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REINO'THAI'
Tribos acolhem forasteiro com pose forçada
Mulheres-girafa, com anéis no pescoço, são as mais conhecidas das populações tribais do norte do país
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
NA TAILÂNDIA
Espalham-se pelo norte da
Tailândia várias tribos nômades, dignas de capas da revista
"National Geographic", como
as mulheres-girafa com anéis
dourados no pescoço. Ao fazer
esse roteiro, além de conhecer
um pouco sobre as populações
que habitam locais recônditos
nas montanhas tailandesas, dá
para se despir de algumas
idéias simples, como a de que
ter argolas em torno do pescoço
é dolorido.
Aquela pilha de anéis de ouro
no pescoço feminino muitas
vezes pode angustiar os ocidentais. Mas tal adorno faz parte da
cultura da tribo Padaung, das
mulheres-girafa. Elas garantem que os anéis não incomodam e são indolores.
Existem várias versões sobre
a origem dos anéis. Uma é que
eles teriam a função de afastar
os homens das tribos vizinhas.
Outra é que seria um tributo
aos dragões, que estariam entre
seus ancestrais. Também há
quem diga que os anéis repelem
os maus espíritos.
As mulheres recebem o primeiro anel aos três anos de idade. Depois ganham um por ano
até completar 25 anos. Mas
nem todas devem usá-los no
pescoço. Eles podem envolver
os pernas, os braços e/ou a cintura. Quem decide o local onde
eles serão colocados é o chefe
da tribo, que interpretaria a
vontade dos espíritos.
Ao receberem os turistas, as
mulheres-girafa ficam sentadinhas nas suas barracas posando para fotos, o que faz muita
gente associar o esquema ao de
um zoológico.
As crianças brincam alegremente quando os turistas dão
as costas, mas, assim que eles se
aproximam, voltam correndo e
sentam comportadamente em
seus lugares. Melhor seria conhecer seus genuínos hábitos
do dia-a-dia. Mas tal forma de
ganhar a vida deixa de ser reprovável quando se descobre
que os membros da tribo Padaung vieram do país vizinho
Mianmar como refugiados, devido às duras condições de vida
ou por causa da guerra étnica
do país. Na Tailândia ganham
um bom dinheirinho com a
venda de artesanato e com o ingresso de 500 bahts cobrados
aos turistas para os conhecer e
tirar fotos das mulheres.
Das várias tribos nômades
das montanhas salpicadas pelo
norte da Tailândia, a Padaung é
a única que cobra ingresso dos
turistas. As outras se contentam em vender seu artesanato
típico, embora, muitas vezes
sejam bem insistentes.
É o caso das artesãs Akha, algumas usando rebuscados chapéus adornados com sininhos,
colares e contas. Elas moram
em casas de madeira e sapé rodeadas de muito verde e penduradas nos morros. Uma das habitações, diz o guia Thanapon
Yuennan, é destinada aos casais enamorados, que moram
juntos por um período que pode variar de três semanas a um
ano antes de resolverem se desejam realmente se casar.
Pedaço da China
Já os moradores da tribo
Meo, vindos da China há cerca
de 80 anos, não se abalam com
a chegada dos visitantes. Apenas as crianças os rodeiam, se
encantam com as imagens recém-tiradas das câmeras digitais e fazem poses engraçadas
para as fotos. Uma curiosidade
é que os muitos pequenos só
usam uma camisetinha e ficam
pelados do bumbum para baixo. E assim dá para ver nitidamente a mancha roxa, comum
no traseiro dos bebês orientais.
Também vieram da China os
representantes da tribo Mesalong Yao, adepta da poligamia.
Os homens têm direito a quantas mulheres conseguirem sustentar, o que em geral pode significar de cinco a dez, dependendo da sua renda. Diz o guia
Thanapon Yuennan que um
deles, já morto, colecionou 25
mulheres e gerou 158 filhos.
Mais desenvolvida e com
ruas asfaltadas, Mae Salong parece um pedacinho da China no
meio da Tailândia. Envolvida
com o tráfico e a produção de
ópio, sua população foi considerada maldita por muito tempo pelos tailandeses em geral. A
coisa começou a mudar nos
anos 80 e hoje os habitantes de
Mae Salong se dedicam mais ao
chá e a outras ervas chinesas.
Tanto que os vendedores de
uma das lojinhas locais servem
a infusão para os visitantes em
charmosas e diminutas xícaras.
Tal degustação os convence de
que vale a pena levar um pouquinho dessa típica lembrança
para casa.
Para chegar às tribos, é mais
fácil contratar um guia, já que,
para chegar de carro até esses
locais, no norte do país, o turista tem de saber ler as indecifráveis placas de trânsito escritas
em tailandês -além disso, os
habitantes das tribos não falarem inglês.
(MARISTELA DO VALLE)
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