São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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ILHA DO TESOURO

Atividade pode ser alternativa à pesca da lagosta no arquipélago tombado como Reserva da Biosfera

Variedade de espécies estimula ecoturismo

DA ENVIADA ESPECIAL AO CHILE

"Um dos mais individuais e surpreendentes ecossistemas do planeta." É assim que o relatório do projeto Aspaco (cooperação do Pacífico para o uso sustentável de recursos naturais renováveis em reservas da biosfera da Unesco) descreve o arquipélago Juan Fernandez. Resultado de uma reunião feita em 2001, o relatório prevê medidas para o desenvolvimento sustentável do local.
A razão que elevou o arquipélago de Juan Fernandez a parque nacional do Chile em 1935 e Reserva da Biosfera em 1971 é o número de espécies que só existem ali. Na flora local, das 215 espécies nativas, 130 são endêmicas, ou seja, exclusivas da ilha.
Quem acha que encontrará uma vegetação exuberante com visual tropical está enganado. Devido ao solo vulcânico, o arquipélago tem vastas áreas sem vegetação, que parecem desertos. Em outras áreas, como nos vales por onde correm rios, a cena é indescritível: touceiras de flores são tão coloridas como variadas. Os buquês são vistosos e o copo-de-leite é tão comum como o capim-cidreira.
A vegetação parece com a de locais como Nova Zelândia, Havaí e Antártida. Segundo o relatório da Unesco, sementes podem ter sido trazidas por pássaros e pelo vento, que ali é forte e causa acidentes que viram lendas. Como em dezembro de 1999, quando um cisne de um lago ao sul de Santiago chegou à ilha trazido pelo vento e voltou para casa de avião.
Entre as espécies de animais, a situação é grave. O único mamífero sobrevivente da fauna nativa é o lobo-do-mar (Arctocephalus philippi). Apesar dos ataques patricados por caçadores desses animais, eles sobreviveram. Hoje, há cerca de 20 mil nas ilhas.
Os pássaros também estão ameaçados de extinção. O beija-flor-vermelho, espécie endêmica, pode desaparecer: há cerca de 500 exemplares do pássaro ali.
A introdução de bichos como ratos, cães, cabras e coelhos, trazidos pelos navegadores, causou sérios prejuízos ao ecossitema local. As cabras e os coelhos foram os mais destruidores: acabaram com a vegetação de grandes áreas. Hoje a caça desses animais é estimulada pela Conaf (Confederação Nacional de Florestas).
Os planos para a ilha incluem o estímulo ao ecoturismo e a alternativas à pesca da lagosta, principal fonte de renda local. O tipo de lagosta que vive ali é capturado há anos e pode sumir.
A intenção é encorajar a pesca de outros frutos do mar, como o polvo. O estímulo ao ecoturismo, além de conscientizar visitantes e ilhéus, deve ser mais uma alternativa à pesca da lagosta.
(HELOISA HELENA LUPINACCI)


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