São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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Até bueiros de Kobe aludem à Copa

DA ENVIADA ESPECIAL

Em Kobe, até as tampas dos bueiros nas ruas ostentam símbolos e mascotes da Copa do Mundo. A cidade merece especial atenção, pois Brasil e Japão têm chances de se enfrentar no estádio Wings nas oitavas-de-final.
Situada perto de Osaka, outro palco de jogos da Copa, Kobe quase não lembra as cenas de destruição do terremoto de 1995, que derrubou mais de 100 mil edifícios e matou cerca de 5.000 pessoas. A lembrança está no memorial do porto e na memória da população.
Um grupo de voluntários planta girassóis, que viraram símbolo do renascimento da cidade. Conta-se que, no terremoto, uma menina morreu esmagada por sua casa, e sementes de girassol que ela usava para alimentar um passarinho espalharam-se nos arredores, brotaram e floresceram meses depois. Uma metáfora perfeita para os japoneses, que observam a natureza refletindo sobre a vida.
Mas a relação dessa cidade portuária com o Brasil é bem mais antiga do que a expectativa de abrigar um duelo entre a seleção nipônica e a tetracampeã mundial. Foi desse porto, hoje cidade-irmã do Rio de Janeiro, que o navio Kasato-maru partiu, levando os primeiros imigrantes japoneses ao porto de Santos, em 1908.
Uma escultura erguida no porto mostra uma família apontando para o horizonte. A base contém os dizeres "De Kobe para o mundo" escritos em japonês, inglês, espanhol e português.
Do alto do prédio da Prefeitura ou da Port Tower, vê-se a cidade limitada de um lado pelo mar e do outro pelas montanhas.
Assim como Yokohama, a cidade manteve intensas relações com o exterior por ser portuária. Ela manteve comércio com a China e a Coréia já no século 8º. Há uma Chinatown e mansões-museus que foram consulados ou casas de ricos comerciantes europeus. Talvez o bairro europeu de Kitano-cho não interesse muito a um ocidental, mas é um diferencial da cidade, além de justificar a atitude mais aberta em relação aos estrangeiros e a fama de Kobe de produzir os melhores pães do país. Por outro lado, também há fábricas de fermentação de saquê abertas à visitação.

Piloto automático
Impedida pelas montanhas de avançar para o interior, Kobe avançou para o mar criando as ilhas artificiais de Rokko e de Port Island. Esta última tem 21 anos.
Nessa porção de terra, as pessoas moram somente em prédios e, em alguns, quem mora sozinho só pode alugar os apartamentos projetados para uma pessoa (que se assemelham às nossas quitinetes), mesmo que tenha dinheiro para pagar por um lugar mais espaçoso. Um pouco assustador, mas a ilha abriga hoje 16 mil pessoas, além de escritórios.
Para ir ao local, usa-se a linha Port Liner, cujos trens são totalmente computadorizados, sem condutores. As únicas pessoas a bordo são os usuários. O preço é único (cerca de US$ 1,50) e é possível dar a volta completa na ilha e voltar à estação de Sannomiya, no centro, em poucos minutos.
É dele que se tem a melhor vista da cidade, especialmente à noite, quando, de uma ponte por onde ele passa, vê-se o conjunto formado pelas montanhas, os prédios e os marcos da cidade, o Port Tower e o Museu Marítimo . (CKT)


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