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Oásis trazem sopro de vida para o meio das dunas de areia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA NO MARANHÃO
Jorge Luis Borges escreveu,
certa vez, que o deserto é o pior
dos labirintos, porque dele não
existe saída. No caso dos Lençóis Maranhenses há dois refúgios que, se não permitem escapar, ao menos oferecem um sopro de vida. Até a origem deles,
a Queimada dos Britos, serviria
de fonte ao escritor argentino.
Tudo começou há muitas décadas com Manuel Brito, cujo
pai teria vindo do Ceará para
fugir de uma seca no sertão.
Fincou morada no meio dos
Lençóis, perto de um dos rios
de água doce que ficam cheios
quase o ano todo. Seus descendentes foram erguendo casas
de pau-a-pique e palha de buriti, mantendo uma roça e uma
criação de porcos e galinhas.
Hoje, cerca de 12 famílias vivem ali. Os homens pescam em
noites enluaradas, atravessando as dunas por até quatro horas para chegar ao mar.
Quase todos são parentes,
pois os primos se casam entre
si. Luz elétrica, nem em sonho.
O programa noturno é jogar
uma conversa fiada em volta da
lamparina. O comércio chega
no lombo de um jegue: fósforos,
sabão e querosene são dos poucos produtos consumidos. A
única forma de comunicação
com o mundo exterior é um rádio de pilha que, às vezes, capta
a freqüência de Santo Amaro.
Baixa Grande
No segundo dia a parada é no
oásis de Baixa Grande, também
habitado por comunidades de
pescadores. Aqui os homens
passam a maior parte do ano
em casinhas de madeira na
praia, cumprindo o mesmo ritual que seus antepassados:
pescando, salgando o peixe e
voltando para alimentar mulher e filhos no oásis, a duas horas de caminhada. Para quem
vem de fora, parece que o mundo parou décadas atrás.
(FS E ACM)
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