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Entenda por que Japão e Coréia têm rivalidade
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No dia 30 de maio de 1996,
ao anunciar que a Copa do
Mundo seria -pela primeira vez- organizada por dois
países, a Fifa (Federação Internacional de Futebol Association) fez o que parecia ser impensável: unir japoneses e
coreanos, povos cujos antagonismos são famosos, em
um só objetivo.
Foram criados dois comitês para a organização do
evento: a Jawoc (Japan World Cup) e a Kowoc (Korean World Cup). Cada um é
responsável por seu país e,
juntos, decidem os assuntos
comuns. O dia-a-dia da organização apresenta problemas mais agudos. A começar pelo idioma: poucas pessoas sabem falar japonês e
coreano.
História, cultura e economia explicam esse antagonismo entre as nações.
Historicamente, a rivalidade começou quando o Japão
anexou a Coréia em 1910 e a
dominou por décadas. Apenas com o fim da Segunda
Guerra, a Coréia ficou livre
da dominação japonesa.
Economicamente, apesar
da atual crise, o Japão tem tido mais sucesso, com um
PIB cerca de dez vezes maior
que o da Coréia do Sul. As
empresas coreanas passaram, apenas agora, por um
processo de globalização.
Porém, hoje em dia, Samsung, LG, Hyundai e Kia disputam mercados com Sony,
Panasonic, Toyota e Honda.
Se economicamente os japoneses sentem-se superiores a seus vizinhos, culturalmente a situação se inverte.
Segundo os coreanos, a
grande potência cultural da
região é a China, seguida de
Coréia e, depois, Japão -os
últimos a receber a carga
cultural chinesa. Assim, coreanos encaram japoneses
como incultos e abastados.
Há ainda a diferença de
mentalidade empresarial: a
japonesa é mais privatizante,
e a coreana, mais estatal.
Some-se a isso a distância
(de Tóquio a Seul são duas
horas e meia de vôo) e pode-se ter uma idéia da complexidade desse trabalho conjunto. A Fifa funciona como
mediadora nas questões delicadas. Foi assim no desenvolvimento dos mascotes e
materiais promocionais,
que, por sugestão da entidade, foram feitos por uma
empresa inglesa.
Embora o processo em si
pareça acentuar ainda mais
as diferenças entre os povos,
não custa torcer para que o
resultado final contribua para aproximá-los.
(ER)
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