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Casas transportam turista a tempos medievais
DA ENVIADA ESPECIAL
Os contos de fadas de princesas
aprisionadas em torres sombrias
poderiam ser todos ambientados
em Schaffhausen. Tudo está ali: a
torre no alto do morro, o jardim
escondido que testemunhou o
amor proibido responsável pela
ida da princesa à prisão da torre,
as ruas tortas com janelas fofoqueiras em casas medievais.
Repare: casas medievais e não
no estilo medieval. Schaffhausen
impressiona pelo estado de conservação de seu centro histórico.
As casas são de um tempo em
que, em vez de números, eram
identificadas por nomes. Embora
estejam em alemão, os guias os
decifram: "fonte de alegria", "canto doce". Essas são algumas alcunhas que valiam como endereço.
Dessas casas, 170 têm as chamadas "oriel windows", tipo de janela instalada no primeiro andar
dos prédios e que se projeta para a
parte externa do edifício, geralmente protegida por vidros. Elas
carregam símbolos que diziam
tudo sobre o morador.
Conhecer Schaffhausen exige
apenas disposição para andar em
subidas e descidas. As subidas levam ao Munot, um forte construído entre 1564 e 1589 sobre uma
colina com o objetivo de abrigar
sentinelas a observar o Reno e impedir invasões à cidade.
Em volta do forte, há até uma
espécie de vala. Com um pouco de
imaginação, os veadinhos que por
ali pastam somem para dar lugar
ao poço cheio de feras e à ponte-elevadiça que, na verdade, não há.
O térreo do forte fica aberto. Ao
cruzar o enorme batente de pedra, a impressão é de ser sugado
para o subterrâneo. Escuro, o lugar tem o teto disforme do qual
brotam parcos pontos de luz. Ao
observá-los, percebe-se que são
túneis que saem do teto do térreo
e chegam ao topo do prédio, por
onde entram os raios de sol.
Claustrófobos e medrosos pensam logo na saída. O passeio dura
pouco, e, ao voltar à luz, dá-se de
cara com um pequeno jardim
com diferentes espécies de flores
-são dezenas de tipos de rosa,
por exemplo-, uma fonte e bancos que, ainda por cima, oferecem
uma vista panorâmica da cidade.
Emcimado por seu enorme sino,
o imponente relógio da catedral
na cidade, erguida no século 11,
sobrepõe-se à confusão de telhados do centro histórico, chamado
pelos locais de "Alstadt".
Para descer da colina é preciso
bom humor. Muitas placas indicam descidas, mas, no meio do
caminho, descobre-se que algumas delas acabam sem mais nem
menos no meio do quintal de uma
casa. E toca a subir e tentar outra
descida. Utilize a que sai do lado
direito do forte. Essa vai até o fim.
Às terças e aos sábados, a rua
Vordergasse abriga uma feira. Ali
vendem-se plantas, verduras e aspargos. Na primavera a cidade
poderia ser apelidada de "aspargolândia". Os menus dos restaurantes são tomados pelo vegetal, e
a feira dos produtores, por maços
de aspargos verdes e brancos.
Na número 13 da Understadt, fica a sorveteria El Bertin Glace, cujos sabores estão listados numa
placa na rua. Sem hesitar, entre,
peça o de iogurte e vá para a beira
do rio. Ali, sentado, tomando seu
sorvete, você resumirá o espírito
dessa cidade que se apresenta assim, sem pressa.
(HL)
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