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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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CALIFÓRNIA 2003

Acervo do SF Maritime Park relata transformação de San Francisco, onde viviam menos de 50 pessoas em 1840

Infra da cidade preserva memória naval

DO ENVIADO ESPECIAL À CALIFÓRNIA

"The days of old/ The days of gold/ The days of 49", ou algo que se traduz livremente como "Os velhos dias/ Os dias do ouro/ Nos idos de 49": a história de San Francisco -e, por extensão, de toda a Califórnia- se confunde de tal sorte com as histórias do transporte naval, da imigração e da pesca, que a cidade tem uma infra-estrutura para preservar essa memória.
O San Francisco Maritime Park (www.nps.gov/safr), que abriga um dos melhores museus marítimos dos EUA, instalado num prédio art déco no canto do Fisherman's Wharf, tem farta documentação fotográfica, partes de barcos e maquetes, estátuas de proa, objetos artísticos de marfim e madeira feitos a bordo por marinheiros e suas famílias e até uma sala de radiocomunicação.
Lembrando a parte superior de um navio, ornamentado com pinturas e mosaicos que aludem ao fundo do mar, o museu não cobra entrada, funciona diariamente das 10h às 17h e fica diante da baía, no número 900 da Beach Street (tel.: 00/xx/1/415/561-7100).
A visita desvela a transformação de Yerba Buena em San Francisco, inicialmente povoado sonolento onde, às vésperas do início da Corrida do Ouro, em 1848, não viviam nem 50 pessoas.
O museu marítimo também mostra que em 1849 a cidade já tinha 2.000 habitantes, homens em sua maioria, e um porto que recebia, de uma só vez, 200 veleiros oceânicos, os clíperes.
Singelo à primeira vista, o acervo do museu marítimo testemunha essa virada com documentos e fotos, tentando comprovar que nunca, desde as Cruzadas medievais, houve movimento comparável de pessoas. Relatos de então mostram que o porto logo se tornou uma babel de nacionalidades.
No segundo andar, o museu mostra como os barcos mercantis e de pesca evoluíram nessa era de "El Dorado". Representando uma revolução no mar, os clíperes, veleiros longos de vários mastros e popa arredondada, faziam então em 182 dias o percurso entre San Francisco e o Extremo Oriente. Até Nova York, a viagem levando carga durava 89 dias.
San Francisco também foi o mais importante porto baleeiro entre 1875 e 1900, quando veleiros foram paulatinamente substituídos por barcos a vapor, possibilitando a pesca no Pacífico Norte e no Ártico -e o museu mostra como carpinteiros de barcos logo viraram armadores de renome.

Viagem no tempo
Diante do museu, o píer de Hyde Street, aberto das 9h30 às 17h, é o atracadouro para barcos do acervo do San Francisco Maritime Park. A entrada é gratuita para o píer, construído em 1922 para embarque de carros que iam de balsa a Sausalito, na época em que a Golden Gate não existia. Só a visita aos barcos é cobrada.
Entre os veleiros, está o Balclutha, que fazia em 1886 a rota América do Sul-San Francisco em 140 dias. O veleiro, que também navegou com os nomes Star of Alaska e Pacific Queen, integra o acervo desde 1954.
O conjunto inclui ainda livraria, loja de objetos e a Maritime Library, biblioteca no prédio E do Fort Mason Center (tel. local 561-7030). (SILVIO CIOFFI)

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