essas águas chegavam a formar piscinas naturais até serem aterradas pela própria areia. Os moradores garantem que o fenômeno costuma atrair peixes-bois e que esses animais são facilmente avistados a partir de jangadas e barcos, principalmente de pescadores.
Segundo eles, a carne do animal era muito apreciada em Ponta Grossa, até o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) proibir a pesca da espécie, que está ameaçada de extinção.

Esqui-bunda
Outra dádiva que a natureza deu à região são as dunas, de onde se pode avistar o pôr-do-sol de um lado e o vizinho povoado de Redonda do outro.
O cenário, cercado por cajueiros pertencentes a uma fazenda particular, é perfeito para a prática do esqui-bunda (leia mais sobre a atividade nas págs. F6 e F8).
A "prancha" de madeira pode ser emprestada por Eliseu Crispim, que acompanha os turistas às dunas e ainda lambuza o fundo da prancha com bastante parafina para que ela deslize com uma velocidade alta.
Também vale a pena caminhar sem rumo pela praia, repleta de pontos desertos, e chegar meio por acaso, se o destino for leste, à também sossegada praia de Peroba ou passar em frente à cinematográfica sede da fazenda da família Queiroz, em Retiro Grande, se a direção tomada for oeste.
O único problema é que o mar dessa região, embora calmo, é repleto de sargaço (espécie de alga), que só não lambe as pernas do banhista quando a maré está baixa.
(MARISTELA DO VALLE)


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