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ILHA DO TESOURO
Atividade pode ser alternativa à pesca da lagosta no arquipélago tombado como Reserva da Biosfera
Variedade de espécies estimula ecoturismo
DA ENVIADA ESPECIAL AO CHILE
"Um dos mais individuais e
surpreendentes ecossistemas do
planeta." É assim que o relatório
do projeto Aspaco (cooperação
do Pacífico para o uso sustentável
de recursos naturais renováveis
em reservas da biosfera da Unesco) descreve o arquipélago Juan
Fernandez. Resultado de uma
reunião feita em 2001, o relatório
prevê medidas para o desenvolvimento sustentável do local.
A razão que elevou o arquipélago de Juan Fernandez a parque
nacional do Chile em 1935 e Reserva da Biosfera em 1971 é o número de espécies que só existem
ali. Na flora local, das 215 espécies
nativas, 130 são endêmicas, ou seja, exclusivas da ilha.
Quem acha que encontrará uma
vegetação exuberante com visual
tropical está enganado. Devido ao
solo vulcânico, o arquipélago tem
vastas áreas sem vegetação, que
parecem desertos. Em outras
áreas, como nos vales por onde
correm rios, a cena é indescritível:
touceiras de flores são tão coloridas como variadas. Os buquês são
vistosos e o copo-de-leite é tão comum como o capim-cidreira.
A vegetação parece com a de locais como Nova Zelândia, Havaí e
Antártida. Segundo o relatório da
Unesco, sementes podem ter sido
trazidas por pássaros e pelo vento,
que ali é forte e causa acidentes
que viram lendas. Como em dezembro de 1999, quando um cisne
de um lago ao sul de Santiago chegou à ilha trazido pelo vento e voltou para casa de avião.
Entre as espécies de animais, a
situação é grave. O único mamífero sobrevivente da fauna nativa é
o lobo-do-mar (Arctocephalus
philippi). Apesar dos ataques patricados por caçadores desses animais, eles sobreviveram. Hoje, há
cerca de 20 mil nas ilhas.
Os pássaros também estão
ameaçados de extinção. O beija-flor-vermelho, espécie endêmica,
pode desaparecer: há cerca de 500
exemplares do pássaro ali.
A introdução de bichos como
ratos, cães, cabras e coelhos, trazidos pelos navegadores, causou
sérios prejuízos ao ecossitema local. As cabras e os coelhos foram
os mais destruidores: acabaram
com a vegetação de grandes
áreas. Hoje a caça desses animais
é estimulada pela Conaf (Confederação Nacional de Florestas).
Os planos para a ilha incluem o
estímulo ao ecoturismo e a alternativas à pesca da lagosta, principal fonte de renda local. O tipo de
lagosta que vive ali é capturado há
anos e pode sumir.
A intenção é encorajar a pesca
de outros frutos do mar, como o
polvo. O estímulo ao ecoturismo,
além de conscientizar visitantes e
ilhéus, deve ser mais uma alternativa à pesca da lagosta.
(HELOISA HELENA LUPINACCI)
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