UNDERGROUND Ir ao mercado pode render não somente compras inusitadas mas também tatuagem e piercing

ANTONIO ARRUDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Microcalcinhas com a estampa da bandeira da Inglaterra, bolsas Prada, Gucci, Diesel (originais e falsificadas), pulseiras de couro com pontas de metal, o último CD do DJ mais top da cena mais underground de Londres, broches, piercings, tatuagens, botas, vibradores, mais couro, sacolas com histórias em quadrinhos, "pop art" em tecidos pesados, chaveiros de bondes, lingeries eróticas, roupa de enfermeira e de bombeiro, porcos sadomasoquistas.
Entre um vão e outro das barracas, encontrando brechas no meio da profusão de produtos, cabelos espetados coloridos e rostos perfurados, os punks, as meninas de meia arrastão e os típicos adeptos da cena clubber circulam, mostrando que ali, no Camden Market, são os londrinos, não os turistas, os seus principais freqüentadores. Detalhe que faz com que a visita valha ainda mais a pena.
Jovens à procura de uma nova tatuagem, do som do momento ou de um saquinho de haxixe (sim, a Big Brother chamada Londres, com suas câmeras em cada esquina, fecha os olhos para a venda "legal" de pacotinhos, dos pirulitos e dos doces de cânabis).
Mas a divisão do que se oferece e do que se procura é, digamos, nítida e civilizada. As compras são feitas sem que o turista se sinta incomodado com o comércio paralelo.
Fique atento: a maior parte dos comerciantes asiáticos (aqueles que mais vendem as Pradas falsificadas) não permitem a intromissão da máquina fotográfica sobre as etiquetas de seus produtos e fazem cara feia diante de qualquer aproximação mais íntima.
Até por isso, estar no Camden Market é conhecer a Londres que há por trás da rainha. O mercado consegue ser uma espécie de retrato do que é a cidade: vibrante, colorida, radical, exagerada, louca, dinâmica, alegre, livre e agressiva.


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