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Até bueiros de Kobe aludem à Copa
DA ENVIADA ESPECIAL
Em Kobe, até as tampas dos bueiros nas ruas ostentam símbolos e mascotes da Copa do Mundo. A cidade merece especial atenção, pois Brasil e Japão têm
chances de se enfrentar no estádio Wings nas oitavas-de-final.
Situada perto de Osaka, outro palco de jogos da Copa, Kobe
quase não lembra as cenas de destruição do terremoto de 1995, que
derrubou mais de 100 mil edifícios e matou cerca de 5.000 pessoas. A lembrança está no memorial do porto e na memória da população.
Um grupo de voluntários planta girassóis, que viraram símbolo do
renascimento da cidade. Conta-se que, no terremoto, uma menina
morreu esmagada por sua casa, e sementes de girassol que ela usava
para alimentar um passarinho espalharam-se nos arredores, brotaram e floresceram meses depois. Uma metáfora perfeita para
os japoneses, que observam a natureza refletindo sobre a vida.
Mas a relação dessa cidade portuária com o Brasil é bem mais
antiga do que a expectativa de
abrigar um duelo entre a seleção
nipônica e a tetracampeã mundial. Foi desse porto, hoje cidade-irmã do Rio de Janeiro, que o navio Kasato-maru partiu, levando
os primeiros imigrantes japoneses ao porto de Santos, em 1908.
Uma escultura erguida no porto
mostra uma família apontando
para o horizonte. A base contém
os dizeres "De Kobe para o mundo" escritos em japonês, inglês,
espanhol e português.
Do alto do prédio da Prefeitura
ou da Port Tower, vê-se a cidade
limitada de um lado pelo mar e do
outro pelas montanhas.
Assim como Yokohama, a cidade manteve intensas relações com
o exterior por ser portuária. Ela
manteve comércio com a China e
a Coréia já no século 8º. Há uma
Chinatown e mansões-museus
que foram consulados ou casas de
ricos comerciantes europeus. Talvez o bairro europeu de Kitano-cho não interesse muito a um ocidental, mas é um diferencial da cidade, além de justificar a atitude
mais aberta em relação aos estrangeiros e a fama de Kobe de
produzir os melhores pães do
país. Por outro lado, também há
fábricas de fermentação de saquê
abertas à visitação.
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Impedida pelas montanhas de
avançar para o interior, Kobe
avançou para o mar criando as
ilhas artificiais de Rokko e de Port
Island. Esta última tem 21 anos.
Nessa porção de terra, as pessoas moram somente em prédios
e, em alguns, quem mora sozinho
só pode alugar os apartamentos
projetados para uma pessoa (que
se assemelham às nossas quitinetes), mesmo que tenha dinheiro
para pagar por um lugar mais espaçoso. Um pouco assustador,
mas a ilha abriga hoje 16 mil pessoas, além de escritórios.
Para ir ao local, usa-se a linha
Port Liner, cujos trens são totalmente computadorizados, sem
condutores. As únicas pessoas a
bordo são os usuários. O preço é
único (cerca de US$ 1,50) e é possível dar a volta completa na ilha e
voltar à estação de Sannomiya, no
centro, em poucos minutos.
É dele que se tem a melhor vista
da cidade, especialmente à noite,
quando, de uma ponte por onde
ele passa, vê-se o conjunto formado pelas montanhas, os prédios e
os marcos da cidade, o Port Tower e o Museu Marítimo .
(CKT)
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