ENIO RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar de a globalização suavizar o choque cultural enfrentado por um ocidental no Japão, há no país detalhes cotidianos que podem surpreendê-lo, como o comportamento da população.
É frequente cruzar nas ruas com gente usando aquelas máscaras cirúrgicas, cuja função não é evitar a poluição, mas impedir a transmissão de gripe ou resfriado.
Outro traço comum da população é o fato de a maioria tingir os cabelos, independentemente da faixa etária, do sexo e da classe social. O curioso é que quase todos o fazem com praticamente a mesma tonalidade, um castanho que parece estar na moda.
Quase todo mundo tem celular e, aparentemente inconformados com a pouca opção de modelos (embora tal variedade seja bem maior que a do mercado brasileiro, por exemplo), praticamente todo mundo personaliza o seu, acoplando uma correntinha semelhante a um terço com pedrinhas de cores e tamanhos ao gosto do usuário.
Outra característica comum à maioria da população é não falar inglês, o que torna bastante complicada a comunicação.
Há uma quantidade enorme de fumantes. Dizem que cerca de 60% da população fuma. Com isso, há grandes espaços para fumantes até mesmo na área de embarque dos aeroportos.
A direção dos carros é do lado direito e o trânsito funciona como na Inglaterra.
Outra curiosidade é o "estacionamento de guarda-chuvas" existente em vários recintos públicos. Deixa-se o objeto em um escaninho numerado, tranca-se e leva-se a chave.

Brasileiro famoso
O brasileiro mais conhecido atualmente no Japão é Carlos Ghosn, que, no processo de reerguer a Nissan, introduziu o conceito de enxugamento empresarial (vulgo "programa de demissões") em um país em que as pessoas consideravam a empresa como uma segunda família, sendo o mais comum trabalhar a vida inteira na mesma companhia.
Apesar do choque, a coisa parece estar dando certo e, se Ghosn não é exatamente admirado, é enormemente respeitado e sua cara estampa capas de livros à venda em todo o país. A maioria, porém, acha que ele é francês, pois veio da Peugeot, empresa que atualmente controla a Nissan.



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