São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

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MOCHILA À CUBANA

Ir a Havana Velha é como viajar no tempo

Bairro é ruidoso, com trilha de salsa, jazz e raggaeton; dizer "no, gracias" basta para afastar os "jineteros"

DO ENVIADO ESPECIAL A CUBA COLABORAÇÃO PARA FOLHA, EM CUBA

Não se decepcione se o primeiro carro que você ver em Havana não for um Buick, um Cadillac ou BellAir. Os táxis que levam os recém-chegados do aeroporto à capital são máquinas novas. No caminho até lá, não se espante se cruzar com Audis, Toyotas e Mercedes. Eles existem na ilha, mas sequer habitam os sonhos dos cubanos. A viagem no tempo que muitos procuram começa em Havana Velha.
Os quarteirões são formados por ruas estreitas, onde vetustos prédios fazem reverberar o som da cidade. Os cubanos são barulhentos. Parece que há caixas de som espalhadas pelas ruas. A salsa, o jazz e o reggaeton (ritmo que mistura a batida do hip hop com reggae, mas com conteúdo duvidoso) pulsam ininterruptamente. Mas a melhor música da cidade, obviamente, não vem das casas, mas sim dos bares.
Coloque na sua lista os já badalados Bodeguita del Médio e Floridita, mas inclua o Monserrat, o La Zorra y el Cuervo, esse em Vedado, e o Rosalía de Castro, onde os principais músicos da cidade ensaiam.
Fora da rota musical, ainda há muitas histórias para se conhecer em Havana. E para isso, prefira ir a pé.
Siga pelo paseo de Martí, um bulevar que divide Havana Velha e Centro Havana. Não é raro algum grupo musical ou de dança se apresentar sob as árvores que transformam a passarela em uma espécie de túnel.
Em direção à calle Obispo, você já pode observar o aglomerado de gente que ruma para a plaza das Armas. Mas o melhor mesmo é se perder.
Caminhar pelo Malecón, a avenida à beira-mar que cobre uma área de cerca de oito quilômetros. Parar para tomar rum e fumar um puro no bar do hotel Nacional, o mais famoso da ilha. Porque um diazinho de luxo não vai fazer mal a mochileiro nenhum.
A cara visita de 10 CUCs (R$ 18) a uma fábrica de charutos, a Partagás, elucida o porquê dos 448 CUCs (R$ 806) cobrados por uma caixa dos famosos Cohiba. O processo é todo manual.
Daí também a abundante oferta de charutos nas ruas. Não compre nada dos vendedores ambulantes. O preço é mesmo convidativo, cerca de um quarto do valor anotado nas lojas oficiais, mas a maioria dos produtos é falsificada.
Os chamados "jineteros", homens ou mulheres que se oferecem para dar uma mão ao turista em troca de dinheiro, é o mais deve causar incômodo. Seja firme. Um "no, gracias" funciona bem.
Também é comum ouvir pedidos de canetas, sabonetes, xampus e até de peças de roupa. É uma minoria que faz isso e que incomoda até mesmo outros cubanos.
A viagem a Cuba acaba sendo importante para que se entenda melhor o que anos de embargo econômico imposto pelos Estados Unidos e a derrocada soviética causaram ao país.


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