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CALIFÓRNIA 2003
Acervo do SF Maritime Park relata transformação de San Francisco, onde viviam menos de 50 pessoas em 1840
Infra da cidade preserva memória naval
DO ENVIADO ESPECIAL À CALIFÓRNIA
"The days of old/ The days of
gold/ The days of 49", ou algo que
se traduz livremente como "Os
velhos dias/ Os dias do ouro/ Nos
idos de 49": a história de San
Francisco -e, por extensão, de
toda a Califórnia- se confunde
de tal sorte com as histórias do
transporte naval, da imigração e
da pesca, que a cidade tem uma
infra-estrutura para preservar essa memória.
O San Francisco Maritime Park
(www.nps.gov/safr), que abriga
um dos melhores museus marítimos dos EUA, instalado num prédio art déco no canto do Fisherman's Wharf, tem farta documentação fotográfica, partes de
barcos e maquetes, estátuas de
proa, objetos artísticos de marfim
e madeira feitos a bordo por marinheiros e suas famílias e até uma
sala de radiocomunicação.
Lembrando a parte superior de
um navio, ornamentado com pinturas e mosaicos que aludem ao
fundo do mar, o museu não cobra
entrada, funciona diariamente
das 10h às 17h e fica diante da baía,
no número 900 da Beach Street
(tel.: 00/xx/1/415/561-7100).
A visita desvela a transformação
de Yerba Buena em San Francisco, inicialmente povoado sonolento onde, às vésperas do início
da Corrida do Ouro, em 1848, não
viviam nem 50 pessoas.
O museu marítimo também
mostra que em 1849 a cidade já tinha 2.000 habitantes, homens em
sua maioria, e um porto que recebia, de uma só vez, 200 veleiros
oceânicos, os clíperes.
Singelo à primeira vista, o acervo do museu marítimo testemunha essa virada com documentos
e fotos, tentando comprovar que
nunca, desde as Cruzadas medievais, houve movimento comparável de pessoas. Relatos de então
mostram que o porto logo se tornou uma babel de nacionalidades.
No segundo andar, o museu
mostra como os barcos mercantis
e de pesca evoluíram nessa era de
"El Dorado". Representando uma
revolução no mar, os clíperes, veleiros longos de vários mastros e
popa arredondada, faziam então
em 182 dias o percurso entre San
Francisco e o Extremo Oriente.
Até Nova York, a viagem levando
carga durava 89 dias.
San Francisco também foi o
mais importante porto baleeiro
entre 1875 e 1900, quando veleiros
foram paulatinamente substituídos por barcos a vapor, possibilitando a pesca no Pacífico Norte e
no Ártico -e o museu mostra como carpinteiros de barcos logo viraram armadores de renome.
Viagem no tempo
Diante do museu, o píer de
Hyde Street, aberto das 9h30 às
17h, é o atracadouro para barcos
do acervo do San Francisco Maritime Park. A entrada é gratuita
para o píer, construído em 1922
para embarque de carros que iam
de balsa a Sausalito, na época em
que a Golden Gate não existia. Só
a visita aos barcos é cobrada.
Entre os veleiros, está o Balclutha, que fazia em 1886 a rota América do Sul-San Francisco em 140
dias. O veleiro, que também navegou com os nomes Star of Alaska
e Pacific Queen, integra o acervo
desde 1954.
O conjunto inclui ainda livraria,
loja de objetos e a Maritime Library, biblioteca no prédio E do
Fort Mason Center (tel. local 561-7030).
(SILVIO CIOFFI)
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