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NATAL MAGRO
No Spa Med Guarujá (SP), dietas vão de 300 a 600 calorias; paciente é livre para circular pela cidade litorânea
Agenda cheia faz spasiano esquecer a fome
DA ENVIADA ESPECIAL AO GUARUJÁ (SP)
A agenda é lotada, e a dieta, reduzidíssima. O dia começa cedo e,
ao longo dele, ingerem-se no mínimo 300 calorias. O máximo permitido é o dobro disso. Embora o
contexto soe como um sacrifício,
há quem diga: "Eu adoro spa", como a estudante Fernanda Borges,
15, que, desde outubro, é frequentadora do Spa Med Guarujá, existente há sete anos dentro do Casa
Grande Hotel & Resort no Guarujá, a 90 km de São Paulo.
A maioria dos spasianos está lá
mesmo para perder quilos inconvenientes, mas isso não significa
que os frequentadores sejam todos obesos. Circulam pelo spa do
Guarujá corpos longilíneos, muitos adolescentes e gordinhos.
Além da meta número um
(emagrecer), alguns vão ao spa
para desestressar, manter o peso
ou até para passar por um check-up geral (o spa tem equipe multidisciplinar de especialistas).
A opção de sofrer ou não por
pensar em comida durante a estada depende do spasiano. A estratégia do spa é preencher o tempo
dos pacientes com atividades, que
acontecem na praia, nas dependências do hotel ou na área com
salas exclusivas aos spasianos.
"O ócio provoca reações de fome", comenta a diretora do Spa
Med Guarujá, Marlene Burgard.
Por isso as atividades se estendem
de manhã até a noite.
"Não dá tempo para pensar em
comida", afirma a spasiana capixaba Renata de Aguiar Machado,
42, pela terceira vez num spa.
Com capacidade para atender
105 pacientes, o local tem o dia
forrado de ginástica e tratamentos estéticos. As atividades se
emendam umas às outras.
A carga horária dos spasianos
que fazem tratamento por uma
semana inclui consultas com nutricionista, dermatologista, dentista, endocrinologista, psicólogo
e outros especialistas.
Com agenda cheia, lembra-se
de comida quando a barriga ronca ou durante as refeições, quando o assunto preferido vem à tona: as guloseimas servidas lá fora.
Como nesse spa o paciente é livre
para sair a qualquer momento
-muitos passam o dia no local
sem se hospedar no Casa Grande-, comenta-se sobre barracas
de churros e o cheiro de milho
verde que vem do carrinho no calçadão de frente para o hotel.
Quem quiser pode até sair da linha, mas não há como enganar os
médicos. "O controle do que é ingerido é feito através da urina",
afirma o endocrinologista Mauro
Tadeu de Moura.
À mesa
Reunir-se para a hora da comida é um evento regado a "sonhos"
e descontração. Quem deixa algo
no prato é chamado de "chiquérrimo" pelo maître Luiz Alves da
Silva, que descreve as três opções
de pratos para o jantar e para o almoço na refeição anterior. "Hoje
temos risoto de camarão ou lasanha com massa de pastel ou quibe", frisa Silva.
A apresentação dos pratos é
bastante valorizada. Utiliza-se salsa, pitada de ketchup sobre uma
rodela de rabanete e outras variações para apetecer ao spasiano. E
o enfeite no prato não é mero elemento decorativo: "Vou comer
essa salsa", diz uma spasiana.
Os que estão numa dieta de 600
calorias, ao espiar o prato do
companheiro em regime de 300
calorias, considera sua refeição
um banquete. Os que recebem o
prato com metade das calorias dizem estar "satisfeitos" pelo momento. "Comemos com os
olhos", diz outra spasiana. Para a
nutricionista Luciana Valente Lima, o papel do spa é reeducar.
"Não é um quartel."
(MM)
Margarete Magalhães hospedou-se a
convite do Spa Med Guarujá
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