São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ventos ameaçam ruínas no Chile

Vilarejo neolítico no Atacama entrou para lista de locais em risco; arqueóloga quer muro para protegê-lo

DA REUTERS

Das profundezas do deserto do Atacama, no Chile, constantemente varrido pelos ventos, emergem os resquícios esquecidos de uma civilização.
De início, as ruínas eram pouco visíveis. Mas, agora, estruturas circulares estão emergindo. Isso é o que restou de Tulor, um dos mais antigos e bem preservados vilarejos neolíticos da América do Sul, construído há 3.000 anos.
As ruínas são formadas por casas de dois cômodos, um cemitério e estábulos. Elas foram habitadas por volta de 800 a.C., mais de 2.000 anos antes da conquista do continente pelos europeus e muitos séculos antes da construção dos impérios Inca e Asteca.
Arqueólogos afirmam que os habitantes de Tulor criavam gado, cultivavam milho ao lado de um rio e praticavam atividades de troca com habitantes de territórios que correspondem hoje ao Equador e ao Brasil.
Mas uma mudança do clima, por volta de 300 d.C., fez com que o rio secasse e, em poucas centenas de anos, o vilarejo fosse abandonado. Uma vez deserto, a areia começou a tomar conta do local, soterrando-o. As dunas protegeram o vilarejo por três milênios, até que ele fosse descoberto e parcialmente desenterrado, em 1958.
Agora, meio século depois, a areia, que antes protegia o vilarejo, está destruindo as ruínas. Fortes ventos e chuvas ocasionais ameaçam reduzir o local a nada. "Em cem anos, restará pouco", afirma Ana Maria Baron, arqueóloga local.
O Fundo Mundial de Monumentos, uma organização que monitora importantes achados arqueológicos em todo o mundo, afirma que nenhum trabalho de conservação foi feito em Tulor nos últimos 20 anos. A erosão é tão séria que o órgão colocou Tulor na lista de locais em perigo, no ano passado.
Desde 1998, o vilarejo tem sido administrado por uma comunidade indígena, que monitora a visita de turistas ao local.
A comunidade afirma que precisa de mais dinheiro para prevenir erosões e apelou para o Conselho de Monumentos Nacionais do Chile. Mas o órgão afirma que não pode ajudar, apesar de reconhecer a importância de Tulor. "Não há dinheiro", afirmou a porta-voz da instituição, Susana Simonetti.
Por mês, cerca de 10 mil pessoas visitam o Atacama -um dos desertos mais secos da Terra, o que ajudou a preservar antigas ruínas. Segundo Baron, a construção de um muro é a melhor maneira de proteger o lugar. Ela trabalha com arquitetos para realizar a obra. "É um local que representa a história do Atacama, das Américas e da humanidade."


Texto Anterior: Internacional: Símbolo do turismo libanês está vazio
Próximo Texto: Internacional: França é país que mais recebeu turistas em 2006
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.