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MOSAICO MÍSTICO
Templo Arunachaleswar encanta até os mais céticos
Montanha que abriga centro de devoção também é lugar sagrado; lá viveu o guru Sri Ramana Maharishi
NA ÍNDIA
Partindo para o interior do
subcontinente, o visitante chega a Tiruvannamalai, uma cidade pequena na extensão, mas
larga na fé. É lá que fica o templo Arunachaleswar, cuja memória vale como um passaporte para o nirvana -o fiel que tiver visitado esse centro de devoção precisa apenas se lembrar dele para ir ao paraíso.
Nem mesmo o ocidental
mais cético fica imune a Tiruvannamalai. Seja pelos mantras
repetidos nos alto-falantes do
templo de 10 hectares, seja pelos exemplos de devoção dos
fiéis e seus ritos, seja pelas edificações do século 11 ou simplesmente pelo visual da montanha que cobre a cidade, a
energia lá é diferente.
A montanha, Arunachaleswar, é outro ponto sagrado. Diz
a lenda que em seu topo, Shiva
(divindade mais popular do
hinduísmo) queimou os egos
de Brahma e Vishnu (os outros
dois principais deuses). Uma
vez por ano, o feito é celebrado
com uma fogueira no cume.
A montanha é famosa também porque foi lá que viveu o
guru Sri Ramana Maharishi.
Idolatrado até hoje, ele foi
quem primeiro aceitou um discípulo ocidental, o jornalista
inglês Paul Brunton. A experiência de Brunton virou livro
nos anos 30, "A Índia Secreta"
("A Search in Secret India"),
uma obra referência sobre a
"magia" indiana.
Nas noites de lua cheia, devotos circulam a base da montanha, numa caminhada de 17
km. Uma trilha leva ao cume,
em mais de quatro horas de subida. No trajeto, é possível ver a
caverna onde viveu Maharishi
(a toca de um tigre que não o
atacava, segundo relatos de
seus seguidores).
A leste de Tiruvannamalai,
outra cidade dedicada a Shiva é
Chidambaram. Além das esculturas e da sala dos mil pilares, o
templo chama a atenção porque muitos indianos, mesmo
hindus, são barrados do setor
onde fica a divindade principal.
Como esse é um templo privado, só os brâmanes (casta
mais alta da religião hindu) são
permitidos no local. Estrangeiros não têm restrição de passagem, mas se sacarem uma máquina fotográfica nesse setor, o
mínimo que vai acontecer é o
cartão da câmera ou o filme ser
danificado pelos fiéis.
Mais ao sul, em Thanjavur, o
visitante pode respirar ares históricos no palácio do marajá,
onde há um museu.
Em Tiruchirappalli fica um
dos templos conhecidos como
o maior do mundo. É o Ranganathaswamy, um complexo de
prédios sacros dedicados a
Vishnu, que começou a ser
construído no século 10 e hoje
cobre mais de 60 hectares. É
quase um bairro, com sete seções concêntricas separadas
por paredes. Não-hindus só podem ir até a sexta parede. Mas,
do telhado de uma das edificações, é possível ver as 21 "gopurams"- torres coloridas com
esculturas religiosas.
Em Trichy há também o templo do Forte de Pedra. No meio
da escalada pelo túnel de 437
degraus, há um santuário dedicado a Shiva. No alto, a divindade homenageada é Ganesh.
Em Madurai, o palácio Nayak
é uma locação que já foi usada
em muitos filmes e comerciais
indianos. Era a sede do governo
do império homônimo e foi
concluído em 1636. Em Madurai, Mahatma Gandhi abandonou as roupas ocidentais e vestiu o traje que o imortalizou,
elaborado por ele mesmo. É lá
que funciona o museu em homenagem ao pai da nação indiana. Mas, a exemplo dos outros centros tâmeis, o destaque
é o templo Sri Meenakshi, outro famoso como "o" maior do
mundo.
(LUÍS FERRARI)
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