São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2001

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CARIBE COLONIAL

Para driblar a fome, frutas, carnes e grãos naturais da ilha entraram no preparo dos pratos espanhóis

Culinária dominicana se fez do improviso

DA ENVIADA ESPECIAL
À REPÚBLICA DOMINICANA

Em 1493, Cristóvão Colombo fez uma segunda viagem à ilha de Hispaniola, que havia descoberto no ano anterior. Esperava-lhe um quadro dramático. Parte da tripulação que ele havia deixado no local para iniciar a ocupação do território morrera, atacada pela fome e pelos índios taínos.
A espera por barcos com mantimentos vindos da Europa foi por longo tempo uma das principais angústias dos primeiros colonizadores europeus do que hoje é a República Dominicana. Atrasos de embarcações significavam, às vezes, a privação de ingredientes básicos da alimentação dos europeus. Nos casos mais extremos, correspondiam à fome.
Por isso, desde o princípio, a culinária dominicana é marcada pelo improviso. Frutas, carnes e grãos naturais da ilha entraram no preparo dos pratos espanhóis, substituindo itens que faltavam. O prato nacional, por exemplo, o sancocho, é uma versão do "cocido" espanhol, uma mistura de carnes cozidas (frango e porco, principalmente) com ingredientes dominicanos como o inhame, a mandioca e a yautía.

Mistura
Ilhas geralmente favorecem o cruzamento de diversas culturas. No caso da culinária típica da República Dominicana, isso fica bem claro. A cozinha local mistura influências africanas, européias e, em menor grau, indígenas.
A presença de escravos, que vieram para trabalhar nos engenhos de açúcar, foi responsável pela transformação dos hábitos alimentares no período colonial.
A introdução do inhame, assim como a popularização dos plátanos -trazidos das ilhas Canárias pelos espanhóis-, são exemplos da colaboração africana para a cozinha dominicana. Também nas formas de preparo e tempero, o toque africano é presente, nos cozidos e no uso de pimentas.
Entre os pratos principais da cozinha dominicana estão o mangú (plátano com manteiga, leite e queijo), as habichuelas (feijão com molho de tomate e pedaços de frango) e o mofongo (plátano com alho e pedaços de porco).

Outras iguarias
Peixes também são comuns. Imperdível é o filé de merluza com salsa criolla ou com leite de coco. O arroz é um elemento importante nas refeições dominicanas, e aparece de diferentes formas. O locrio (arroz cozinhado com frango, peixe e leite de coco), o moro (com vegetais, legumes e grãos) e o asopao (feito como o locrio, só que adiciona-se cerveja).
É muito difícil encontrar o arroz branco sozinho, como na cozinha brasileira.
Da culinária indígena dos taínos restaram o casabe (pão feito de mandioca) e as catíbias (empanadas, do mesmo ingrediente). Assim como no Brasil, doces à base de muito açúcar foram comuns em tempos coloniais e permanecem até hoje. Os doces de coco e de frutas são os mais comuns.
A cerveja mais popular é a Presidente, mais leve, seguida de perto pela Quisqueya, que traz o nome original da ilha na língua dos taínos. O rum é a bebida nacional, toma-se puro ou misturado em uma infinidade de coquetéis. As marcas mais tradicionais são Barceló, Brugal, Bermúdez e Macorix. (SYLVIA COLOMBO)


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