São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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MOSAICO MÍSTICO

Templo Arunachaleswar encanta até os mais céticos

Montanha que abriga centro de devoção também é lugar sagrado; lá viveu o guru Sri Ramana Maharishi

NA ÍNDIA

Partindo para o interior do subcontinente, o visitante chega a Tiruvannamalai, uma cidade pequena na extensão, mas larga na fé. É lá que fica o templo Arunachaleswar, cuja memória vale como um passaporte para o nirvana -o fiel que tiver visitado esse centro de devoção precisa apenas se lembrar dele para ir ao paraíso.
Nem mesmo o ocidental mais cético fica imune a Tiruvannamalai. Seja pelos mantras repetidos nos alto-falantes do templo de 10 hectares, seja pelos exemplos de devoção dos fiéis e seus ritos, seja pelas edificações do século 11 ou simplesmente pelo visual da montanha que cobre a cidade, a energia lá é diferente.
A montanha, Arunachaleswar, é outro ponto sagrado. Diz a lenda que em seu topo, Shiva (divindade mais popular do hinduísmo) queimou os egos de Brahma e Vishnu (os outros dois principais deuses). Uma vez por ano, o feito é celebrado com uma fogueira no cume.
A montanha é famosa também porque foi lá que viveu o guru Sri Ramana Maharishi. Idolatrado até hoje, ele foi quem primeiro aceitou um discípulo ocidental, o jornalista inglês Paul Brunton. A experiência de Brunton virou livro nos anos 30, "A Índia Secreta" ("A Search in Secret India"), uma obra referência sobre a "magia" indiana.
Nas noites de lua cheia, devotos circulam a base da montanha, numa caminhada de 17 km. Uma trilha leva ao cume, em mais de quatro horas de subida. No trajeto, é possível ver a caverna onde viveu Maharishi (a toca de um tigre que não o atacava, segundo relatos de seus seguidores).
A leste de Tiruvannamalai, outra cidade dedicada a Shiva é Chidambaram. Além das esculturas e da sala dos mil pilares, o templo chama a atenção porque muitos indianos, mesmo hindus, são barrados do setor onde fica a divindade principal.
Como esse é um templo privado, só os brâmanes (casta mais alta da religião hindu) são permitidos no local. Estrangeiros não têm restrição de passagem, mas se sacarem uma máquina fotográfica nesse setor, o mínimo que vai acontecer é o cartão da câmera ou o filme ser danificado pelos fiéis.
Mais ao sul, em Thanjavur, o visitante pode respirar ares históricos no palácio do marajá, onde há um museu.
Em Tiruchirappalli fica um dos templos conhecidos como o maior do mundo. É o Ranganathaswamy, um complexo de prédios sacros dedicados a Vishnu, que começou a ser construído no século 10 e hoje cobre mais de 60 hectares. É quase um bairro, com sete seções concêntricas separadas por paredes. Não-hindus só podem ir até a sexta parede. Mas, do telhado de uma das edificações, é possível ver as 21 "gopurams"- torres coloridas com esculturas religiosas.
Em Trichy há também o templo do Forte de Pedra. No meio da escalada pelo túnel de 437 degraus, há um santuário dedicado a Shiva. No alto, a divindade homenageada é Ganesh.
Em Madurai, o palácio Nayak é uma locação que já foi usada em muitos filmes e comerciais indianos. Era a sede do governo do império homônimo e foi concluído em 1636. Em Madurai, Mahatma Gandhi abandonou as roupas ocidentais e vestiu o traje que o imortalizou, elaborado por ele mesmo. É lá que funciona o museu em homenagem ao pai da nação indiana. Mas, a exemplo dos outros centros tâmeis, o destaque é o templo Sri Meenakshi, outro famoso como "o" maior do mundo. (LUÍS FERRARI)


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