São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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Entenda por que Japão e Coréia têm rivalidade

FREE-LANCE PARA A FOLHA

No dia 30 de maio de 1996, ao anunciar que a Copa do Mundo seria -pela primeira vez- organizada por dois países, a Fifa (Federação Internacional de Futebol Association) fez o que parecia ser impensável: unir japoneses e coreanos, povos cujos antagonismos são famosos, em um só objetivo.
Foram criados dois comitês para a organização do evento: a Jawoc (Japan World Cup) e a Kowoc (Korean World Cup). Cada um é responsável por seu país e, juntos, decidem os assuntos comuns. O dia-a-dia da organização apresenta problemas mais agudos. A começar pelo idioma: poucas pessoas sabem falar japonês e coreano.
História, cultura e economia explicam esse antagonismo entre as nações.
Historicamente, a rivalidade começou quando o Japão anexou a Coréia em 1910 e a dominou por décadas. Apenas com o fim da Segunda Guerra, a Coréia ficou livre da dominação japonesa.
Economicamente, apesar da atual crise, o Japão tem tido mais sucesso, com um PIB cerca de dez vezes maior que o da Coréia do Sul. As empresas coreanas passaram, apenas agora, por um processo de globalização. Porém, hoje em dia, Samsung, LG, Hyundai e Kia disputam mercados com Sony, Panasonic, Toyota e Honda.
Se economicamente os japoneses sentem-se superiores a seus vizinhos, culturalmente a situação se inverte.
Segundo os coreanos, a grande potência cultural da região é a China, seguida de Coréia e, depois, Japão -os últimos a receber a carga cultural chinesa. Assim, coreanos encaram japoneses como incultos e abastados. Há ainda a diferença de mentalidade empresarial: a japonesa é mais privatizante, e a coreana, mais estatal.
Some-se a isso a distância (de Tóquio a Seul são duas horas e meia de vôo) e pode-se ter uma idéia da complexidade desse trabalho conjunto. A Fifa funciona como mediadora nas questões delicadas. Foi assim no desenvolvimento dos mascotes e materiais promocionais, que, por sugestão da entidade, foram feitos por uma empresa inglesa.
Embora o processo em si pareça acentuar ainda mais as diferenças entre os povos, não custa torcer para que o resultado final contribua para aproximá-los. (ER)


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