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BÚSSOLA
Com poucas novidades, setor tenta emplacar rotas com baixa procura; profissionalização é uma das causas de inércia
Ecoturismo vive estagnação em roteiros
JULIANA DORETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em terra cheia de palmeiras e
aves gorjeando como em nenhum
outro lugar, o ecoturismo deveria
ser tão farto em novos destinos
como a orla das praias em coqueiros. Mas o setor vive um período
de parcas novidades, em que as
principais apostas são a retomada
de velhos roteiros, cujas vendas
nunca levantaram vôo, apesar da
beleza natural.
"A origem do ecoturismo no
Brasil foi há uns 20 anos, com um
grupo de aventureiros, como eu,
que vêm perdendo o espírito desbravador e se transformando em
empresas. Antes, lançar um roteiro era uma curtição. Agora, tem
que ter lucro logo", afirma Maurício Lino de Almeida, proprietário
da agência Pisa.
Aliado à profissionalização das
agências, o turismo de massa,
com seus vôos fretados e os megainvestimentos hoteleiros, que
se apossam dos antes paraísos
quase desertos, é outro entrave à
inovação no setor.
Nesse cenário, fichas são lançadas em destinos que prometem
crescimento gradual, mas constante. O Jalapão é um deles. "É um
lugar inusitado, improvável. Um
deserto no meio de Tocantins.
Não há hotel nem pousada, mas o
acampamento não faz parte da
cultura do brasileiro, ao contrário, remete a um turismo de baixa
categoria. Tenho certeza de que
receberá infra-estrutura e será um
grande destino a partir de 2008",
afirma Edgar Werblowsky, diretor da Freeway.
"É um destino trabalhado pelas
agências desde 99, quando levávamos dez pessoas por ano para
lá. Agora, são cerca de 200 pessoas", completa João Ricardo Marincek, um dos proprietários da
Venturas & Aventuras.
Outro foco é a a Amazônia. "É
um mercado que está crescendo,
sobretudo os hotéis menores, focados em um modelo de turismo
sustentável", diz Renata Novaes,
gerente da Ambiental.
"O turista dá preferência também à exclusividade, a um atendimento mais personalizado. Pode
ser um barco com ar-condicionado, mas que faça paradas em comunidades ribeirinhas", emenda
Tatiana Almeida, consultora da
Cia. Nacional de Ecoturismo.
Ainda na região Norte, desponta o monte Roraima: "É uma expedição difícil, para quem realmente gosta de trekking, em tepuis, que são morros com topos
chapados", completa Almeida.
Nos roteiros rodoviários, contudo, o custo mais baixo incentiva
as viagens, e a inovação é maior.
Sobressaem como novas rotas as
cachoeiras de Prudentópolis
(PR), no Paraná, e Ilha Grande, no
Rio. "É um destino já conhecido
dos cariocas e que agora atinge os
paulistanos, com suas praias quase desertas", diz Eurides Mendes,
proprietária da Filhos da Terra.
Entre as apostas individuais das
agências estão a região da hidrelétrica de Paulo Afonso (BA), que
será comercializada pela Pisa no
segundo semestre, novas trilhas
no Peru, próximas a Machu Picchu, pela Venturas, e o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, no
Sul, e a Serra do Roncador, em
Mato Grosso, pela Freeway.
Bungee jump
Pelo desfiladeiro abaixo nas
vendas vai a Chapada Diamantina. "É um dos melhores destinos
de ecoturismo do Brasil, mas, pela
dificuldade de acesso, com tarifas
aéreas muito altas a partir de Salvador, as viagens se tornaram caras", explica Marincek.
Outra meca do ecoturismo nacional também já não é a mesma.
"Brotas está estagnada. Eles foram os precursores, mas não
trouxeram mais novidades", diz
Mário Neto, também da Pisa.
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