São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

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CARIBE

Atividade recupera país de depressão econômica, mas traz a prostituição

Turismo cresce 12% em Cuba no 1º quadrimestre

DA REUTERS

O turismo cresceu 12% em Cuba nos primeiros quatro meses deste ano, o que pode permitir que a ilha bata o recorde de 2 milhões de visitantes em 2001. A atividade cresceu 19% por ano nos anos 90, aliviando a economia do país numa época de recessão, mas cresceu apenas 10% em 2000.
O governo registrou a chegada de quase 1,8 milhão de turistas em 2000, quando havia 35 mil quartos hoteleiros e uma receita direta e indireta de cerca de US$ 2 bilhões. Em 1990, o país tinha 12.900 quartos, recebeu 340,3 mil viajantes e US$ 243 milhões em divisas.
O desenvolvimento do turismo é considerado pelo governo a força motora do país, cuja economia tem tido uma média anual de crescimento de mais de 4% desde 1995, após um declínio econômico de 35% entre 1989 e 1993.
Mas o turismo também trouxe sérios problemas sociais. Hotéis luxuosos e serviços relacionados ao turismo, ambos inacessíveis para a maioria dos cubanos, têm criado ressentimento para uma grande parte dos habitantes.
A aparência de centenas de milhares de turistas ocidentais, além das revistas e a TV via satélite que vieram com eles, fez a sociedade local acordar para o que não pode usufruir por ser muito fechada.
Como a ação dos gângsteres, os jogos de azar e a prostituição da era pré-revolucionária deixaram lembranças amargas para os cubanos, Fidel Castro evitou o turismo entre 1959 (ano da Revolução Cubana) e 1980.
Porém o colapso da ex-União Soviética, o benfeitor oficial de Cuba, provocou uma depressão econômica. Castro então percebeu que não haveria outra alternativa senão abrir o país para os turistas estrangeiros para ganhar dinheiro, criar trabalhos e fomentar uma demanda para indústrias como a da construção civil, a têxtil, a de comida e a de aviação.
Castro prometeu que o retorno do turismo não traria de volta os vícios dos velhos tempos e manteve sua palavra em relação aos gângsteres e aos jogos de azar, mas sucumbiu ao crescimento principalmente da prostituição.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento do turismo desarmou seu arquiinimigo, os EUA, em seus esforços de impedir que seus cidadãos visitassem Cuba ou gastassem dinheiro na ilha.
Canadenses, alemães, italianos, espanhóis e outros europeus estão entre a maioria dos turistas que vão ao país. Mas, segundo o Ministério do Turismo, muitos norte-americanos também estão indo conhecer as praias e a cultura do país diretamente ou via México, Jamaica e outros países.
O Ministério do Turismo estima que entre 170 mil e 180 mil norte-americanos tenham visitado Cuba em 1999, fazendo dos EUA o terceiro país a enviar turistas à ilha, atrás do Canadá (276.346) e da Alemanha (182.159).
Cerca de 100 mil eram cubano-americanos e outros 30 mil eram outros cidadãos dos EUA autorizados pelo governo a viajar para Cuba. O resto viajou violando as restrições norte-americanas.



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