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QUALQUER VIAGEM
Comeu a família no café da manhã
DAVID DREW ZINGG
na costa de Nova Jersey
Folclore de Nova Jersey
Foi uma longa, longa viagem
que fiz à sombra de minhas recordações antigas da costa de
Nova Jersey.
Eu disse à sombra? Eu queria
dizer pela assombrada -ou
melhor, mal-assombrada-
costa de Nova Jersey.
Apesar de todas as diversões,
os brinquedos, as montanhas-russas, os bruce springsteens da vida e o bom e velho
rock'n'roll de Nova Jersey, o litoral de Jersey também está
cheio de assombrações.
Desde Ringwood, no extremo
norte, até Cape May, na pontinha do Estado, Nova Jersey
tem mais do que sua devida
parcela de ocorrências extraordinárias e acontecimentos assombrosos, que já viraram parte do folclore local.
Elas podem nos assustar ou
nos fascinar, mas histórias de
fantasmas e estranhos lugares
mal-assombrados sempre captam nossa imaginação. A segunda edição de "Haunted
Places: The National Directory" (Diretório Nacional de
Lugares Mal-assombrados),
escrita por um sujeito corajoso
chamado Dennis William
Hauk, inclui nada menos que
33 locais mal-assombrados
neste minúsculo Estado.
Assim, venha reunir-se à minha volta e você aí, Joãozinho,
vá abaixando as luzes. Chegou
a hora de ouvir algumas histórias assombrosas de Nova Jersey.
Fantasmas na estrada
Algumas pessoas daqui já viram assombrações até na rodovia dos Parques do Estado
Jardim, sempre cheia de carros, que leva os visitantes às
praias do sul de Nova Jersey.
Desde a abertura da estrada,
em 1955, diferentes pessoas informam ter visto uma assombração conhecida como o Fantasma da Parkway (o nome da
estrada). Trata-se de um homem alto, usando sobretudo
afivelado, que costuma aparecer num trecho de 13 quilômetros da estrada, perto da saída
82, em Toms River. O fantasma da estrada tenta atravessá-la e fica agitando os braços
de uma maneira que, na descrição da "Weird New Jersey",
"lembra os gestos de um estranho torcedor de futebol".
É claro que a mais famosa
das criaturas do outro mundo
que povoa o "Estado Jardim", o
Demônio de Jersey, emprestou
seu nome ao time local de hóquei sobre o gelo.
Muitas histórias já foram
contadas sobre o nascimento
do Demônio de Jersey original,
nos idos de 1730 e pouco. Contam as lendas que ele vive perambulando pela região desabitada de Pine Barrens, situada na parte sul do Estado.
Ele é descrito como tendo
rosto de cavalo, asas de morcego e cauda de diabo. Segundo
uma das versões, uma certa
sra. Leeds, que já tinha 12 filhos e sentia que mais um seria
demais, suspirou, dizendo esperar que seu 13º nascesse diabo. Seu desejo foi realizado. A
se acreditar em outra versão,
teria sido um clérigo viajante a
quem a mesma sra. Leeds recusou um prato de comida que
teria rogado uma praga na sobrecarregada mãe.
James F. McCloy e Ray Miller, Jr., escrevem em seu livro
"The Jersey Devil" que, depois
de o demônio nascer, "sua primeira refeição foi à base de várias crianças adormecidas".
"Segundo outras versões, sua
primeira refeição consistiu na
família Leeds inteira."
Hóspedes nem sempre saem
Cape May, a velha cidade de
praia vitoriana, na ponta sul
de Nova Jersey, conta tantas
histórias de fantasmas e de almas penadas que até oferece
um tour por suas casas mal-assombradas, guiado por um cidadão de nome A. J. Rauber.
O hotel Macomber, no bairro
histórico de Cape May, é uma
enorme mansão de cinco andares que tem para contar
mais do que sua justa parcela
de histórias de arrepiar.
Copos cheios de uísque dançam em cima das mesas, na
mansão, até derramarem seu
conteúdo. Portas se fecham sozinhas. Roupas somem. As luzes acendem e apagam sozinhas. Gemidos de dor escapam
por detrás de portas fechadas.
Rauber, que inclui o hotel em
seu passeio por casas mal-assombradas, diz que é certo que
algum tipo de atividade paranormal acontece no lugar. Diz
que ninguém tem 100% de certeza, mas que se acredita que
os fenômenos sejam causados
em parte pelo espírito de uma
mulher que foi ao hotel pela
primeira vez há cerca de 45
anos, após a morte de seu marido.
A mulher levou ao hotel tudo
que possuía neste mundo
guardado dentro de uma grande e muito usada mala Vuitton do século 19. Rauber a chama de "a dama da mala".
Outro fantasma, ainda, é o
de alguém que trabalhava no
restaurante do hotel.
Certo dia um hóspede foi empurrado repentinamente, com
violência, para dentro de uma
geladeira grande na área do
restaurante. Ninguém estava
por perto quando isso aconteceu.
Rauber, o especialista em
fantasmas, acha que o empurrão foi dado pelo espírito vingativo de uma garçonete que
foi acusada de roubar comida
da cozinha do hotel. Pouco depois disso, morreu engasgada
num pedaço de frango.
O velho Caça-Fantasmas Dave já viu luzes estranhas bruxuleando à noite nas janelas
do hotel Macomber.
Certa vez, eu caminhava pelo
hotel numa noite quente e
úmida de verão. Abri a porta
de um guarda-roupa e fui recebido por um jato de ar frio que
arrepiou os pêlos do meu braço.
Nunca mais abri AQUELA
porta.
Esse contato imediato com o
além me lembrou algo que
meu avô me disse certa vez,
quando eu era garotinho.
Ele falou: "Nunca tenha medo dos mortos. É os vivos que
você deve temer".
Tradução de Clara Allain.
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