São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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GOL NO ORIENTE

Trens são a melhor forma de conhecer a capital, de 12 milhões de habitantes, que é introdução ao país

Tudo passa sobre e sob as ruas de Tóquio

DA ENVIADA ESPECIAL AO JAPÃO

Não haverá jogo em Tóquio, mas a metrópole é a melhor introdução ao país, pois tudo -pessoas, tecnologia e arte- passa por ali há quatro séculos, desde que a vila de Edo começou a despertar e crescer, no século 17, para virar a Tóquio de hoje. Por ali passaram também o terremoto seguido de incêndio de 23, que arrasou a cidade, e os bombardeios aéreos da Segunda Guerra, fatores que lhe deram a sua atual cara.
Tóquio espalha-se por 2.168 km2 na costa leste de Honshu, a principal ilha do arquipélago, e abriga 12 milhões de habitantes. São pessoas que trabalham no alto de arranha-céus ou em galerias subterrâneas, que fazem passeios românticos na baía de Tóquio e compras em imensas lojas de departamento. E que não se importam (ou fingem não se importar) em andar bêbadas pelas ruas, confiando na discrição japonesa.
Uma vez em Tóquio, faça como os toquiotas: pegue um trem. A cidade tem diversas linhas de superfície e de metrô. Prepare-se para andar muito, pois muitas saídas ficam a centenas de metros da plataforma do trem. A linha circular Yamanote passa perto dos principais pontos de interesse.
A estação de Shinjuku, por onde circulam 2 milhões de pessoas, lança o turista no meio da modernidade de Tóquio. O lado leste, mais caótico, concentra bares, cafés e lojas de equipamento fotográfico, enquanto o lado oeste abriga as imponentes torres do governo metropolitano de Tóquio, de 48 andares. Do alto, em dias claros, é possível enxergar até o monte Fuji, a 100 km dali.
A juventude de Tóquio, cada vez menor, pois o país tem uma sociedade cada vez mais idosa, se reúne perto dali, nos bairros de Shibuya e Harajuku. O primeiro é o epicentro da moda jovem do país. Para ver as diferentes tribos e os telões gigantes que exibem os últimos lançamentos da música e da moda, a saída Hachiko da estação de trem é a ideal. Hachiko era o nome de um cachorro que, mesmo após a morte do dono, continuou a esperá-lo todos os dias na estação, durante quase uma década. A estátua de Hachiko é o ponto de encontro da região.
Em Harajuku, a sofisticada avenida Omotesando tem cafés com mesas na calçada -sobre as quais os frequentadores abrem seus laptops. Lojas famosas têm se mudado para a via, onde mulheres cosmopolitas caminham com ar que nem de longe lembra a imagem da tradicional mulher submissa, pelo menos na aparência. Paralela à Omotesando fica a rua Takeshita-dori. É o calçadão dos jovens de cabelos pintados e saltos plataforma, cada um tentando se vestir de um jeito mais diferente que o outro.
O lado tradicional da capital está presente em vários aspectos, alguns mais visíveis, outros nem tanto. No antigo bairro de Asakusa, um grande portão vermelho conduz ao templo Senso-ji, ou Asakusa Kannon, um dos principais de Tóquio, erguido no século 7º e reconstruído na segunda metade do século 20. Uma rua de lojas de artesanato conduz ao pavilhão principal. Em frente a ele, a fumaça do queimador de incenso tem fama de curar doenças.
Em Ueno, o Museu Nacional de Tóquio, com quatro pavilhões e acervo de 89 mil peças, é a chance de visitar um local rico em arte japonesa, além de têxteis e cerâmicas de outras partes do Oriente.
À noite, após ver a bela ponte Rainbow Bridge iluminada na baía de Tóquio, ou de manhã cedo, após dançar nos bares de Roppongi, ande, tranquilo, de volta à estação e de lá para o hotel. Embora a taxa de criminalidade esteja crescendo -e nunca é demais manter-se alerta-, Tóquio é ainda uma metrópole segura, e os policiais nem sequer andam armados. (CHIAKI KAREN TADA)


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