São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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Oásis trazem sopro de vida para o meio das dunas de areia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA NO MARANHÃO

Jorge Luis Borges escreveu, certa vez, que o deserto é o pior dos labirintos, porque dele não existe saída. No caso dos Lençóis Maranhenses há dois refúgios que, se não permitem escapar, ao menos oferecem um sopro de vida. Até a origem deles, a Queimada dos Britos, serviria de fonte ao escritor argentino.
Tudo começou há muitas décadas com Manuel Brito, cujo pai teria vindo do Ceará para fugir de uma seca no sertão.
Fincou morada no meio dos Lençóis, perto de um dos rios de água doce que ficam cheios quase o ano todo. Seus descendentes foram erguendo casas de pau-a-pique e palha de buriti, mantendo uma roça e uma criação de porcos e galinhas.
Hoje, cerca de 12 famílias vivem ali. Os homens pescam em noites enluaradas, atravessando as dunas por até quatro horas para chegar ao mar.
Quase todos são parentes, pois os primos se casam entre si. Luz elétrica, nem em sonho. O programa noturno é jogar uma conversa fiada em volta da lamparina. O comércio chega no lombo de um jegue: fósforos, sabão e querosene são dos poucos produtos consumidos. A única forma de comunicação com o mundo exterior é um rádio de pilha que, às vezes, capta a freqüência de Santo Amaro.

Baixa Grande
No segundo dia a parada é no oásis de Baixa Grande, também habitado por comunidades de pescadores. Aqui os homens passam a maior parte do ano em casinhas de madeira na praia, cumprindo o mesmo ritual que seus antepassados: pescando, salgando o peixe e voltando para alimentar mulher e filhos no oásis, a duas horas de caminhada. Para quem vem de fora, parece que o mundo parou décadas atrás.
(FS E ACM)


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