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Fachada rebuscada de Chartres condiz com a sua história
do enviado especial
É muito difícil alguém chegar
perto da catedral de Chartres e não
deixar escapar com espontaneidade um "Noooosssa Senhoooora".
Pois é para isso mesmo que foi
construída. Essa é a catedral de
Nôtre-Dame, o que em português
é o equivalente a Nossa Senhora.
Um dos maiores monumentos
arquitetônicos da França, o templo
tem história tão cheia de reentrâncias quanto a fachada rebuscada
pode fazer crer.
Há muitos séculos acredita-se
que o terreno onde a igreja está
construída é abençoado por Deus,
embora a região não seja especialmente bonita por natureza. No
mesmo espaço em que hoje fica a
Nôtre-Dame, romanos e celtas já
faziam na antiguidade seus exercícios de fé. No século 4º, lá foi construída uma igreja feita de madeira.
Dela não sobram vestígios, mas a
cripta, que ainda pode ser visitada
e é a maior da França, tem suas origens na igreja de pedra que começou a ser erigida no século 9º.
Nesse mesmo período, Chartres
recebeu sua pedra fundamental,
que, por sinal, não é uma pedra,
mas sim um pedaço de pano.
Chartres ainda era um condado e
se chamava Carnutes quando, em
876, o rei Charles, o Careca, oferece
para o bispo da igrejinha local a relíquia da Santa Camisa.
Havia a crença de que esse era o
véu usado pela Virgem Maria
quando nasceu Jesus.
Milhares de pessoas passaram a
visitar a igreja a partir de então e,
no século 11, começa a ser construída uma catedral em Chartres.
Situada no local mais alto da região, em tempos pré-Benjamim
Franklin, a igreja não foi poupada
pelos raios, que causaram sucessivos incêndios na Nôtre-Dame.
A fachada da construção permaneceu em pé e é por isso que ela data do século 12, embora a maior
parte da igreja tenha sido construída no século 13.
A maior de suas torres, a da esquerda, que pode ser vista já da estradinha da entrada de Chartres, é
considerada a última parte a ser
construída. Terminada no século
16, é exemplo do rebuscado período final do gótico, chamado de
"flamboyant", ou flamejante, por
lembrar os contornos ondulados
das chamas.
É justamente nelas, nas chamas,
que quase terminou a maior relíquia de Chartres. Em um dos incêndios, o fogo chegou a carbonizar parte da Santa Camisa.
Ainda hoje, a catedral exibe o pedaço que não virou brasa. Não
existem aglomerações épicas de
turistas em frente à camisa, mesmo após a divulgação do resultado
de um exame, pelas autoridades de
Chartres, comprovando que o pano é do século 1º e da região da Palestina.
(CEM)
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