|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCOSUL
Qualidade de vida torna a cidade diferente
Montevidéu parece cidade do interior
EDER CHIODETTO
enviado especial a Montevidéu
O excelente nível de qualidade
de vida é o maior trunfo do turismo em Montevidéu.
Pesquisa realizada no ano passado pelo "Wall Strett Journal"
qualificou-a como a segunda cidade do mundo com menor índice de criminalidade, perdendoapenas para Tóquio, no Japão.
Essa segurança, que possibilita
os casarões do bairro nobre de
Carrasco não terem muros, aliada
à beleza natural do rio da Prata,
que banha a cidade, o zelo com os
espaços públicos e a estreita convivência da população com as artes fazem de Montevidéu uma opção rara de turismo dentro da
América Latina.
Embora 40% da população uruguaia resida na capital, o bom planejamento urbano evita que haja
trânsito caótico, mesmo com a cidade não sendo servida por metrô. Como boa parte do centro da
cidade é plano, o ideal é traçar um
ou vários roteiros a pé.
O ponto de partida pode ser a
Plaza Independencia, onde há
uma imponente escultura que
mostra o general Artigas sobre
um cavalo. Essa praça é o ponto
que une a cidade nova e a velha.
A cidade nova fica do lado onde
começa a avenida 18 de Julio, que
alguns uruguaios comparam com
a avenida Paulista. Essa é a principal rua de comércio e entretenimento. Ali pode-se comprar qualquer item de vestuário, produtos
eletrônicos e comida. Também é
possível se perder propositalmente nas suas galerias de arte.
Uma das diversões para quem
gosta de literatura é vasculhar as
inúmeras livrarias que se multiplicam pela avenida com ofertas
tentadoras. Se você cair nessa tentação, leve os livros comprados
para o outro lado da Plaza Independencia, na cidade velha, passe
pela via Sarandi, uma via para pedestres, e, na Plaza Matriz, escolha um dos cafés de onde se pode
ver a bela catedral Metropolitana.
Sente aí e comece a saborear
seus livros tomando um mate
(como o chimarrão gaúcho) ou
um "medio y medio", uma bebida
local feita com meia dose de vinho
branco seco e meia de moscatel
espumante, servida bem gelada.
Não deixe, porém, que o excesso de bebida ou a preguiça o impeçam de caminhar pelas ramblas
arborizadas que desembocam na
orla do rio da Prata. Um passeio
pelo calçadão durante o pôr-do-sol é segurança de um fim de tarde mais que agradável.
Sempre andando pela orla, logo
você encontrará o porto e um dos
mais interessantes locais da capital: o Mercado del Puerto. É ali o
ponto de encontro de empresários, artistas, estivadores, estudantes e donas de casa. O local,
projetado pelo arquiteto francês
Eiffel, o mesmo que desenhou a
famosa torre parisiense, existe há
mais de um século em frente a um
relógio inspirado no Big Ben.
No mercado pode-se encontrar
qualquer iguaria local. O destaque, porém, é a parrilla, churrasco
feito sobre grelhas onde diversos
tipos de carnes, incluindo carneiro e frango, além de muitas vísceras, são assados lentamente em
brasas. Pode-se comer descontraidamente nos balcões do mercado a preços módicos.
Bastante hospitaleiros e nacionalistas, os uruguaios adoram ouvir dos brasileiros elogios à sua
terra, sobretudo se vier acompanhado de alguma crítica aos vizinhos argentinos que habitam o
outro lado do rio da Prata. Dizer
que eles entendem melhor o português do que os portenhos, por
exemplo, pode ser a chave para
iniciar um agradável e bem humorado bate-papo.
A rivalidade também mostra
suas garras no futebol e na política. Torcer pelo Peñarol ou pelo
Nacional e ser simpatizante dos
partidos Colorado ou Blanco são
decisões que determinam o trânsito na sociedade e serve para eleger a roda de amigos.
Com a proximidade das eleições presidenciais, o assunto mais
discutido neste momento é a política e a economia. Tido como o
país latino de economia mais estável, a preocupação com a crise
brasileira é notada nas rodas que
se formam no final da tarde nos
cafés, uma vez que o Brasil é o
maior comprador de carne, arroz,
calçados e laticínios uruguaios.
Nos últimos anos cerca de 40 indústrias de calçados fecharam.
Grande parte da safra de arroz
deste ano, não comprada pelo
Brasil, foi vendida por preço inferior ao do Irã. A taxa de desemprego está saltando de estáveis 9%
para 13%, segundo previsões do
governo. Esses aspectos aquecem
as conversas de botequim sem ter
contaminado o prazer de circular
por Montevidéu.
Eder Chiodetto viajou a convite do hotel
Holliday Inn e da American Airlines.
Texto Anterior: PACOTES Próximo Texto: Qualquer viagem: Cuidado, sr. Pitta, eu vi a lista do Papai Noel! Índice
|