São Paulo, Segunda-feira, 12 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CENTRO-OESTE
Além do empadão goiano e do arroz com pequi, experimente ainda o alfenim e o bolinho de arroz
Cozinha de Goiás lembra a de Minas

da enviada especial a Goiás Velho

Com o turismo ainda incipiente, não se pode desfrutar em Goiás Velho -como em Pirenópolis ou Alto Paraíso- das delícias da culinária goiana, muito próxima da cozinha mineira, embora mais puxada no cominho, no açafrão e na pimenta.
Os restaurantes da cidade funcionam apenas em dias de movimento, sobretudo nos feriados mais longos e nos finais de semana. E a comida típica, em vez de ser servida na maneira tradicional do Estado -refeições por pessoa, com várias opções de pratos- é oferecida no "moderno" sistema por quilo.
O arroz com pequi, um clássico da culinária goiana, por exemplo, só é encontrado em dias especiais. O pequi, um fruto amarelo que deve ser comido (melhor dizendo, "roído") com cuidado, pois tem espinhos dentro, possui, em igual número, adoradores ferrenhos e gente para a qual só o cheiro já espanta.
Algumas pousadas, como a do Ipê, também oferecem serviço de restaurante. No Ipê, um simpático casarão cujos quartos, com rede na varanda, dão para um jardim interno, são oferecidos o cardápio convencional e também o vegetariano.
Outras boas opções de hospedagem são a pousada Dona Sinhá, outro casarão transformado, e, para os mais exigentes, o novo hotel Vila Boa, com piscina, sauna, salão de jogos e telefone nos quartos, como um hotel de cidade grande.
As delícias de Goiás Velho têm de ser garimpadas, assim como antigamente ali se fazia com o ouro. Um lugar simples pode se revelar uma surpresa. É o caso do bar Paulinho's, localizado na avenida beira-rio, que oferece o melhor empadão goiano da cidade.
O empadão (R$ 1,50 cada) é delicioso. Como em toda a cidade, a tradição manda que seja preparado pelos homens -no caso, pelo Paulinho que deu o nome ao estabelecimento, ajudado por sua mulher, a falante Valdete, que atende às mesas pessoalmente.
A massa do empadão tem um recheio apimentado, com um tipo de caldo de frango, pedacinhos mínimos de linguiça, guariroba (o palmito amargoso de lá), um pouco de queijo e condimentos.

Mercado das delícias
No mercado da cidade, em frente à rodoviária velha, se esconde outra delícia: o bolinho de arroz de dona Inês, uma iguaria descoberta meio por acaso, em um dia que faltou fubá de milho para o bolo, e ela usou fubá de arroz, queijo e ovos. Custa R$ 0,50 cada.
Aproveitando a visita ao mercado, vale a pena comprar algumas garrafas de pimenta, cujos preços não ultrapassam R$ 3. As coloridíssimas e saborosas pimentas de cheiro, dedo-de-moça, cumarim, bode e malagueta são vendidas em garrafinhas, curtidas no azeite e no vinagre.
Outras guloseimas: os alfenins (docinhos em forma de figuras) de dona Silvia Curado, especialista na arte de manipular o açúcar com suas mãos "frias", e os doces cristalizados de Antonia (no final da rua Goiaci), que muitos compram para revender no centro da cidade, mais caros.
No largo do Rosário também podem ser encontradas peças de artesanato de cerâmica e pedra, cestos de palha, colchas em tear artesanal (de R$ 20 a R$ 45) ou "patchwork" (de retalhos, R$ 30 a de solteiro e R$ 50 a de casal).
Na praça Tiradentes, em um sobrado de 1913 onde, dizem, funcionou em outros tempos um bordel, está a loja de artesanato mais completa da cidade, com trabalhos manuais de cerâmica, crochê, tear e artigos feitos de chifre, como o berrante.
(CYNARA MENEZES)

Texto Anterior: Goiás Velho estacionou no século 18
Próximo Texto: Cachoeira exige entrada de R$ 2
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.