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CURITIBA À VISTA
Mostra com 62 gravuras homenageia artista que teria feito 80 anos em março
Poty traça o desenho da alma local
DO ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Quando em outros pontos do
país se pensa em artistas curitibanos, quase sempre acaba prevalecendo a literatura, catalisada pelo
poeta "cachorro louco" Paulo Leminski (1944-89) e pelo vampiro
minimalista e contista Dalton
Trevisan. É no campo das artes
plásticas, contudo, que se encontra um dos mais queridos realizadores locais: o desenhista, ilustrador, muralista e gravador Poty.
Morto em 1998, Napoleon Potyguara Lazzarotto completaria 80
anos em 2004. A efeméride inspira "Poty em Evidência", exposição que reúne 62 gravuras e que se
estende até o dia 18 de julho no
curitibano Museu Metropolitano
de Arte (MuMa).
Não são só as instituições públicas, as galerias e as paredes de colecionadores que guardam, entretanto, obras do artista, nascido no
mesmo dia em que foi fundada a
capital paranaense -29 de março. Ao flanar pelas ruas de Curitiba, sobretudo pelas do centro, deparar um trabalho de sua lavra se
torna inevitável. E é raro mencionar o seu nome a um curitibano e
não ouvir uma resposta ufana.
Relativamente pouco conhecido no resto do Brasil, Poty se deixa exibir nos espaços públicos de
sua terra. Estão lá, por exemplo, o
alto-relevo da fachada do teatro
Guaíra e os azulejos do painel do
conjunto escultural da praça 19 de
Dezembro, inaugurado por ocasião do centenário da emancipação política do Paraná, em 1853.
Merece menção ainda o mural da
travessa Nestor de Castro, próxima à praça Tiradentes.
Acervo
No começo de sua carreira, Poty
foi bastante incentivado por seu
pai, Isaac. Sua mãe, Julia, outra
descendente de italianos, desempenhou papel importante. Ela era
dona de um restaurante, o Vagão
do Armistício, onde se servia um
risoto que atraía a intelectualidade do lugar. O interventor do Estado no período, Manoel Ribas,
ali travou contato com o trabalho
do jovem e lhe concedeu uma bolsa para estudar no Rio de Janeiro.
Lazzarotto freqüenta a Escola
Nacional de Belas-Artes e ganha
uma medalha de bronze em pintura no Salão Nacional de 1942. A
partir daí, começa a expor e a colaborar com jornais e revistas. Ganha mais uma bolsa de estudo
-desta vez, para completar a sua
formação em Paris, entre 1946 e
48. Nos anos 50, participa das três
primeiras bienais paulistanas em
1951, 53 e 55.
Sua trajetória artística, ao longo
dos anos, ligou-se à ilustração de
livros de alguns dos principais escritores brasileiros -Guimarães
Rosa, Jorge Amado, Graciliano
Ramos etc. Sua obra tem momentos "engajados" e momentos nacionalistas. Oscila também entre
o preto-e-branco e a cor.
Em 1985, em virtude da morte
da mulher, Célia Lazzarotto, Poty
doou o seu acervo, composto por
aquisições, permutas e presentes,
à prefeitura.
Há cerca de cem obras de Djanira, Portinari, Pancetti e Guignard,
entre outros, periodicamente expostas ao público e, quando guardadas, passíveis de serem estudadas por pesquisadores.
(PEDRO IVO DUBRA)
Museu Metropolitano de Arte de Curitiba - Av. República Argentina, 3.430;
tel.: 0/xx/41/314-5065. Entrada franca.
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